Coleção pessoal de ernabarros
O momento indeterminado ainda está presente. Constato que a mudança dos horizontes que nos afetam, na qual estamos imersos, assombra-nos. Algo está em jogo: o que detalhamos por trás de nossas insólitas decisões. Rasgamos a qualidade de nossa incompetência pois as regras desse mesmo jogo mudam constantemente. Talvez haja sentido. Mas não quero o sentido, quero ainda que errante, apenas o sentir.
Apesar de estar aos cuidados constantes de meus múltiplos confrontos, minhas surpresas tornan-se o começo de um tempo sem pausas. Indeterminadas origens essas que me deixam ser, enquanto ainda espero o êxito de um alerta, de um passado já ido, do que ainda será, do que puramente é.
Pertencemos ao nosso pensamento da forma mais contrária e perfeita a nós mesmos.
Ou pensamos nossas fronteiras renovando-as, ou elas pensam sobre nós destruindo-nos.
Se o papel aceita toda escrita, aceitamos todos os borrões, vírgulas e todas as reticências a que nos submetemos em nossa vã experiência de viver.
Sossego imperfeito esse do mundo a contradizer o que ainda não foi dito.
Felicidade ameaçada essa da completude.
Incompleto somos nós, a cada segundo que respiramos.
E a única coisa que nos sustenta é o que nos derruba na distração.
O sorriso guiado fora de nós é ainda o mais importante.
Porque mesmo distraídos, atiramos ao mundo o calor daquilo que somos.