Coleção pessoal de edsonricardopaiva

121 - 140 do total de 1537 pensamentos na coleção de edsonricardopaiva

⁠Depois que a chuva se for
Que sejam as coisas assim
Como aquele céu leve e pesado
De montanhas cinzas, flutuantes
E que nunca mais elas estejam
Do jeito que são agora
E que aquele peso que nos mantinha
A todos presos num momento eterno
Num morno inferno, como era antes
Uma esperança que não se encaixa
A visão de um barco que navega
A gente aqui, de longe olhando
Tanta amplidão de infinito
Da chuva que se vai, se foi
O Sol se esconde atrás da nuvem
Nuvem que se oculta
Atrás da linha do horizonte
O barco que também se foi
Restando apenas uma espécie de saudade
Igual aquela que o circo deixa
Bela, alegre, suave
Mas que, com o passar dos dias
Se faz em grave melancolia
E é por isso que as coisas são
Do jeito que são agora.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Plantei-me uma semente de silêncio
Em meio a uma floresta
De outros pés de sons intensos
O silêncio, que era bom, vingou
Germinou como quem nasce
Se plantado em lua crescente
Desde então, esse só cresce
Incessante, insistente
Chega até dar medo
O outro nome que a isso se empresta
é pé de segredo
O silêncio, se é que eu sei
Não tem nenhum compromisso
Não tem lugar onde chegar, nem idade
Pois desobedece o tempo
É uma planta temporã, sem lei
Pode ser que, se plantada de manhã
Se agigante
Pode ser que se atrase
Talvez pareça até ter fases
Da lua, pra que cresça
O nome disso é verdade
Pode parecer que sim
Pode parecer que quase
Mas no fim
Um dia, numa madrugada fria
Quando todo mundo
Tá incauto e dormindo
O silêncio dá seus frutos: imbróglios
São tantos
Que os outros dez mil sons se calam
Fingem mudos, se embalam
Olhos astutos, mudos lábios
Mono silêncio, uníssono
É quando esse som grita até
Chega a ser bonito de se ver
E não se ouvir.

Edson Ricardo Paiva

⁠Quando você pede
Um pouco d'água ao universo
E ele te responde numa tempestade
Sinta satisfação por esse momento
Saiba, que por pouco que te caiba
Ele pede em troca ao menos tua sede
Não basta ter coragem de querer
É preciso encarar teu medo
Teu receio de ser ouvido
Se teu meio é deserto
Creia, que se um milagre te escapa entre os dedos
Amanhã pode ocorrer
Que a tua realidade
Sejam lágrimas que evaporam
Ao silêncio se responde com silêncio, às vezes
Mas nem sempre há quietude
Pois a dor mais triste que há na vida
É que a diferença entre o sonho e a realidade
Não existe...mas ao mesmo tempo há de ser enorme
Acontece assim, conforme a tua crença
Porquanto, se não tem coragem ou sede
Quando olhar pra primeira estrela da noite
Quando olhar pro céu da madrugada
Nada queira, nem pede nada.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Nunca se prenda a nada
Nem prenda nada a você
Aprenda que o certo é deixar partir
Que teu coração seja deserto
E que tenha saída
Mantenha sempre aberta
Uma porta de entrada
Mas, lembre-se
Que pra tudo existe sempre
Um outro ponto
Este, o de partida
Assim como toda criança
Que se despede pra brincar na rua
E que nem sempre te escuta
Até que um dia, ela nem te ouve mais
E dessa vez ela parte, mas pra vida adulta
Aquela que você foi um dia
Nem essa jamais foi sua
Mas há de sempre regressar
Por aquela porta aberta que você deixou
Deixe-a
Deixe que ela venha pelo menos de manhã
Mesmo que ela venha cada vez menos
Assim como há pureza
No café que sempre fica
No fundo de uma xícara que você põe
Debaixo da torneira que goteja
E que vai perdendo a pureza
A cada vez que uma gota cai
Que teu coração seja assim
Porque no fim, tudo muda
O ponteiro, a goteira, o movimento de rotação
Algo sempre oferece ajuda
A planta cresce, a folha cai...tudo se vai
Exceto a sua essência, a parte mais bela da vida
Permita que ela sempre volte pra te falar das coisas
Se ela ainda é ou se não é mais aquela
Que teu compromisso seja sempre em deixar partir
Assim é a vida, no fim a gente compreende
Que isso não chega a ser tão triste
E que não existe outra opção
Mas deixe uma porta aberta pra ela
Pra que assim as coisas venham
Sejam belas
e depois se vão.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Parece que um vento de outono
Com folhas da mesma estação
E aquelas tardes de mesmices
Vem arder no coração
Pra mostrar que deixaram uma certa saudade
Daquelas, que se leva tempo a perceber
Mas elas vem, porque
Sempre há de soprarem
Vazios, que te fazem ocultar a tantos rios
Rios guardados num lugar que só se sente
Quando o outono varre as folhas
Que só sabe, que só sente
Os olhos que guardaram essas imagens
Paisagens que a vida escondeu
Num lugar assim, pra lá de especial
Perdido, escondido
Aqui, no coração da gente.

