Coleção pessoal de EduardoChiarini

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Eu sei

Eu sei, você tem dia
simplesmente não queria,
nem ficar, não sair,
queria divertir, talvez sorrir?
No instante em que voas,
plana e flana à toa,
rumo à saída sem porta,
onde nada importa.
Tem dia, que não queria, a dor
do pássaro azul no alvorecer,
do sol, sem céu, sem cor.
Um dia imerso, em um poeta sem verso.
Não iria às estrelas. Só queria o cinza,
como às vezes, sua alma pinta,
esta inexplicável tinta.

Um verso simples

Eu queria em um verso simples,
descrever a beleza de uma cena,
não consegui, que pena.
O jovem namorado,
diante de sua amada,
reclamava, ela por sua vez, irritada.
De repente, não sei a motivação,
um beijo inesperado, em plena rua,
às três da tarde quente de verão.

⁠Ventos fortes.
Eu escrevi uma poesia,
que indicava o leste, o mar,
era leve, como nuvem tardia,
e saiu de minhas mãos a voar.
Veio um vento forte,
levou a poesia para o norte,
procurei a poesia, era importante, era crucial
veio um vento e me levou para o sul.
Em um clima glacial.
Ponto Final.

⁠ Estrelas

Escurecia; estrelas se escondiam
de olhos famintos que queriam
apagá-las e, assim, tão cruel
deixar o poeta sem o seu céu,
para lhe servir de inspiração.
O poeta lamentou,
em direção ao seu portão caminhou
mas, levava, com gratidão
um retrato antigo do céu amigo,
em sua imaginação

⁠Queria ter escrito
O verso perfeito
Em métrica e rima
Mas, o pensamento
Foi desfeito

Gaivota



Eu ganhei uma gaivota.
em um voo perfeito, parece,
sobre o oceano, antes dos
recifes de corais que se fortalecem.
Olhando aquela cena
pensei na extrema
linha divisória entre o real
e o imaginário abissal.
Eu vi uns recifes nadando,
no oceano brincando,
onde, parada, uma gaivota alada,
se mostrava assustada.
Com a minha perplexidade,
diante da beleza simples,
do cotidiano e dos enganos
da inatingível complexidade.

⁠Amanhecer.

Hoje amanheci em um poema,
daqueles belos pássaros,
que me honram em seus braços,
encantos em minha janela.
Indiferentes melodias,
suaves como nuvens, macias,
depois vão embora,
em bandos alegres e brincando.
Penso que seria um deles e um dia
estarei também voando e cantando.

A Pétala.

A pétala que era dela,
Não se desfez, apenas entristeceu,
Apesar da tempestade forte,
Que ocorreu...
Fiquei olhando da janela,
Meio me molhando feliz,
Com as gotas de chuva que fiz,
A chuva que não estava ali,
Haveria de estar em algum lugar.
Uma vez que ali, apenas eu,
Minha imaginação,
Com o café na mão,
Olhando feliz a rosa
Pela janela do portão.


Distância.

Distância, se quer entrar,
que entre você, à força.
Não, não é bem-vinda!
Por mais que torça...
É como a noite e o dia,
lembre-se, arrogante...
O instante...
entre a estrada e o caminhante;
mas, no momento exato,
a estrela toca o dia,
o pé, no chão; a mão, a mão.
Meus olhos festejam; alegria
a grande emoção,
pois ali estão.

⁠A solidão do poeta.

A terrível solidão do poeta,
tornou-se tão concreta que
se constituiu em um muro.
Um passarinho miúdo, imaturo
pousou e cantou suave e doce.
O poeta ouviu. Sorriu.
Quanta gentileza e beleza,
pensou em sua fortaleza,
quebrou o muro,
saiu, andando,
com o passarinho voando.
Desapareceu na alegria,
em uma bruma de poesia.

⁠A Roda.
A roda que roda, roda a roda
que acompanha a roda.
São polias, engrenagens
de um mecanismo complicado
que ninguém sabe a que serve.
É milenar.
Sabe-se ter que funcionar.
A roda não pode parar.
Nem pensar.
E, assim sem saber,
Cremos a roda ser,
O que nos faz viver. Será?
Extensa organização,
do diretor ao aldeão,
guardam esta função.
Mas um menino atrevido,
foi lá e num peteleco,
deu-se um treco.
A roda parou. Ninguém notou.
A não ser o mecânico chefe,
que lá a deixou.

