Coleção pessoal de EddEmilio

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Cultura é o sistema de ideias vivas que cada época possui. Melhor: o sistema de ideias das quais o tempo vive.

Liderar não é tanto uma questão de mão pesada mas mais de assento firme.

Pouco se pode esperar de alguém que só se esforça quando tem a certeza de vir a ser recompensado.

Contos de fada não dizem às crianças que dragões existem. Crianças já sabem que dragões existem. Contos de fada dizem às crianças que dragões podem ser mortos.

Não apenas estamos no mesmo barco, como todos sentimos enjoo.

Se Deus não existisse não haveria ateus.

O homem de cada século é salvo por um grupo de homens que se opõem aos seus gostos.

O pior pensamento de um ateu é quando ele está grato e não tem ninguém a quem agradecer.

Não há assuntos pouco interessantes; apenas há pessoas pouco interessadas.

O miserável receio de ser sentimental é o mais vil de todos os receios modernos.

Existe um caminho que vai dos olhos ao coração sem passar pelo intelecto.

Não foi o mundo que piorou, as coberturas jornalísticas é que melhoraram muito.

Sou homem e, por conseguinte, trago todos os demônios no meu coração.

O amigo de um homem gosta dele, mas deixa-o ficar como ele é; a mulher de um homem ama-o, e está sempre a tentar transformá-lo noutro homem.

Louco não é o homem que perdeu a razão. Louco é o homem que perdeu tudo menos a razão.

Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes.

A maneira de apreciarmos uma coisa é dizermos a nós próprios que a podemos perder.

Uma das grandes desvantagens de termos pressa é o tempo que nos faz perder.

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Quando penso na pequena duração da minha vida, absorvida na eternidade anterior, no pequeno espaço que ocupa, fundido na imensidade dos espaços que ignora e que me ignoram, aterro-me e me assombro de ver-me aqui e não alhures, pois não há razão alguma para que esteja aqui e não alhures, agora e não em outro qualquer momento. Quem me colocou nessas condições? Por ordem e obra e necessidade de quem me foram designados esse lugar e esse momento? Memoria hospitis unius diei praetereuntis. (A lembrança de hóspede de um dia que passa. Sabedoria, V, 15.)

Ante a cegueira e a miséria do homem, diante do universo mudo, do homem sem luz, abandonado a si mesmo e como que perdido nesse rincão do universo, sem consciência de quem o colocou aí, nem do que veio fazer, nem do que lhe acontecerá depois da morte, ante o homem incapaz de qualquer conhecimento, invade-me o terror e sinto-me como alguém que levassem, durante o sono, para uma ilha deserta, e espantosa, e aí despertasse ignorante de seu paradeiro e impossibilitado de evadir-se. E maravilho-me de que não se desespere alguém ante tão miserável estado. Vejo outras pessoas ao meu lado, aparentemente iguais; pergunto-lhes se se acham mais instruídas que eu, e me respondem pela negativa; no entanto, esses miseráveis extraviados se apegam aos prazeres que encontram em torno de si. Quanto a mim, não consigo afeiçoar-me a tais objetos e, considerando que no que vejo há mais aparência do que outra coisa, procuro descobrir se Deus não deixou algum sinal próprio.

O silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora. Quantos reinos nos ignoram!

Por que são limitados meu conhecimento, minha estatura, a duração de minha vida a cem anos e não a mil? Que motivos levaram a natureza a fazer-me assim, a escolher esse número em lugar de outro qualquer, desde que na infinidade dos números não há razões para tal preferência, nem nada que seja preferível a nada?