Coleção pessoal de Eu1695
Extinto.De tudo aquilo
Que um dia foi instinto.
Sua voz que se estende por tudo aquilo
Que foi um dia impenetrável.
Existo. Apesar de tudo aquilo
Que foi a mim contrário.
Mas sinto que de tudo que sou
Serei extinto, comprimido:
Aspiro a ser mais existente,
Com instintos e vontades frementes.
Mas aspiro e respiro e inspiro
E deixo um pedaço de mim ausente.
Ex-tinto, ex-zistente.
E fomos andando no caminho recém formado
Somos recém formados, graduados, no destino da humanidade
Mas parte de mim não sabe, que podíamos nadar no mar...
A vida é que nos engana, sutil, nos induz desde o passado.
Eu segui aquela trilha por onde andavam multidões
Mão a mão, mas não sabia que na encruzilhada, querida,
Soltávamos uns aos outros, sem respostas ou questões
A única coisa que dizia é que assim nos ensinou a vida.
Ah! Vida! Mas em pedaço de nada, você se transformou
Onde você estava quando o homem se dizimou
Quando o homem cresceu sobre uma torre de cadáveres
E isto se sucedeu por séculos de terras e mares.
A espuma do mar
tece rendas a meus pés.
Impossível ignorar
o inebriante odor da maresia
e as ondas num incansável ir e vir...
Sempre que me encontro
diante da sua imensidão,
percebo que o MAR
é inspirado na vida,
ou a vida inspirada no mar...
Tanto faz...
Cika Parolin
VINGANÇA
A vingança é um mau
que quando nasce
destrói o enlace
e deixa dor em erupção
e o vulcão
que chora as mágoas
só renasce
se a outra face
for servida pro perdão
A tua estrada
tem uma luz
que te atormenta
e se apresenta
com uma marca
no passado
e ao teu lado
fui descrente
do presente
e a dor que sente
é a mancha do pecado.
Meu Tesouro Precioso
Guardei dentro de mim o meu tesouro bem mais precioso.
Não era jóias nem prata muito menos era ouro.
Fiz do meu peito um cofre que guardava o seu amor.
De certo não foi pra sempre mas certamente darei muito valor.
Pois tal sentimento esse que eu nunca senti antes.
Triste por você ter ído embora em fim sigo adiante.
E nessa longa estrada minha companheira era a tristeza.
Pois por diversas vezes a tua face não saia de minha cabeça.
Lembrando de seus lindos olhos cor de mel.
E olhando para o alto percebi que era tão lindo quanto o céu.
E de muitas lembranças que me ocorreu.
Não pude deixar de esquecer o último beijo que você me deu.
Beijos doces eram os teus.
Que Incomparavelmente eram melhores que os meus.
Ouça-me com atenção! Isso que falo não são meras palavras.
Mas sentimentos puros que saem do coração.
O amor em mim morreu e agora pude sentir.
Infelizmente não tenho mais você pois já te perdi.
Mas um dia irei te reencontrar.
Pois do lado da felicidade novamente quero estar.
Em meu coração mora a esperança de um dia te ver.
Dormirei agora para mais tarde sonhar com você.
Objeto que amo e idealizo
E tanto idealizo e amo!
que te espelho ao meu ideal,e no entanto
não é tão belo quanto meu desenho;
Não é belo, afinal
É feio e me repugna
Eis que torna-te uma idéia maligna
Mas se te comparo com meu ideal
Torna-te belo ou maravilho.
objeto que amo e idealizo.
A água que te banha é esgoto
Logo depois de te banhar;
E tudo que tu come são fezes,
E tudo, no fim, lixo escroto.
Nada se cria, nada se destrói;
Nada brota em solo aleatório
Do que cravas no dente e rói,
Permanece por tempos nesse solo.
Pro lixo estou me lixando
Mas se o lixo se vai propagando
De esgoto em esgoto afundando
Se esgota o planeta, o homem, o plano.
Da relação 2
Fica mais um pouco
amar sozinha, não mais
cola teu rosto absorto
com meus lábios frontais
deixa eu te arranhar revolto
dois loucos ou animais.
Quebra a cabeça e não há encaixe
arranha as peças e me excita
gosto da não sincronia
do nosso desencaixe
já o meu seio palpita.
envolve nas dobras do teu corpo
meu corpo, que nunca mais ache.
gosto de você ao todo
me prender e se perder
das brechas de cada. Ai!
Me ganhar e se soltar.
e te insultar!
de ser presa,prosa
Ou!sobressaltada...
substancial,serva,sal
pimenta e pó.
De que fonte jorra o rio
De águas límpidas que banha
O rosto rígido de medo
Qual segredo de uma aranha.
Nada o rio por milênios
De águas, peixes e moluscos
Mas os seus olhos tão terrenos
Guardam rios tão profundos.
Eis que sob as pálpebras frouxas
Num movimento sutil
Foi surgindo uma garoa
E lá no fundo do rio
Uma aranha asquerosa
Tece uma imensa teia e grossa.
Nenhuma mensagem sequer...
Saudações ou justificativas.
Não me deixou nenhuma pista
Só a esperança de um até...
Um até dura quanto?
Valem quanto os meus braços?
Se pensar bem, calculando...
Vale quanto o passado?
Nem mensagem, nem sequer,
Nem qualquer coisa que seja
Nem uma água, um café
Nem um copo de cerveja.
Nem um minuto de te mereço
E a isso me reduz o tratamento,
Ao esquecimento espêsso
De sonhos e tantos e tempos.
Esse poema é uma estratégia
De desapertar o nó do pescoço
o nó da garganta, o da consciência
e só mais um nó – um outro.
É só mais um jeito aflito e calado
De desapertar o fecho dos lábios
O fecho da alma, o fecho do corpo
E só mais um fecho – um outro.
