Coleção pessoal de Ezhequiel
CONSELHOS
Não chore os planos desfeitos
não lamente as promessas extintas
pois tua imagem amanhã
é o quandro que hoje tu pintas.
Não culpe o sol por queimar
as flores com o seu verão
com desdém tu o hás de perder
no dia da escuridão.
Não grite ao mundo tua mágoa
em silencio algo podes dizer
pois quem em silencio te ama
com gritos o podes perder.
Não entre em caminhos estranhos
o medo te pode seguir
e se este em mãos porta um laço
virá para então te ferir.
Não curve o seu coração
pra letras que são de mel
algumas tem suas algemas
ocultas tornam-te um réu.
Mas quando tua alma em luzes
perder dos pés o sustento
se o teu coração acelera
pulsando voraz como fera
encerre-o, o amor está dentro.
CONTRATEMPOS
Quando a geleira ofuscante
a nossa vida cercar
trazendo um peso ofegante
como as ondas do mar
se te faltar um conforto
queira minha mão segurar.
Quando a carencia do inverno
em sua porta vier
e um toque de um sino, eterno
as más lembranças trouxer
me abrace bem apertado
eu estarei com voce.
Quando essa chuva infinda
e o vento que vai surgir
causarem-te medo ainda
e tal tempo te iludir
ouça-me suavemente
ainda não te esqueci.
Quando olharmos pra o tempo
passado de aflição
de marcas e desatinos
e os erros na contramão
então vencemos e
somos
dois em um só coração.
AMIGOS
Pessoas como anjos sem asas
não voam mas sabem amar
conhecem das flores a essencia
na ausencia de algum abrigo
um amigo te pode ajudar.
Quantas vezes no meu aconchego
um medo minha alma invadiu
e quando uma perca chorei
de alguém que amei e partiu
estavas presente, Querida
amiga que Deus permitiu.
Eu olho o passado distante
as nossas doces brincadeiras
a felicidade do instante
de tuas alegres maneiras
teus olhos mostravam-me luz
de amizade verdadeira.
A vida então transportou-nos
a este futuro chegado
passamos momentos tão belos
que em meu coração tá guardado
eternos momentos que trago
que nunca viraram passado.
Hoje, confesso realmente
minha alma, meu ser, tudo é grito
há um pulsar suavemente
e um outro que está tão aflito
o choro eu detenho lembrando
o nosso amor tão bonito.
Viaje querida, viaje
por onde o Senhor te levar
que Este em cuidados te guarde
onde voce repousar
meus braços em calor te esperam
pra quando voce retornar.
Por tudo que já passamos
e tudo que vamos viver
por tudo que já amamos
olhar, sentir e fazer
guarde em tuas memorias
e nunca as deixe morrer.
Este tão simples poema
que em versos eu escolhi
entrego-te pra que lembres
que é triste ver-te partir.
(Em sua homenagem, este simples poema, não é tudo que mereces, mas assim como voce, este leva tudo que eu tenho em meu coração. UMA VERDADE, UMA HISTÓRIA, UMA VIDA.)
MAR
Havia um imenso mar
mar bravio, tão gelado
mar sem vida, triste mar
num universo plantado
mar de dor, mar de aflição
de derrota, de ilusão
de um pranto derramado.
Havia uma pequena fonte
uma gota simplesmente
que cruzava os horizontes
de um subconsciente
a gota virou riacho
que alargando fez se rio
e estas multiplicando
tornou-se um mar bravio.
Havia um imenso mar
taciturno, tão deserto
escuro, avassalador
nada havia ali por perto
era um simples mar tristonho
sem a mínima atenção
de um rosto que risonho
encontrou a solidão.
Havia um imenso mar
que da tristeza surgiu
pelas veredas passara
enfim então sucumbiu
mar que surgiu de um olhar
num triste pranto cresceu
que te formastes, oh mar?
-foi o amor que morreu.
VIDA DE PEÃO I
Vem raiando o dia, a aurora a despontar
Desperta o galo “campina”. é hora de levantar
Calço as “butina inda suja”, da noite passada
E tomo um preto selvagem,
pra encarar a alvorada.