Edson Ricardo Paiva.

⁠A gente tenta entender
Tem horas que parece até
Mas a vida, essa é senhora do silêncio
Dona da verdade
Na paz dessa oportunidade de calar ou não
E de novo a gente morre
De novo e de novo e de novo
Morre dessas coisas que te vem do coração
E que te corre sem sangrar
Que te sangra sem que se perceba
Te vai numa oração que também morre
Sem subir aos céus
Oculta atrás de um véu
Na tristeza que outra vez se oculta
Na beleza das palavras por dizer
Que na verdade, elas também são ditas
No segredo da oração que não se escuta
Mortas, mas também bonitas.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Sós, sob o Sol
Assim que todos nós nos sentiremos
Após muitos sóis
E depois de uma porção de céus
Não, a vida não foi tão breve assim
Nem todo céu tão leve
O segredo do deserto, que de perto é nada
é só saudade do silêncio que me viu passar
Um lugar perfeito, todo feito de verões
Onde Juntos caminhamos
Pouco importa, estamos sempre sós
Se fizemos coisas importantes
Sem deixar nem sombra
Nem lembrança e nem certezas
Nada que se vê, não temos
É só uma nuvem de pássaros a vida
Que se espalha, se desfaz
Chegam perto de vez em quando
Até parece que nos toca e segue a vida
Chega um dia em que ninguém
Nem chora mais, ensimesmados
Deixa de lado, se vai como um embriagado
Desiludidos dessa falsa embriaguês
Uma estrada descalçada, ilusória
Estrada só...sob o sol que brilha
Uma trilha escura, falsa iluminada
Deserta, que de perto é nada
Só o silêncio da saudade
Que teve um dia uma ilusão de ver passar.

Edson Ricardo Paiva.

⁠O tempo que te faz pensar
No tempo que te resta, pra poder pensar
Pensar naquilo que te faz doer
Que te faz, de vez em quando, ver
Na paz que nos traz a cegueira
À hora costumeira, quando a vista falha
Que se enxerga de tudo ao avesso
Que se faz de cego a tropeçar nas tralhas
O tempo que te faz seguir a própria trilha
Compreender que há um preço a se pagar por tudo
Desde as pétalas aveludadas
Da rosa, cujo tempo há de fazer em espinho
A laje pesada de pedra moída
A lousa apagada, o senhor da razão que a escreveu
Mãe de todas as virtudes
O ninho, o caminho, a alegria e a vida
A areia da praia, que a gente sonhou pisar
Sozinhos, de mãos dadas, cada qual a seu tempo
Um sonho a se sonhar
Quando um beija-flor te fala, só de vê-lo
Batendo-te as asas
Te chamando a partilhar o mesmo teto
A mesma casa
Um repetitivo e eterno som que vem de perto
Olhando ao redor, é deserto...é tão longe
Na vida, quem pode te mostrar o errado ou certo?
O tempo que passa, que corre e morre junto
À graça da vida
Grata, ingrata vida
Que tanto um dia pediu
Pra ser assim, por igual dividida
E ela foi, porém...pra mal.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Você nunca mais poderá estar lá
Mesmo estando nas quaresmas
As mesmas coloridas
Granulosas, do início das nossas vidas
Hoje surge um novo Sol
Sendo ainda o velho Sol de sempre
Daquela hora linda, mas que a gente esquece
Quando Deus criou o acaso
E a semente germinou num vaso
Como coisa que acontece
Como talvez nunca mais
Nem natais, nem carnavais
Dois dias iguais na semana
Pensamento que perdura
De um momento que se nega
e que nunca acontece
Uma rede de pescar, correnteza levou
Deixando a saudade de olhar
Que de olhar se via
Eram horas iguais no mesmo dia
Onde eu estava e pra sempre vou estar
Fica a escassez de detalhes a esbanjar riqueza
Pra sempre estaremos ausentes
Fica aqui a dor que se sente e pela qual se vive
Igual a tudo que se foi
Mesmo sem jamais ter sido.

