Coleção pessoal de ferasil
Lembre-se não só de dizer a coisa certa no lugar certo, mas ainda muito mais difícil, de não dizer a coisa errada no momento de tentação.
Um intelectual é um homem que diz uma coisa simples de uma maneira difícil; um artista é um homem que diz uma coisa difícil de uma maneira simples.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado. E é assim que perdemos pessoas especiais.
É muito difícil fazer sua cabeça e
seu coração trabalharem juntos.
No meu caso, eles não são nem amigos.
(Crimes e Pecados)
A luta contra a criminalidade organizada é muito difícil, porque a criminalidade é organizada, mas nós não.
Viver (...) é muito perigoso. (...) Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo. (...) Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e se abaixa. (...) O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto; dificultoso, mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até no rabo da palavra.
Lavoisier
"Nada se perde, tudo muda de dono" - tardia reflexão de Lavoisier ao descobrir que lhe haviam roubado a carteira.
Chega uma hora em que a solidão que o outro lhe dá, bate com a sua falta de vontade de permanecer. E é nesse instante que chega a hora de ir embora. Porque nem a presença inteira e crua iria satisfazer ou caber nesse infinito que se criou na espera. E esse todo, que até então era tanto, torna-se nada.
Quantos silêncios cabem no sentimento de não sentir nada?
Mais nada?
Um dia inteiro pela frente... não saber quando será o último é que torna a vida tão especial. Ter a chance de viver cada um como de fato é: único... de viver cada capítulo com graça e sentimento... de ser coautor da própria história, podendo melhorá-la aqui e ali e torcendo para que o Autor principal goste das nossas sugestões e ideias a ponto de criar um epílogo com final feliz...
São tantas histórias e caminhos...tantas pequenas decisões que alteram o curso de uma vida. Rostos novos, sonhos antigos...e nas pontas dos dedos, sempre um amigo. Aquele que confia...e que em tua alma não se ausenta, não sucumbe no tempo...aquele que o destino entrelaça no teu, que chora e sorri tuas emoções como se fossem dele...o amigo que a vida pode tirar e a eternidade devolver...quem tem amigo assim, não teme a encruzilhada da vida.
É fácil escrever, quando as letras são sentimentos de um alfabeto inteiro de consoantes tocando, agarrando, abraçando vogais, num desejo quase insano de se fazer entender...
Se todos os sentimentos habitam em nós, bem que poderiam vir acondicionados em pequenos frascos organizados e rotulados. Se assim fosse, cada um receberia exatamente o sentimento que estava em busca ao abrir a tampa certa. Mas não, nem sempre recebemos o que buscamos e, por vezes, não distribuímos o que se espera de nós também... Somos todos vulcões repletos de sentimentos feito lava... quentes, misturados e confusos. Não há como detê-los... não depende de nós. Não, não temos o controle... Temos, sim, é a ilusão de que podemos decidir o que sentir... mas como todo e qualquer sentimento é despertado por algo ou por alguém, estamos sempre sujeitos a eles... quentes, misturados e confusos! E a menos que nos tornemos ilhas, sempre correremos o risco de magoar... e sermos magoados por alguém. O resto é paisagem...
O tempo que você perde por lamentar uma porta fechada é o precioso tempo que você deixa de se abrir para o novo em sua vida. E, pode acreditar - quando você decide olhar além, os sinais para os novos passos vêm rapidamente.
Chaves Tortas
Porta fechada
Abra com chave
Chave da porta
Da alma, do coração
Pessoas abrem portas
Cerradas, abertas
Chaves compartilhadas
Alguém coleciona chaves
E gosta do por- do -sol
Desapareceu em um deles
Deve gostar mais do por- do -sol
Do que de chaves
Fatia de doce
Torta de chocolate
Torta de morango
De pêssego sempre sobra
Pessoas fazem escolhas
Não é culpa da torta
Amargo como fel
Pessoas fecham as portas
Pedem as chaves de volta
Devolvem sem volta
Dizem adeus a alguém
Que nunca imaginavam
Viver sem
Pessoas se perdem
Ficam paradas
Esperam ser procuradas
Almejam ser encontradas
Quem as procurava
Se perderam no caminho
Sobrou torta
Troca a chave
Fecha a porta
Quando te separares de um amigo, não te preocupes, pois o que tu amas nele pode tornar-se mais claro com a sua ausência, assim como para o alpinista a montanha aparece mais clara vista da planície.
Eu te amo. Mesmo negando. Mesmo deixando você ir. Mesmo não te pedindo pra ficar. Mesmo não olhando mais nos teus olhos. Mesmo não ouvindo a tua voz. Mesmo não fazendo mais parte dos teus dias. Mesmo estando longe, eu te amo. E amo mesmo. Mesmo não sabendo amar.
Dezessete
Enquanto o tempo zomba da minha saudade,
eu me deleito em desejos intensos, sedentos, ávidos, incompreendidos...
Que vontade de te beijar,
de sentir teu corpo numa brisa leve.
Ando pela metade,
buscando incessantemente em cada acorde, em cada melodia
aquela tarde de sol a pino,
onde por alguns segundos
tornamo-nos um só.
A música soava rente a nossa pele,
e eu só queria que o tempo parasse naquele instante
pra eu poder te guardar nos meus versos
e te buscar a todo instante.
É impossível que teu cheiro
não permaneça estampado em mim,
que teus verdes olhos não ofusquem
tudo o que eu não queria sentir,
mas sinto.
A luta diária para que tu
não invadas terminantemente os meus sentidos,
enjaula todo o meu ser
que grita obcecadamente,
por um dia que não volta.
Depois daquela tarde
nada mais ficou no lugar.
Os teus segredos que tanto eu temia
já não me tem importância,
nessa atual e relevante vida.
Inevitavelmente prendo-me em oração
para que de alguma forma meu corpo,
não se perca de ti...
Singrando e sangrando
Quando parto de mim mesmo
Pra navegar em teu barquinho
Perco-me de mim no caminho
Nesse sem fim navego a esmo.
Sem saber se vou te encontrar
Singrando nos mares do amor
Não sou mais que um remador
Que passa horas e dias a remar,
Sem direção pra nenhum lugar
Atraco vazio no porto coração.
Depois da viagem sem chegar
De navegar e navegar a esmo
Sem achar ancoradouro então
Volto ao porto de mim mesmo.
Timidez
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras distantes...
- palavras que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
- e um dia me acabarei.