Vida de peão rotineiro, e batalhador
Enfrenta solos agrestes deste interior
Lamenta o cheiro brejeiro que ficou pra trás
E um gosto de um beijo ardente
Do seu grande amor.
Um grito grosso de um berrante acende
Na madrugada ao alazão surpreende
A energia solta e leve na brisa
Essa paixão desse peão ameniza
Antes que venha a noite, vê os amigos
Conta estórias, relembra os perigos
As voltas dadas ao redor deste mundo
E os desafios dos oito segundos.
Com seu chapéu trinta x é agora
Olhar do touro diz que esta é a hora
E na arena aquela que o desprezou
Tão linda ainda faz lembrar uma flor
Momentos duros de pura emoção
O velho amor martela o coração
e desligado do rodeio é o fim
quando sem pena o boi derruba o peão.
UMA VEZ APAIXONADO
Ponto, apenas este
Que aponto o meio
Do meu papel
É um desenho pintado
Um caracol bem bordado
Ou uma banda do céu,
Qualquer coisa neste ponto
Estado do coração, que
Uma vez apaixonado
É o doce som da canção.
Mas, ninguém ouviu o canto
Não há um som por aqui
Se ver apenas gravado
no rosto que afagado
a nota que vai surgir.
UM POUCO SOBRE O AMOR
Como explicar o amor?
Nenhum dos mais renomados poetas conseguiram medir o amor,
e por esta razão disseram que ele é infinito,
e tentando se esquivar de algumas verdades acabaram
titulando com outras esse sentimento tão discutido.
Eu pra ser sincero, não tenho idéia do quão grande ele é,
mas sei que por mais que seja tão dificil de explicar esta fonte,
ele é único e suas características são como a mente das crianças,
embora no começo seja tão limitado,
a tendência é se abranger intensamente,
tendo este o seu devido nutriente.
TODA MULHER
Toda mulher merece uma poesia,
pequena ou grande
depende da folha que eu for escrever
mas que vicio tenho
escolho as folhas de acordo
a pessoa . Ela merece por ser uma mulher
alma gêmea de alguém
a metade do homem.
Eu sempre vou falar delas
Sempre vou estimá-las
Vou reconhecer que mulher
Não faz de conta, ela faz
Acontecer, decide, sai
pra agir.
Mas a mulher que eu amo
Ela tem seus mistérios
Mas deixa eu saber que está insegura
Que não gosta se faço poesia pra
Alguém.
Ela nem imagina o quanto eu a amo
E ela tem um poema que é só dela
Que ninguém vai ouvir o que eu
Falei ao seu ouvido,
Se “te amo” é o maior poema
Meu amor, eu só farei pra você.
SUPERLATIVOS
Lindos são teus olhos
Lindos pouco é
Com tudo que tens
E por ser mulher,
estes são lindíssimos.
São tão belos
Como a maçã
Estes são belíssimos.
Tão interessantes
Refletindo o amor
Mais vivos que a flor
Interessantíssimos.
Criador amado
Deus de perfeição
Só por tua mão
Mestre amantíssimo.
Que me traz à vista
A mão do artista
SILÊNCIO
Silencio é o premio que eu penso esta noite alcançar
o barulho é intenso que até o silencio pode atrapalhar
o estrondo dos traços, das letras que faço a riscar o papel
também incomodam e ao longe me jogam á roda do céu.
Silencio, é o inexistente, momento que o sabio deseja encontrar
é o tempo exato que leva o poeta a lua flertar
é o mega da mente, o morrer do repente é o que eu preciso
pra ter num segundo, distancia do mundo e a luz do paraíso.
Silencio, é o ponto mais claro que usamos em um planejar
é a ampla visão da imaginação, do ser a bailar
é o melhor conforto ou a perdição
é quando o controle pode está firmado ou quando fugindo da palma da mão.
o silencio só vem quando uma má noticia é o anteceder
se espera o pior, na garganta um nó, veio, emudecer
Se a noticia é boa, já quebra o silencio, quem traz tá falando
quem ouve, gritando, e sem perceber
E o silencio acredite
é o ponto que eu disse, onde quero ficar
pois tudo que ouvi, me trouxeram aqui, razões pra chorar
nem folha ou vento, soprando agora traria pra mim
algo mais do que penso, se acaso o silencio, chegasse ao fim.