⁠O aprendiz e o anjo.
Era jovem,
Portanto imortal; assim pensava,
Nas sombras do mal, caminhava
Em noites dos prazeres, para saberes,
Nas esquinas da escuridão
De meu próprio coração.
E mesmo assim
Um anjo cuidava de mim,
E, deste jeito, me tornei
Aprendiz de poeta,
Que um dia erra e outro acerta.

⁠Em um simples passo
Em um passo
Passo o tempo
Em descompasso.
Passo o vento,
O silencio, o espaço.
Flores imaginárias
Extraordinárias, exuberantes
Pena, solitárias
Passo a chuva,
O frio, calor,
Ardor e paixão,
Em desilusão.
Tudo isto passo
Na distância tranquila,
Imutável.
De um passo.
Outro poema dedicado a Léa, passageira de meus pensamentos e emoções.

⁠O poeta morreu

No entanto sobreviveu, a um cruel tirano,
que lhe fez encomenda, de narrativa heroica,
o poeta criou parábola, como homenagem
Aos tiranos sem coragem.
Este enfurecido ordenou a decapitação,
O poeta não tinha cabeça, tinha uma luz no coração
Brilhando...
Arrancaram-lhe o coração e deram aos cães,
Estranhamente a luz mais brilhava, iluminando a multidão
Que delirante sorria e dançava, festejando.
O tirano se retirando.
Largas passadas, seguido de sua guarda, que entoava a toada
Declamada do poeta.
O poeta viveu muitos anos, sem cabeça e sem corpo,
apenas com a luz brilhando, escrevendo poemas e rimando,
invisível, era visto em bares, iluminados pela luz.
Contam que um dia uma outra luz, surgiu,
e em harmonia, levou-o para ninguém sabe.
Sabe-se que até hoje,
a toada simples e ritmada,
é cantada.

Escrito para o rei.

Um dia desses escreverei
O que sei e o que não sei.
Este escrito guardarei.
Não o entregarei ao rei.
Nele estará o segredo
que,felizmente, não saberei. ⁠

Razão

Não que fossem iguais
Nossos anseios, sentimentos
Mas éramos pares tais
Em doces e loucos tormentos

E destes talvez delírios
Mágico breve momento
Cruzaram-se olhos martírios
Num claro entendimento

Ficou sem sentido e encanto
Algo que não fosse crescer
Cumplices dali por diante
Fazendo daquele instante
Motivo para viver.⁠

⁠A moça.
Havia uma moça,
que gostava de mim
me olhava com encanto
e, eu, presumido e envaidecido,
nada decidi.
A moça desgostou,
na minha rua não passou,
cansou-se de minha arrogância.
Cansou-se de minha ignorância.
A moça, talvez ressentida,
sem contrapartida, partiu.
sumiu...
Talvez sentida.
Saudades desmedidas, incontidas
daquela moça, de seu encanto,
que não mais encontrava, em
buscas desalentadas e vazias,
afogado em vinhos, pelos cantos.
Saudades doloridas de algo que não vivi,
E que faria meu coração bater mais forte?
Que ainda permanece aqui.

Perder.

Enquanto dormia serena
Perdia, na forma de ver,
Deste quarto, pela janela,
O céu na noite estrelada
Caia...
Na cidade que em luz ardia.

O término do dia.

De repente
a música acabou.
Se mudou?
Pergunto eu estupefato.
Pois é um fato,
que dela sou amante,
detalhe importante,
a ser considerado
no instante em que
as lágrimas vieram.
Não eram tristes,
eram de alegria,
pois surgia,
lenta e solene
uma bela melodia.
Meu vizinho violinista,
excelente artista,
dedicou-me esta cortesia.
E, assim, entre lágrimas mudas
e sorrisos Internos, os que
são eternos.
Vai terminando o dia.

⁠Despertar.
Acordei pouco inspirado,
Estava travado,
Em meu pensamento,
Em um momento,
Antigo, guardado no porões
Do inconsciente.
Veio à tona de repente,
Como corrente, de vento,
Que abra a janela e o sol
Se faz presente.
E, ai, contente, olhei novamente,
Profunda e delicadamente.