A velhice parece cinzenta Quando da vida Não soubemos captar um arco-íris
O relógio É uma máquina de jogos viciada - O tempo ganha-me sempre
Usando a paleta das cores Só um poeta saberá Pintar a transparência do silêncio
Morando perto da igreja Aprendemos a ignorar O badalar dos sinos
O girassol é um relógio Que não reconhece As horas noturnas
Tapada a vala e o que somos Ficará à superfície Aquilo que fomos
Caminho recolhendo A minha sombra Até que ela se esgote
A memória é um desfiladeiro Por onde correm as águas Na ausência das chuvas
Esperando os deuses ou a chuva O homem vira-se para o céu Esquecendo o seu lugar no chão
O homem é feito com a chama Do lume do lugar onde nasceu Por isso esse chão o reclama como cinza
O poema é um puzzle Que se reconstroi no chão Com o imaginário das palavras
Aprende a decifrar os gestos Que acompanham as palavras E descobrirás as ideias ocultas
Quando o mundo Se representa de ângulos diferentes Nasce a poesia das imagens
Só os poetas livres Detêm a arte alquÍmica Para fabricar o ouro das palavras
Poesia é saber sentir O silêncio como se fosse A pureza da música
Ser optimista é voltar-se para o nascente ao fim da tarde e usar um espelho para ver o pôr do sol.
Ajude-nos a manter vivo este espaço de descoberta e reflexão, onde palavras tocam corações e provocam mudanças reais.