Coleção pessoal de escravadainsonia
Ando bem nostálgico. Larguei o emprego a poucos dias. Penso em viajar, recomeçar tudo sem você. Talvez consiga, ser de novo, enfim feliz. Me distanciei das pessoas, ando bastante solitário. Não faço barba, sempre mancho a camisa de café. Voltei a fumar também. As vezes bebo, nesses domingos monótonos, deito no chão e me sufoco de tédio, nostalgias, saudades e porres. Não sei se consigo continuar. Tá bem díficil. A propósito, eu morri ontem. Por dentro. Apodreci, congelei, sequei de vez.
Misturava-se entre as pessoas. Achava que quanto mais camuflada, e escondida estivesse, o amor não a encontraria.
Se você participasse de um filme seria um daqueles caras metidos e populares, típico vocalista de uma banda mediocre de rock dos anos 80. Aqueles do qual nao se importa com ninguém e não gosta de ninguém. Daqueles que seguem a moda.Porém esse cara é uma farsa e você também é. Afinal, esses músicos babacas, quando resolvem deixam a verdadeira identidade deles aparecer, são totalmente incríveis e apaixonantes.
Tenho um sério problema. Ninguém pode me ajudar. Eu não posso, meus pais não podem, você não pode nem meu psicólogo -que abandonei depois de algumas sessões-, pode: Eu me dou melhor com a solidão.
ESTAR SOZINHO
Resumindo: estar sozinho é triste, enche o saco dos outros e deve fazer mal para a saúde.
A vida já cansou de me provar repetidamente que a escolha certa é justamente a que me parece mais errada. Mas a gente precisa errar. Mas não errar por engano, por distração, displicência.
Eu erro com força, e com vontade. Eu erro melhor, para errar menos.
E, sim, saio errante pela rua, torcendo pra chuva não me pegar, ou enxarcar cada centímetro da minha pele. Não é que eu esteja deixando a maré me levar, como se fosse plâncton. Eu erro por aí na tentativa de acertar. Depois de perceber que, sempre que acho que estou fazendo a coisa certa, descubro que estou machucando alguém, tenho apostado cada vez mais no que não me parece sensato. Improvável? Vamos. Impossível? Não existe. Impensável? Bora!
Mas tô me divertindo, ué. Não é isso que mandam a gente fazer? Quando a gente chora e escreve aquele monte de poesia profunda. Quando a gente se apaixona e tudo mais e enche o saco dos amigos com aquela melação toda. Não fica todo mundo dizendo pra gente parar de tanto drama e se divertir? Poxa, tô só obedecendo todo mundo.
Ultimamente estou vivendo em um mundo que existe apenas na minha mente. Eu me isolo numa vida imaginária para não me “misturar” ao resto do mundo. Estou de saco cheio da mesmice, das pessoas com quem convivo e do jeito que tudo está. Lá é um refúgio. Só meu. Onde eu vivo, e faço tudo da forma que eu quiser.
Queria poder apagar tudo o que vivi, e recomeçar. Como se minha vida fosse um livro acabado e eu estivesse prestes a escrever outro. Começar a escrever uma história em uma página em branco, agora. Mas infelizmente, toda a minha história me faz ser quem eu sou hoje.
O sol certamente está se pondo mas a lua está surgindo lentamente. Então este velho mundo ainda deve estar girando... E eu ainda amo você.
Então feche seus olhos, você pode fechar seus olhos e está tudo certo. Eu não sei nenhuma canção de amor, e eu não posso mais cantar o blues mas eu posso cantar esta canção.
E você pode cantar esta canção quando eu for embora.
Nós vamos ter um bom tempo, ninguém vai nos tirar aquele tempo. Você pode ficar o tempo que preferir.
Eu queria sinceramente que as pessoas amassem da mesma forma que mentem. Desejo no fundo da minha alma que você goste de alguém de verdade, mas que esse alguém te faça de idiota. Parta teu coração assim como você fez com o meu. Ele poderia quebrá-lo em vários e minúsculos caquinhos... Assim quem sabe você saberia o que eu senti, o que você me causou. Eu te odeio. Mas me odeio ainda mais por um dia ter amado você. Eu te dei tanta atenção, tanto amor... Mas você não merecia nem 10% disso. Agora tudo o que eu quero é te apagar da memória. Vou te deletar da minha vida, e se eu te ver na rua vou fingir que nem te conheço, vou fingir que nada existiu entre nós. Afinal, pra você não faria diferença.
Ela tem cabelos castanhos, não muito claros nem muito escuros. Olhos pretos, expressivos. E usa um vestido azul. Ela me persegue. Aonde quer que eu vá, sei que ela está ali. Perto de mim.
Posso sentir sua presença.
Certa vez ela apareceu na minha frente enquanto eu estava deitada debaixo da minha coberta lendo A menina que roubava livros. Não consegui dizer nada, apenas a observei por alguns segundos e me concentrei no livro. Quando voltei à olhar, ela já não estava mais ali.
Seu nome? Eu não sei. Ninguém sabe.
Ela costuma aparecer sem eu pedir, ninguém a vê além de mim.