Edson Ricardo Paiva.

"⁠Se a hipocrisia matasse, nem precisava de vacina: o vírus morreria era de inveja!"

Edson Ricardo Paiva.

⁠Havia uma nuvem pintada
Numa parede da minha infância
Eu olhava pra tela e pensava
Que nuvens pintadas não chovem
Não se movem com o vento
Não matam a sede e nem fazem crescer as flores
Passa o tempo, isso arrepia!
As pessoas partem noutras nuvens frias
E as imagens que trazemos
Vivem à margem dessa nossa realidade
Mas, como eu disse, o tempo passa
Enquanto isso, nós passamos juntos
Apesar de juntos, sós
As nuvens de verdade, elas choveram todas
Num ciclo eternamente interminável
O mar arrebenta
Mas aquela velha amiga nuvenzinha
Ainda ostenta a mesma idade
Meu Deus, se ela me visse agora
Talvez fosse a vez dela, então, se perguntar
Por que é mesmo que as pessoas choram
Por que o tempo não demora um pouco mais
Mas, cada coisa tem o seu lugar
no espaço e no tempo
Hoje, logo cedo, os dois sairam pra brincar
Lembrança guardada
Se meus braços te alcançassem
Se hoje meus olhos te vissem
Como a vejo em meus olhares
Hoje eu te diria, minha amiga nuvem
Que é bem pouca a diferença
Nessa dimensão, cá onde estou
O tempo lento passa mais depressa
Chego mesmo a ter a impressão
Que ele, cruel, nos atravessa
Enquanto isso, você
No perene silêncio do seu céu de nuvem pintada
Atravessou comigo um universo e a vida
Choveu nos meus dias
Regou sim, muitas flores
Em cada poesia que eu lia, era ela
Soprando, nos ventos que as moviam
E foram muitas as sedes saciadas
Sim, de alguma maneira e apesar da distância
Também veio junta
Desde aquela vez, na infância
Pois não há nada na vida
Cuja função seja nada.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Este mundo anda sem tempo
Anda sem vida, anda sem alma
Este mundo anda sem voz
Anda sem antes, sem vez, sem após
Este mundo anda sem ama, anda sem gosta
De olhos e olhares vazios
Esperando pelas respostas que virão no vento
O tempo passa e venta e só faz frio
Este mundo anda bem triste
E por demais distante
Ao arrepio de tudo que a luz garante
Porque o tempo não responde
A quem não sabe nem ao menos a pergunta
O conceito de perto ou longe
Não junta o efeito à causa
Quando abrange para aquém do que se pode
Por ora, não se pensa em saber
Este mundo anda bem rude
Anda sem tempo e atenção
Nem mesmo para uma pausa, atitude ou reflexão
Enquanto isso o mundo passa
Este mundo anda sem graça
Sem poesia, sem melodia, sem quadra
Comprometido
Com qualquer ausência de compromisso
A beleza que não se vê, não vale
Aquele viço que se vai no dia a dia
Esse valia
É cão que ladra
É chão sem chão
O formato sem conteúdo
Eis o tudo que interessa
É pura espera por nada
Métrica quadrada
É tarde : breve e esquálida
Esférica ilusão
Colher o que não plantou...bem depressa
As respostas soprando no vento
Numa tarde linda, cujo vento ainda nem soprou
Nos momentos de silêncio
Em que as estrelas da noite conversavam
Num tempo em que se sabia
A maneira mais ou menos certa
De tentar fazer perguntas
Mas o mundo anda sem jeito pra formulá-las
Se esvazia, falando ao meu redor
Pior
Que tem falado de amor
Mas é que tem gritado tanto
E cada um, tão ocupado
Sentado num canto, pensando em pensar ou não
Este mundo anda sem chão
Mas voa através do universo
Um som que só faz sentido
Se ouvido no vácuo
Sem harmonia ou melodia
Um desenho sem vida
Num constante movimento de partida
Fraco de luz
Sem verdades, sem lume
Não chega em lugar nenhum
Anda perdido
Sob as dobras do tempo
No cume da ignorância
Que o traz e o carrega
Este mundo anda bem assim
Mas, enfim, isso não tem mais importância
Nem faz a mínima diferença
Quem não tem tempo pra pensar
Não pensa.