SEM LIMITES
Nasce nas encostas tristes dessa angústia
E vem, a intenção é dar um brilho
É ir mais além, quem sabe irá.
Encrustado sobre pedras desce todo dia
Para ver o sol, e com este aprende o canto
Como rouxinou, chora sem limites
Tempo certo de parar.
Além do sentido que tens quer voar
Além desses asas pequenas, pousar
Além deste ninho escondido viver
Bater asas, sempre asas.
E no restante do planeta morar.
Voou, voou, sem limites acredito
Que ele não voltou. De pés firmado
Neste duro chão por onde ele pisou.
Partiu nas essencias, e por incumbência
Cumpriu o seu legado e no final
Enfim encontrou.
SAUDADE
Saudade é dor que se aloja, nos lugares mais vistos no corpo
no sorriso que se apaga, no rosto que se entristece
no corpo que não se afaga e na voz quando se emudece.
Saudade é choro na certa, é solidão sem horários
é o silêncio da noite, que nos torna sectários
é o gemido da alma, quando se perde a calma, ao nos sentir solitários.
Saudade, o que dizer dela?
só vivendo pra saber, é tanta voz entalada
é mistura de beber
é veneno que envenena, sendo tão mal e sem pena
nos incomoda viver
Eu já sofri de saudade
sei muito bem o que é
senti falta da roseira
da tão ardente lareira
dos olhos de uma mulher.
Já vi meu ser de saudade, se desmanchar por inteiro
pensando nas velhas tardes, ainda meu corpo arde
lembranças do amor primeiro.
Saudade enfraquece os ossos
deixa o homem em morbidez
põe seu olhar em destroços e no sorriso escassez.
Saudade é preocupação, que desnivela o astral
põe pra baixo a razão e desmantela a moral.
Saudade ela é como o vento, é como a brisa do mar
é calma e traz acalento, mas é bom estar atento
ela sabe devastar. E quando vem devastando
não há um ser que suporte, o choro logo se aflora
quando se está agora á poucos passos da morte.
Pois saudade é violenta, entra, briga, fere e mata
mas, a morte de saudade, é suave na verdade
apesar de que maltrata
Se em cada dia que eu vivo, está saudade aumentar
serei pra sempre passivo inerte neste lugar
esperando a realidade, pra destronar a saudade e pro amor me levar.
Agora olhando as fotos, de nossas ocasiões
dos tempos de puro mel, de avelã e de céu
tão doces recordações
Guardei as nossas promessas, de amor e de amizade
de sonhos e dos prazeres
e todas nossas vontades
a mim mesmo assim me prendo
pra ver se tão cedo aprendo
a não flertar com a saudade.
SAUDAÇÕES
salve a canção replicante
do outro lado do mundo
do triste gesto fecundo
à um coração palpitante.
salve à modos, agrave
a dor do som no papel
a linda voz do cordel
na pauta o ponto da clave.
salve a injúria que amarga
da injustiça o rancor
da insolência da dor
do porto que se alarga.
salve esta tarde vazia
de outono triste a soprar
vorazes ondas no mar
trazendo a noite sombria.
salve estes sinos tocando
e os jardins a florir
salve os poetas do mundo
os de aqui e de ali.
salve as luzinhas do poste
e as que não viram o chorar
deste poeta que um dia
foi-se pra não mais voltar.
RESTO
Vivo aqui com minha apatia
Este tigre solto à me rodear
Falando de flor, sem saber do amor
Escrevendo versos, jogando no mar.
Nada aqui existe, nesta longa estrada
Em que eu vivi, e o tempo sem pena
Fez me ver a alfena que eu tanto queria
E agora perdi.
Entretanto resta sem ter nesta vida
Muito à declarar, este mudo e frio
Coração vazio,
Que agora distante
por medo de amar.
REFÚGIO
Enfim, depois de tanto tempo longe de você
Eu volto novamente pra te ver.
E vejo
Que ainda sabe acender a lareira
E a fogueira aquece o que restou de mim.
Ainda tens a mesma confiança
E acredita o quanto que eu posso mudar
Ainda me percebes a criança
E o pouco que eu tenho pra lutar.
Tão vadio, tão ingênuo, insistente
Por valados nas mazelas me lancei
Lamentando a mesma dor, insipiente
Mesmo assim na mesma cela eu entrei.
