Coleção pessoal de EnideSantos
Ser poeta é...
Ser poeta é notar
A intensidade da dor
E com versos reclamar
Que lhe apoie, oh, amor!
Nas noites de insônia
Bordar no papel
Pedaços de infância
Que amenize o fel
Com amor e doçura
O poeta sana a dor
Revigora a escritura
Dá sentido a seu labor.
Ser poeta é cantar
A música do coração
Cada nota entoar
Moldando uma canção.
Ser poeta é doar
Todo tipo de emoção
Para de a vida resgatar
O propósito a razão.
Enide Santos 14/05/2015
Desencrava (dor)
Duas únicas letras
Que muito querem dizer
São expressões de dor
Que alivio tenta trazer
Não existe outro dito
Que consiga apaziguar
Este momento insano
De profundo mal-estar
Ai, este desejo de sanar!
Reza, prece, petição
Só a raiz do sofrimento
Justifica a intenção.
Símbolo de dor
Grito de pavor
É o som do fim
Ai, aiai de mim.
Enide Santos 05/05/15
Minha Paixão
O alimento da felicidade,
Iguaria que mantém a sobriedade.
Manjar da sorte da necessidade.
O sustento da minha imensidade.
Enche-me de melodia
Satura-me de sabedoria
Satisfaz minha alegria.
Me farta de poesia.
Abranda meu enleio
Adormece meu receio
Modera-me o floreio
Sossegando meu anseio.
Minha doce inspiração
Meu amor
Minha paixão
Enide Santos 01/05/15
Ambos somos felizes quando nos amamos
Ambos somos felizes quando nos amamos
Ah, meu amor!
Ah, meu amado!
E assim:
Enxugo os olhos do riso que te dei
Toldo de horas
Com os momentos que cavei
Banho-me na sensação do teu olhar
Dou-me de presente o teu respirar
Ambos somos felizes quando nos amamos
Com o liquido da noite
Com o qual se banham as florestas
Eu me exibo
Eu me testo
O cio lentamente passa
Não para
Atravessa
Exala.
E assim:
Somos igualmente amados
Saciados um do outro
Nesta noite
Neste esboço.
Enide Santos 29/03/15
Acuda-me Senhor
Que tanto imploro
Que tanto chamo
Ajuda-me Senhor!
Que tanto oro
Que tanto rogo
Proteja-me Senhor!
Acalenta-me soberano
Em nome do seu filho
Apazigua esta dor.
Há tremura no meu corpo
Minhas mãos sem ação
O peito em fogo
Acuda-me Senhor.
Minha fé me sustenta
Minha oração me consola
É a certeza de teu amor
Que me apruma agora.
Enide Santos 21/02/15
Alma amputada
Está tão longe de eu poder ser o que você quer.
Sendo assim vejo-te seguir teu caminho e deixando-me aqui.
Já começo ao acordar pela manhã dando-me consciência de que você ainda está presente em meu coração e não mais diante de meus olhos.
Antes mesmo que se vá, eu já me vou para a dor de estar sem você, já amputo a minha alma sem nada dizer.
Antes mesmo que se vá de mim, já choro a dor de sua ausência, já lamento ser passado em sua existência.
Eu também mato momentos bons, jogo fora partes de vida que normalmente não se desperdiça, pois sei o tamanho deste amor em mim, sei da dor que se o perder vou sentir.
É, é mesmo assim, é por medo de não resistir tamanha dor morando em mim, que desde já
Abasteço-me de tudo de você.
Quando te beijo, te beijo mesmo com todo o meu ser.
Quando te amo, te amo mesmo com toda minha alma antes de ela ser amputada.
Enide Santos 16/02/15
Recolhida no silêncio
Esgarçadas já estão às horas
Já ceou o tempo
Já bebeu de meu pensamento
Agora sou como raiz, sem flor.
Já o cheiro do amor se foi
As frescas horas não têm mais suas labaredas
Não há mais manutenção para a ilusão
Resta-me o ranho da alma
O perene som de antigas gargalhadas
Sou fragmento dos outros que fui
Quanta vez o meus olhos sequei
E impregnada de vida, lutei!
Ai de mim...
Que sou apenas volta antes de me ir
Que já manca minha dor e cai ao chão
E no seio da absoluta
Já não mais há luta.
Já me vou, mesmo sem saber ir.