Edson Ricardo Paiva.

⁠"Alexandre de Moraes pensa que é o Imperador Júlio César; a minha esperança é que ele vá ao senado."


Edson Ricardo Paiva.


"A Beleza da vida
É o Sol lá no céu
Numa noite de chuva
É saber sentir
Quando não houver"

Edson Ricardo Paiva.

⁠"Agora é tarde
⁠Não se podem chorar
Cebolas descascadas
Olhos de ontem
Eles não são pra sempre
Nem podem arder no presente"

Edson Ricardo Paiva.

⁠"a quantidade de coisas que ignoramos será sempre infinitamente superior às que sabemos. Isso é fato e não há nada que se possa fazer pra mudar essa realidade."
(a menos que você passe num concurso público pra trabalhar numa repartição repleta de marxistas, pois daí você se torna o dono da verdade e sabedor de todas as coisas)


Edson Ricardo Paiva.

⁠"Estava desde sempre tudo escrito
era tudo uma ilusão sem chão que se cumpria à toa e bem
Iludir-nos
era a parte que nos cabia. "


Edson Ricardo Paiva.

⁠Vida, meu chão
Assoalho meu, brilhante
Preciso de ilusão por onde eu piso
Energia renovada
Excetuada essa alegria
Escondida atrás das cortinas do tempo
Termina que resulta em nada
É só pura realidade
É preciso ter coragem
Pra atirar tantos duendes à lareira
E enxergar que atravessou a vida inteira
Pisando sobre um chão feito de estrelas
Iguais àquelas lá do céu
Eram tudo, a vida inteira, folhas
E tempos e ventos e telhados
Velhas telhas
Nada que nos faça diferentes, nem melhores
Que as folhas e as abelhas
O chão de estrelas
Tinha o mesmo formato das calhas
Por onde escoa a chuva, que carrega as folhas
Parecia ser bonito
Parecia haver escolhas
Parecia até ser boa
Mas estava desde sempre tudo escrito
Era tudo uma ilusão sem chão que se cumpria à toa e bem
Iludir-nos
Era a parte que nos cabia.


Edson Ricardo Paiva.

⁠A noite clara a sombra ilumina
A lua se eleva, numa leve claridade
Tão breve quanto a verdade
As sombras se aclaram por uns instantes
Verdades de mentira, a mente as cria
A noite escura tira a luz, que à sombra iluminava
E então, nesse momento, minh'alma repara
Que os olhos, quando bem fechados
São capazes de olhar pra si mesmos
Pode ser que melhor do que antes
As noites sem luares são assim
Iguais a você, iguais a mim
Pode ser que elas peçam canções ao vento também
Sobre claro e escuridão
Canções sobre o mar e as estrelas do céu
Se a gente pudesse pisar lá no chão das estrelas
Se desse pra se ver de lá
Talvez então soubéssemos
O quão longe estamos de nós mesmos.

Edson Ricardo Paiva.

⁠Toda ela feita só de tempo
Do tempo que transforma a pedra em pó
A vida, ela é composta de momentos
Alegrias, risos e lembranças
Lembranças, como as cartas de um baralho
Confusas, imprecisas
Um par de olhos indecisos
Há sempre um par de olhos
Diferentes da poética cegueira
Diferentes da cegueira
Diferentes da poesia
Um par de olhos céticos
Diante da eternidade
Dessa eterna alternância dos dias
Um par de olhos que se vê no céu
Na escuridão, na solidão da madrugada
Que nos vê quando não podem ser vistos
E que a gente os vê, se não nos vêem
A vida é toda feita de momentos
E um par de olhos, que ela sempre tem.

Edson Ricardo Paiva.