Vi nas noites densas trevas na retina
E a geada os meus passos congelar
A friagem, garras firmes assassinas.
E o naufrágio conluiado com o mar.
Deixe-me aqui por esta noite apenas
Meu amigo, meu cantinho protetor
Que se converta em perdão as minhas penas
E que das cicatrizes, raízes de amor.
Depois que o sol enfim brilhar naquela serra
E a energia deste chão me socorrer
É nessa hora que o meu pranto se encerra
E outras terras, buscarei-as pra viver.
QUEM QUER COMPRAR UM CORAÇÃO
Quem quer comprar um coração?
Muitos gigas de memória
Imagem transparente
Umas mensagens de presente
Um grande trecho de estória.
O preço é um preço camarada
Para os amigos ou estranhos
Do mar é o seu tamanho
É quase preço de nada.
Guarda arquivo importante
Ou simplesmente um gesto
Só vendo, este empresto
É reliquia exumberante.
Mas tenho algo à revelar
Há pastas pra excluir
Alguém as manchou aqui
Eu as não pude apagar.
QUEM DIRIA
Quem diria que um triste dia
Esta rosa fosse uma elegia?
Que esta amizade, antes bem que tarde
Trar-me-ia a face da infelicidade?
Que este canto lindo
Viria ser findo, pra ferir a alma e
A matar dormindo?
Que este sonho imenso
Com que há de intenso
Desodorisasse do amor o incenso?
E por fim o rótulo
Da minha ilusão, seguiria aceso
E faria preso este coração.
QUATRO ESTAÇÕES
Era primavera, eu liguei pra ela, pra falar das belas flores que eu comprei
sem nenhum apreço, perdi o endereço, já nem sei o preço que eu ali paguei
mesmo assim perdido, um pouco aturdido, ali estarrecido á ela entreguei
e saí sozinho, pelo meu caminho, lembrando o carinho que eu não ganhei.
era um outono, eu no abandono, não me via dono da minha alegria
fiz um julgamento, no meu pensamento, que outra vez sedento eu não mais seria
eu saí pra fora, o coração agora, não contava a hora, da noite e do dia
como a moinha, espalhada sozinha, e em cada folhinha que no chão caía
chegou o verão, o meu coração, teve a sensação de querer voar
naquela aventura, deixar toda agrura, e de alma pura o mundo ganhar
fiz minha bagagem, comprei uma passagem, no mundo selvagem eu fui me lançar
mas deu tudo errado, eu fiquei de lado, e agora parado sem saber voltar.
enfim, este inverno, que parece eterno, não me dá um terno para me vestir
tô na beira rio, com fome e com frio, meu fone sumiu e eu não mais vi
quero ir embora, me levar pra fora, mas não vejo agora razão de existir
não aos olhos teus, sim as mãos de Deus, nos sentidos meus... eu sobrevivi.
QUALIDADES
Alma de poeta
Sorriso infantil
Mente de atleta
Amor pueril
Extensão de mar
E curvas de rio.
Bela como a lua
Doce como o mel
firme como a rua
nobre como o céu
tem gestos de flor
e a pureza de véu.
Olhos de diamantes
Mãos de avelã
Rosto do instante
Boca de maçã
Linda interessante
Como a manhã.
É um dicionário
Cheio a verbear
O meu calendário
Pra me informar
Todo seu horario
É todo contrario
do meu desamar.
PROMETO-TE
Eu prometo, ser amigo
Ser fiel, namorado
Eu prometo está contigo
Pra vivermos lado-à-lado
Eu prometo flores em cada primavera
E em cada estação, do amor a gente espera
Diz que aceita
Meu pedido
Estou sonhando acordado
Eu te amo, como nunca
Estive amando no passado
Eu lhe prometo flores
E abraços no inverno
E em cada estação, o meu amor tão terno.
Na falta ou na fartura de pão na mesa
No frio e no calor, no riso ou na tristeza
Num gesto em cada olhar, o amor estará
Com sua chama acesa.
Juntinho bem pertinho quando for orar
Pedindo, agradecendo ou só desabafar,
Sorrindo e lendo a vida em nome do amor
Eu estarei contigo seja como for.