Coleção pessoal de fabiohme

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E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás... Seremos...

Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.

Os lugares-comuns, as frases feitas, os bordões, os narizes-de-cera, as sentenças de almanaque, os rifões e provérbios, tudo pode aparecer como novidade, a questão está só em saber manejar adequadamente as palavras que estejam antes e depois.

Poema à boca fechada

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

Dirão, em som, as coisas que, calados, no silêncio dos olhos confessamos?

De que adianta falar de motivos, às vezes basta um só, às vezes nem juntando todos.

Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais.

Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.

Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.

O perigo desaparece quando ousamos enfrentá-lo.

Irritamo-nos menos por causa da ofensa recebida do que por causa da ideia que fizemos de nós próprios.

Não gostar do que tem e querer o que não tem - é a história de todos os homens.

Desprezo

Esta alma que insultaste se revolta!
Em sua viuvez erma e vazia
Nem sombra guardará de tua imagem
Tanto amor que por ti ela sentia.
Não há de lhe arrancar, nem mais um canto,
Que não seja apagado por meu pranto.
Como a flor a beleza loga murcha;
A tua há de murchar em poucos anos;
Quando a ruga da face anunciar-te
Da velhice aos tristes desenganos
Quando de ti já todos esquecidos
Nem te olharem, meus versos serão lidos.
Talvez um dia o mundo caprichoso
Procure, nobre dama, algum vestígio
Da mulher que meus livros inspirava;
Não achará porém de teu fastígio,
Senão traços de lágrima perdida
Arcano d'uma dor desconhecida.
O tempo não respeita altiva fronte
A riqueza, o brazão, tudo consome.
Um dia serás pó e nada mais;
Ninguém se lembrará nem de teu nome;
Mas para que de ti reste a memória,
Mulher, no meu desprezo eu dou-te a glória.

Se duvidamos do coração da mulher, não temos ocasião para classificar o seu rosto.

Toda a instituição passa por três estágios - utilidade, privilégio e abuso.

Depois da liberdade desaparecer, resta um país, mas já não há pátria.

Os bens da Terra apenas servem para escavar a alma e aumentar-lhe o vazio.

Somente o tempo diz, que confiança é vidro, que ganância é pedra, que desprezo é arrependimento, que ilusão é tombo, que mentira é espelho.

A ninguém te mostres muito íntimo, pois familiaridade excessiva gera desprezo.

O desprezo é a única coisa que vence uma mulher altiva.