A verdade é uma equação
De várias incógnitas conjugadas
Ignorando os algoritmos possíveis
Se consegues caminhar
Sem deixar rastos
Duvida da tua existência
A metáfora é uma semente
Em que se desconhece o código
Da potencialidade da árvore cativa
Esperando os deuses ou a chuva
O homem vira-se para o céu
Esquecendo o seu lugar no chão
Como as lágrimas nas faces
Não são de água pura
Ficarão vestígios de sal na pele
Rastejando como camaleões
Jamais teremos cor fixa
Ou ausência de sombra
Sê duro como a pedra
Macio como a água
E flexível como o vento
As pérolas que buscas nas ostras
Talvez possam ser encontradas
No interior dos teus olhos
Quando caminhares
Na floresta brava
Aprende o nome das flores
Planta o que aprendeste
E multiplicarás
A seara dos teus conhecimentos
A medida das incertezas
De todas as coisas
Tem o homem como bitola
Tal como os frutos do medronheiro
Os poemas só devem ser bebidos
Depois de fermentados
Aprende a decifrar os gestos
Que acompanham as palavras
E descobrirás as ideias ocultas
Nem todas as vozes
Têm o dom de produzir ecos
- Os poetas são mestres dessa arte
Pintar com palavras
Requer uma paleta
Com sonhos de todas as cores
O corpo de uma mulher
É um código de barras
Transformadas em curvas
O teu berço
Será sempre a maior cama
Aonde te deitaste
Fiquei petrificado ao mirar-te
E agora sou rocha na praia
Esperando que voltes
O saber é como as bonecas russas
Por fora de uma haverá sempre outra
De maior dimensão
Poderás oferecer uns binóculos a um ignorante
Mas ele irá continuar a ver
Apenas as pontas dos sapatos