Enide Santos 14/02/15
Ah, Bragi tem piedade de mim!
Ah, Bragi tem piedade de mim
arranca-me estas palavras
que tanto me consomem
e que não as consigo exprimir!
Ah,estes ditos!
Que não sei se são bem ou mal ditos.
Sei que estando em mim são sofridos.
Estes versos, verbos ou abscessos.
que se constroem sem expressão
desejando de mim total atenção.
Esta necessidade de gratidão
De ser um lema, um tema uma canção
De entoar na boca as batidas do coração.
Oh, deus da sabedoria!
Pai do encantamento da poesia
Invoca em mim a inspiração
Alivia-me desta sofreguidão.
Enide Santos 03/02/15
Pena de escrever
Segura de estar contigo
Forte, bem sucedida me sinto
Entre o polegar e o indicador
Esta é a minha sina
Dar poder ao transcritor
Minha silhueta põe-se a bailar
Tendo seu pensar como imutável par
Ao som que faz a vida
Cravejo com meu sangue o ar
Mesmo depois de tua partida
Os teus ecos hã de durar.
Enide Santos 08/02/15
Noite de solidão desejável
Toma-me, ó noite de solidão desejável,
Deita-me em teu solo sagrado
Leva-me onde posso ouvir os teus passos
Desaninhe de mim os meus ascos.
Deixe os lamentos do dia passado
Desprender-se do meu corpo cansado
Ó noite de solidão desejável
De suas horas sinto-me furtado
Pois a claridade já rompe os prados.
Há ainda na sarjeta sonhos empilhado
E minhas dores ainda precisam de emplastro
Ó noite de solidão desejável
Dure mais um pouco
Deixe-me recolher os meus cacos.
Enide Santos 05/02/15
Até onde daria para ir?
Até onde daria para ir
Para arrancar de quem se ama
Um dor que tema em não sair?
Até onde consigo deixar de mim
Para envolver-me na dor
De quem sozinho não consegue seguir?
Até onde é capaz de chegar
Este meu amar
Que no fundo, quer o mundo abracar?
A dor só doe até onde pode doer,
Ah, quem me dera,
Que meu amor a fizesse desvanecer!
Enide Santos 05/002/15
Triste
Todo o corpo frio
Apenas na face
O sol se poe
Um pouco por vez
Rouba o brilho do mar
E nesta forma agora
O vento pode levar
Corpo agora vazio
Vestido de tempo
Enroupado de rio
Segue seu curso
Rompe seus muros
Deságua seguro
Enide Santos 05/02/15
Releitura:
O corpo frio de tristeza e em sua face sente o calor como o do sol em forma de lágrima que por sua vez são gotas como as do mar leves para que o vento possa levar.
Sentimento de perda ainda prossegue, mas agora assume uma postura como a do rio, apenas segue
E esta fome não sacia
Sente não ter direito
Ao menos a lagrimejar
Condenando-se pelos erros
Que em sua vida ousa causar.
Pobre desamparado
Do amor de si mesmo
Agora esmola a sorte
De um instante de sossego
Nas ruas vazias da noite
Busca por sua solidão
Pois em sua cabeça
Sons, ruídos e confusão
Pobre desesperado
Que a muitos magoou
Pelas drogas fora condenado
A desistir de seu amor.
Perdeu tudo que tinha
Vendeu tudo que conquistou
E esta fome não sacia
Tem piedade, senhor!
Enide Santos 04/02/15
Fascinação
Me apaixonei por você...
Quando sua boca me chamou pela primeira vez
Te olhei e meus olhos sorriram
Sorriram porque percorreram sua imensidão em instantes
Já te desejamos.
Não por mim que sou forte!
Mas meus olhos
Minha boca
Minhas mãos não se contentam
Não se controlam.
Armam motim,
Induzem o resto de mim.
Não, não sou eu!
Eu apenas me apaixonei,
Com delicadeza te desejei.
De primeira mão...
Apenas quis te dar carinho
O resto de mim
Quem montou este burburinho.
Agora rola de tudo
Libido e amor
Travessuras sem pudor
Tacos de sentimentos
Toras de emoção
Mas no fundo no fundo
É tudo fascinação
Pobrezinho do meu coração.
Enide Santos 03/02/15
Não me impeças de chorar
Não me impeças de chora
Chorar não é sinônimo de fraqueza
Sinônimo de fraqueza é covardia.