Ó, caro leitor! Não queira saber
Seria cruel tentar desvendar
Só volte a si e veja você
Que nó, que nó te está a apertar.
Seria inútil dizer aquelas palavras trocadas
Por horas e horas veladas de beijos, carícias e beijos
Você corresponderia, talvez mecanicamente
E eu, como você doente, talvez nem prestasse atenção.
Te amo, meu amor, te amo
Quão brega isso pode soar
Quão falso talvez quando a professora pedir para ler no colégio
E um sentimento plano
Vai encobrir o meu diverso
Intenso, batendo as asas, mas preso em uma gaiola.
Mas volto a dizer, amena
Talvez você não entenda nenhuma palavra sequer
Explico que o poema só requer
Só pede que você me ame.
Não ao ponto de gritar na rua
Que o vento leva pra longe
Mas guarda egoisticamente o sentimento de dentro
E ri deliciosamente agarrado ao travesseiro
Nas noite de inverno, receio
Aperta o travesseiro bem mais.
Querido, o amor estrangula
E pede que sejamos amenos
Te amo, te amo, dizemos
E se assoma uma tempestade.
(É que o mundo morre de inveja!)
Não sei se me faço entender
Nesse poema escrito às pressas
Te amo, te amo; guardemos
Num cofre selado e selado
Falemos te amo com carícias
Olhos cariciosos
Que vamos ouvir, cedo ou tarde,
Me ama - eu sei que ama
Com uma brandura esplêndida
Pois nós é que temos a chave.
Andando a esmo por ruas estreitas
Que lugar me procura, questiono.
Flutuo por horas sobre respostas largas.
- Não sei onde estou, respondo.
O mar se precipita, mas não estou no mar
A terra me convida, mas nela não estou
Estou em mim, reflita
Não sei se em mim estou.
Se sou esse corpo, concluo
Seria igual eu morto
Mas não me precipito
As palavras me precipitam.
Por isso escrevo esse poema pobre
Ou esse poema pobre me escreve
como qualquer coisa que serve
para dar um fim ao fim.
Numa tarde de setembro, com os ventos da primavera
Soprava o vento para a esquerda e para a direita
Quis o acaso unir duas almas tão diversas
Talvez pra atrasar o destino, pregando uma brincadeira
Mas, meu Deus, três anos e mais com os pés entrelaçados
E eu nunca suspeitei
Que os nós dos nossos braços coziam um emaranhado
Amargo de vez em vez.
Agora que me recordo, percebo, que criaturas distintas
Quando eu falava, você falava...
E cada palavra falada se perdia
Com a ressonância do rádio da sala.
Um dia de sono pesado e tudo se foi apagado
Ninguém amava ninguém
Foi só mais um vento soprado
Deixando as palavras além
E as folhas secas das árvores
Morrer dos braços de alguém
Que desenlaça o nó da garganta.
Soneto de esperança
Quando pego a caneta pela mão
E eu risco a esmo em um livro de poesia
Não sei que pensamento me alucina
Rabisco inconsciente “Amadeus”. Não!
Recuso a ti em mente, se te recuso
E volto ao meu recluso pensamento
Mais grita e se expande o sentimento
Já me vejo diante do teu vulto.
Balanço as mãos ao vento e só me admira
Que esteja em frente a mim sempre mais nítido
No espelho do banheiro em que me via
Amadeus não é o amor de uma vida
É um consolo para um semblante aflito
A espargir água santa na cortina.
Nomeio de o amor
No meio do amor deixou tantos muros
Entre um e outro rosto ficou
Um varal de roupas e sapatos imundos
Balançam ao vento que vêm do ouvidor.
Ficou apagado o rasto da areia
que desenhava os teus sinais
Mas mais de um buraco da queda grosseira
Que cavaram no fosso de nós.
Ao som da melodia estrangeira
Sorrindo avoada na rede deixou
Estar balançando pro lado que queira
Não ouve apelos. Calou...
Só estes abismo, estes desencontros
São contradições desse amor.
Rima pobre
Das veleidades da vida
Debaixo do telhado de sempre
Entre paredes que prendem
E portas que abrem
E portas que fecham.
Acima do chão que segura
Quando corpo que pende
Quando a alma se perde
Quando o copo se enche.
Quisera que tanto harmonioso
Fosse o ciclo que decreta a cada coisa
Viva e morta, uma função;
Se assim funcionasse como o esboço
A realização.
Acima do telhado as gentes
A consertar a antena da tv que chhia.
Entre as paredes que prendem
Se abrira mil buracos de tempos em tempos.
As portas que abrem, abriam.
E fechavam meticulosamente.
O chão que pendia o corpo
Pertence agora a uma parcela de gente
Ou deita nas ruas irregularmente.
A alma derrama do copo que não suporta
As torrentes, dos tempos, das vidas, dos homens.
Se tudo é bem programado que homem haveria
que desse tudo e todos por boa intenção?
Se entre a humanidade caminha cada um
Cosendo com a própria linha sua trama de antemão...
As portas que abrem, quiçá, é uma armadilha
De entrar e ficar até então.
E quando por acaso se abrir uma oportunidade vã
Quebrar em nossa cara cristã, pedaços de um sonho bom.
Cada pedaço de tudo que deveria libertar
Mais limita e delimita no homem o seu lugar.
Mas continua e continuamos construindo castelos no ar (que bom!)
De imensas paredes, telhados e portas de se admirar
E taças pra beber e exaltar um tempo e um sonho.
Ladrilho e música, muita música, pra alma das gentes dançar
E esquecer que dançam pra esquecer que vivem e morrem.
Aos castelos todos dos homens vem o dia de desabar
Alguns desabam no chão, muitos desabam no ar.