Não me lembro qual o comprimento dos seus cabelos, se o seu nariz é comprido ou se tem lábios carnudos.
Mas eu me lembro do vestido. Azul como o céu em um dia de verão.
A imagem dela me vem como uma pintura na cabeça, emoldurada em um quadro dourado.
Já faz um tempo que não a vejo, ela decidiu sumir. Talvez, tenha parado de me perseguir. Talvez tenha cansado da minha falta de medo, ou da minha falta de palavras.
Mas, mulher do vestido azul, eu ainda me lembro de você.
Se voce dormir e nunca mais acordar...Eu não vou aguentar continuar acordado. Não mesmo. Não vai ter ninguém pra reclamar de tudo comigo nem nada. Eu nao vou ter o objetivo de ir tao longe pra ver alguém. Não vai ser bom, não vai ser bom mesmo..
(Vinicius Assis)
Sentado aqui completamente sozinho apenas tentando pensar em algo, tentando pensar em alguma coisa, qualquer coisa apenas para me impedir de pensar em você... Mas você sabe que não está funcionando porque você é tudo que está em minha mente. Um pensamento sobre você é o suficiente para deixar o resto do mundo para trás. Eu não pretendia que fosse tão longe como foi e eu não pretendia me aproximar tanto e dividir o que nós dividimos. E eu não pretendia me apaixonar, mas me apaixonei e você não pretendia corresponder. Estou sentado aqui, tentando me convencer que você não é a pessoa certa para mim mas quanto mais eu penso, menos eu acredito e mais eu quero você aqui comigo. Com toda a minha inspiração desaparecida não consigo ir muito longe... Olho em volta do meu quarto e tudo que vejo me lembra você. Por favor, você não vai pegar minha mão? Não diga que você não correspondeu.
Afastar-se daqui. Dos problemas, das pessoas, da confusão, do barulho... Às vezes tudo o que precisamos é de um momento só para nós. Um momento para pensar sobre tudo ou simplesmente não pensar em nada. Esquecer-se dos problemas ao menos por um tempo e só resolvê-los quando voltasse. Se voltasse.
A garota não tem mais forças para nada, a não ser chorar. Não vê mais razão em nada, nenhum motivo para sorrir. Na verdade sorri, quando está longe de casa. Ela só quer se distanciar. Quer encontrar paz e alguém que a acompanhe nessa busca. A garota, tão forte ela era e agora despedaçou como cinzas de cigarros. Desmoronou. Ela tenta fingir estar bem, isso poupa perguntas. Mas por dentro… Por dentro ela está quase morta. Não vê luz nessa tremenda escuridão. Grita e ninguém a ouve, chora e ninguém a acolhe. Façam algo pela garota, não deixe a alma dela morrer outra vez… Sim, ela já conheceu a morte de espírito. Superou isso mas não sabe se conseguiria outra vez. Ela quer sorrir, ela quer ter amor na vida dela, ela quer ter esperança, amigos, quer saber o que é feliz. Quer liberdade, uma vida. Uma vida da qual ela não tenha motivos para chorar, além da alegria.
Sempre fui contra ao termo "perfeição", então diria que imagino meus dias sendo totalmente agradáveis. Morar em um apartamento não tão grande na Av. Paulista, pegar o metrô e me direcionar a Sé. Tomar meu café forte e comer meus pães de queijo na lanchonete da esquina e seguir rua abaixo rumo ao meu curso. Passar grande tempo estudando a arte da fotografia e capturando os detalhes rua à fora. Voltar pra casa, tomar um bom banho quente e sair do banheiro dançando ao som de Cascadura. Assistir alguns filmes com o namorado ou decorar a parede do apartamento novo com alguns lps e jornais velhos.
Ir até a sacada e apreciar a imensidão de prédios e respirar o ar poluído da grande São Paulo.
À noite, ir a faculdade ou senão um cineminha. Aos sábados? Passaria a tarde toda jogando bilhar junto à uma boa companhia, e de noite iria à alguma balada ou show só pra dar uma animada. Depois, amigos acampando na minha sala.
Os domingos seriam dedicados à decoração e arrumação da casa, e de tarde, ao verde do parque Ibirapuera.
À noite, um tempo só pra mim naquela solidão agradável de começo de noite, andando de bobbies, roupão e pantufas pela casa.
Depois eu dormiria pra se preparar para a agitação agradável da semana e o estresse típico de segunda-feira.
E então, depois de sair daquela fila de banco, olhar o pôr-do-sol em meio àquele congestionamento. E repetir a mim mesma o quanto eu sou feliz, por ter essa vida assim. Do jeitinho que eu sempre quis.
Não importa quantas festas eu vá, quantas pessoas eu conheço, quantos abraços eu ganho, eu terei sempre essa vazio dentro de mim. Vazio sem explicação, sem um porque. A animação que havia em mim morreu. Eu morri por dentro. Meus dias são sempre iguais, mesmo que o caminho percorrido e os rostos vistos mudem. Não faz diferença ter 500 ou 5 amigos, não faz diferença ter 1 ou 100 amores, não faz diferença ter ou não ter. Pessoas perguntam o porque da tristeza, mas não existe tristeza, apenas indiferença. Não existe viver, apenas existir.