E nesta guerra diária que luto dentro de mim
Apenas o choro é meu refúgio
Não me impeças de chorar
Porque tenho a coragem de saber de minhas fraquezas
E que na busca para vencê-las
Danifico parte de minha alma
E só com lágrimas posso purifica-la
Nem se atreva a tentar me impedir de chorar
Porque és tu que não suportas
Ser a fonte de este meu prantear.
Não me iniba...
Não me detenhas...
Apenas observe e absorva.
Como uma faz uma fera para se recuperar.
Enide Santos 24/01/15
É preciso aprender ser só
É preciso aprender
Ser só
Estar só
Não é o que queremos
Não é o que sonhamos
Mas se temos que passar por isso
Então façamos ser da melhor forma possível.
Em meus dias de ilha
Em tempos repletos de abismos
Visto a minha fragilidade do avesso
Para que a vida retorne aos meus olhos
Isso com muita sutileza
Para não ferir meu silêncio.
Careço também dele
Mas demarco fronteiras
Enclausuro a dor em lembranças.
E na brusquidão destes dias
Dou-me o direito de ser imensidão
Dou-me o direito der ser fenda
Para que escoe de mim
A aversão que sinto pela solidão.
Enide Santos 01/01/15
Epístola – 20
São Paulo, 11 de janeiro de 2015.
Fragmentos de mim
A primeira vez que nos possuímos, foi uma experiência incrível.
Incrível mesmo, pois você não sabia, mas estava realizando alguns dos sonhos a muito desejados por mim, é por isso que faço questão que saiba o quanto fora importante.
Desde que nos conhecemos eu percebi que poderia mesmo realizar sonhos.
Poder amar você já era a realização de um sonho.
Descobri que você possui a mesma estatura que o homem dos meus sonhos.
Que os encaixes de seus braços moldam meu corpo com perfeição, idêntica aos dele.
Você exibe o mesmo tom de voz, a mesma textura na pele, o mesmo fascínio em locomover-se, a mesma forma de me olhar, banha meu corpo fitando-me.
O meu lugar preferido de todo o mundo, pertence ao homem dos meus sonhos.
É um lugar aconchegante onde me sinto protegida tanto o corpo como a alma,
e você é portador de algo semelhante.
Ao tocar-te, beijar-te, olhar-te a mesma sensação me toma o ar, igualzinho, igualzinho ao homem do meu sonhar.
Há um oásis em minha realidade que difere o meu desejo de sonhar.
Como pode na realidade não me amar, se em meus sonhos sou eu quem lhe toma o ar.
Enide Santos 11/01/15
Vaso oco do tempo
Vaso oco do tempo
Dono de todas as cores
Morto de sentimento
Abarrotado do nada
Enferruja caminhos
Desmorona estrada
Vaso fundo do tempo
Mestre da lembrança
Aprendiz na distância
Rígido com as horas
Rico de histórias
Rouco de memória
Vaso fino do tempo
Intransferível
Insubstituível
Indefinível.
Enide Santos 06/01/15
Do coração da poesia
É do coração da poesia
Que ouço os mais belos gritos.
E dos seus segredos
Colho pequenos viscos.
Há um oásis no tempo
Em que o verso se cria
E desta fonte de redenção
Despe-se o sentir da emoção
Toma-me, ó dor de poesia,
Inflama-me o corpo
Revista-o,
Soterra-o de amor.
Debulha este meu sofrer
Deixe-me em teus braços enternecer.
Doa-me seus rios
Infeste em mim seus brios
Empresta-me a tua cor
O teu semblante
O teu olor.
Resgata-me desta ilha
Regozija o meu falar
Apure o meu paladar.
Deixe o teu coração, ó poesia!
Com o meu orar.
Enide Santos 04/01/15
Ano de 2014
Ao ano que se foi dedico-lhe o meu amor
Ao ano que tanto e tanto me ensinou
Agradeço tudo tudo que em mim deixou.
Agora dorme complacente a tudo que me diz.
Agora dorme com a certeza de que se fez, de que me fez.
Ainda ouço o seu ressonar tinindo no dia de ontem.
mesclando de lutas as paisagens dos meus dias
vai tempo, vai...
leva-me contigo
pois é ai o meu lugar!!!