Coleção pessoal de fannycrm
Fiz como tinha prometido e deitei com a cara no travesseiro, esperando o mundo cair. Já fiz isso algumas vezes na vida, e sempre acho que vai ser a última vez, mas nunca é.
Eu também já tive treze anos e gostei de alguém. Também achei que o mundo fosse acabar se eu não ficasse com tal guria, e que eu nunca mais ia conseguir gostar de tanto de alguém quanto eu gostava dela. Acho que quanto mais novo, tu é mais inocente e mais iludido com essas coisas.
Não gosto de muita aproximação. Com ninguém. Não gosto que encostem muito em mim, nem que me abracem, que fiquem me pegando enquanto conversam comigo. Não gosto que me façam perguntas pessoais. Não gosto que me façam perguntas, na verdade. E juro que não é frescura, eu só não gosto. O mundo já tá muito cheio de gente e cada um tem um mínimo de espaço pra ocupar. Só quero que respeitem o meu.
Foi-se o tempo em que a gente precisava ouvir essas coisas e ficar quieta. Eu não admito moleque idiota, criança e nojento falando comigo como se eu fosse qualquer coisa. Eu não sou qualquer coisa. E mesmo se eu fosse qualquer coisa, não deixaria ele falar assim comigo.
Acho que falta um pouco de tragédia na vida das pessoas pra elas começarem a ver o que é não conseguir viver sem tal coisa.
É engraçado como eles mostram os produtos de um jeito que te faça sentir que precisa deles. É pra isso que as pessoas trabalham. Pra comprar umas coisas idiotas que nunca vão usar. Não sou uma das melhores pessoas que conheço, mas tenho orgulho por não dar a mínima pra esse bang de dinheiro.
Fred: Escolha viver, escolha um emprego. Escolha uma carreira, uma família. Escolha uma televisão enorme, lavadoras, carros, CD players e abridores de latas elétricos… Escolha saúde, colesterol baixo e plano dentário. Escolha uma hipoteca a juros fixos. Escolha sua primeira casa. Escolha roupas esporte e malas combinando. Escolha um terno numa variedade de tecidos. Escolha fazer consertos em casa e pensar na vida domingo de manhã.
Se tu não for minha namorada, então não quero que tu exista, cara. Não dá pra saber que tu tá por perto e não te ter perto de verdade.
Se minha vida fosse um filme, depois da formatura os créditos subiriam na tela. Era mesmo um futuro bem incerto, mas eu não tava a fim de pensar naquilo. Uma das poucas coisas que ouvi meu pai dizer foi que a nossa geração nunca pensa muito longe, só na semana que vem, no amanhã, na festa do sábado. Talvez ele estivesse certo, mas quem se importa?
Fred: Tu prefere coca quente ou água sanitária?
Matt: Coca quente, óbvio.
Fred: Coca quente ou água de danone?
Matt: Água de danone?!
Fred: É, quando tu abre o danone, aí fica aquela água em cima. Água de danone.
(...)
Fred: Água de danone ou água de bolha?
Eu: FRED, CALA A BOCA UM POUCO!
Luc: Quantas coisas tu já fez de errado só hoje?
Olhei pra ele. Muitas. Já acordei errado, sou errado, to no lugar errado, hora errada, fazendo tudo errado, sempre.
O Luc respeita o silêncio dos outros, e isso é muito admirável. Não sei porque as pessoas insistem em falar tanto, o tempo todo. Um momento desses tem muito mais cumplicidade do que se ele tivesse ficado me dando tapas nas costas e me consolando.