Coleção pessoal de FabricioHundou
FRUTOS DA IMAGINAÇÃO
sem fome de algo
sacio-me y
digiro boquiaberto
o que provei no pomar
dos frutos da tua
imaginação
HORÁRIO DE PAIXÃO
Dou-lhe beijos
demorados - assíduos
em atrasos até que
as línguas percam as
horas em paixões
sem con(fusos)
horários
CARROCÉU
Vela que amarela (o verbo)
Rejunta cores em meus ventos
Alecrim alfineta - Oyá qu'exala:
É na gira qu'eu acho o
Meu
centro
ECLIPSE SAGITÁRIO
Onírico: eis minha força motriz
em cada palmo de crina
só em beleza me embalo
Cavalgo céu a dentro
e sendo arqueiro - de impulso adestrado -
atiço eclipse
sol y lua
em
Sagitário
MARÉ ALCALINA
Calma
Calmaria
Teu cangote: camomila
Com a alma
Calefação, ar rarefeito
Maracujá cuja calma
Há
Levezas de Maria (calmaria)
Cafunés de minha mãe
Cachoeira em meu dorso
Água, chá, abraço ou sopro
Y na fobia - ou roer de unhas
Qu'eu me embrase
Na azia de baleias
A maré alcalina
Toca meu barco -
Odoyá, em teu mar
me
receba
O JANE-IRO-
Teus dedos
dedos de figo, topázio y malagueña
verão,
carnaval em jardins
O Corcovado em teu dorso
o arqueiro cavalga na Lapa
- arcos de íris -
circunflexos, vossos gemidos são preces
Epa babá! quara (o sol) em tuas asas
voltei outro,
toquei harpa em teus fios
tenho fiapos das mangas
da tua flora-blusa de chita
só Guanabara já sabia
meu nado contigo: sincroniza o sismo
podem mar y rio
ser simbióticos
quando dançam
com
liberdades
de
rimar
ALGUM CANTO
ainda que longe
planalto de Todos Los Santos
hei de me anelar
na tua griz juba
ser sol, sal y chuva
tatear a tua beleza
piano em teu riso
tu-eu (o banzo)
eu-tu (encantos)
afetados
n'algum
canto
MANDACARU DE SAUDADE
Mandáááá-carú
Ou manda sol
Ou, logo, logo,
tu
Mandacaru
Saudade tua
Espinheira bonita
Nunca vi o dia acabar
Mandacaru
Valhe-me toda a fé y riso
Valei-me, Oxossi
Ele é de Odoyá
Mandáááá-carú
Ou manda sol
Ou, logo, logo,
tu
Mandacaru
Teus braços se alevantam
Pr'algo (plural) tão divino
Pacto ou cacto
Se aceitei: bem sei
Fiquei torpe contigo
Quando eu der flor
Volte pra me
Cheirar
AVIÃO-GIZ
Há mais labra
no teto desta cidade
y o maior risco
que há no céu é feito de avião-giz
registro de minha
perniciosa
liberdade
TARTARUGA
cada vez ligeiro
eu me pego mais
num desejo besta
de ser tartaruga...
jabuti
ter mosaico em
meu casco
mastigar sem pressa
sentir chão frio
um tal colchão quente
y carregar o peso
da minha fleuma
deixar que lebres
seam libres
como
vos
ARPETITE
Não te queixes
se meu queixo esfoliar
teu cangote
ou caso os dentes y sisos
cocem longe
da maciez
que há (ar)
em
você
IDADES NOVAS
"A busca de novidade não pode ser tão somente movida pela predisposição a algo novo. Sobretudo, também é inovação a maneira como entendemos nossas fugas diante do que temos, repensar vivências superficiais, tal como lidamos com a dispersão de nossos sentidos. Aplicada neste contexto, não tem a ver com inércia. Mais tem a ver com a velocidade que aplicamos aos nossos carros invisíveis de desejos vazios. Para além, veja que reciclagem - tal como posta a palavra - nos dá autonomia para reinvenção de ciclos, ora nossa capacidade cognitiva se amplie conforme damos mais sensopercepção para si y para outros. E, em direta citação, repensemos que "se está em tédio consigo mesmo, pode ser sinal de má companhia".
QUEM TE MANDOU
Das frestas que enrugam paredes (umas quatro)
às quinas - linhas da minha testa...
Penso-lhe: há tempos sinto
Y lunações é donde mais
me entrego
que saudade de tu é gênio que vibro
mo' d'Oxalá
guiar
Preto meu,
malandral lhe vista y benza
paz
pro nosso
amor
passar
JANELA JÁ NELE
Por onde eu te vejo
São olhos de desejos
Que no alto
dum terceiro andar
Paixão já é tanta
Que nem se sabe
pr'onde a vírgula
Foi
Par,ar
COMPOSTAGEM
Faça da sua vida uma postagem
Faça uma postagem da sua vida
Faça da sua postagem uma vida
Faça uma vida da sua postagem
Aposte sua vida
Aposte sua vida
Poste
Vida