Coleção pessoal de donageo
Você me esqueceu? Toda vez que lembro, é o que penso, você realmente me esqueceu?
Calei minhas palavras, me privei de me dizer tantas vezes o que me fazias sentir, me silenciei na expectaviva que meu silêncio troxesse o esquecimento, e adormecesse para enquanto fosse necessário o sussuro de um amor perdido entre os dedos da imaturidade. Silêncio não foi mais que uma ilusão, uma anestesia na intensidade de uma mentira, você sempre esteve aqui.
Cada lágrima que fiz secar, sem deixar cair, a cada passo para não despencar, a cada respiração profunda para não me cansar de sentir o sangue, o pulsar, em cada instante nesse silêncio, você estava em mim.
Desperto as minhas palavras, desperto o sabor do doce amargo, desperto do que me mantém vivo, intorpecido. Você não me esqueceu, você me condenou a ser o amor proibido, ao prazer de me prender aos sentimentos teu.
O amor que nunca tive, será eternamente meu.
De alguma forma algo sempre acaba me levanto até você, quando quase acredito que não sinto mais a sua falta, quando estou me convencendo que não tem mais nada nesse presente que nos ligue, algo de inevitável acontece levando meus pensamentos até as lembranças tuas. Toda força que parecia presente então se transforma em uma respiração, uma longa respiração. É apenas uma foto sua, que me apareceu, em meio as fotos de amigos de amigos, e lá você está. Meu sorriso sai, involuntário.
Nesse momento, um momento tão longo que anestesia meu corpo, sua lembrança, o seu sorriso. Uma imagem, tantos pensamentos, tantos sentimentos, ainda, tantos sentimentos. Adormecidos, quase sufocados, indignados por ainda estarem por aqui.
É difícil resistir a tentação de não olhar as outras fotos, mesmo sendo difícil assumir a fraqueza, a vontade é maior. Não vai ser bom, não vai fazer bem, a expectativa em ver mais de ti, de te ver sorrir e feliz, tão longe, tão bem, tão sem mim. São sensações tão inesperadas, tão de surpresa a colocar em dúvida tantas certas, ao mesmo tempo bem como o presente, ao mesmo tempo pensando em como seria agora, você aqui.
Então vem a mente, sabe, aquelas coisas que eu gostaria de dizer, coisas que não mudam nada, coisas que eu simplesmente me imagino te dizer, coisas que você talvez nem imaginem que estão aqui. Coisas que só com o passar do tempo e com a distância consegui perceber, quanta coisa que às vezes tenho aqui, me faz por breves momentos ter uma coragem arrumar alguma desculpa para te procurar, só pra conversa, só pra contar, por contar. Dentre elas algumas desculpas. Passam tantas coisas na cabeça, tantas conversar que poderiam acontecer, são diálogos jogados ao nada. Imprevisível, somos um ao outro um pouco menos que apenas estranhos. Diferentes.
Eu, que relutava em mudar, aprendi da pior maneira que eu mudaria, que não permaneceria sempre igual, aprendi quando a distância chegou e o tempo te levou, e assim aprendi que a vida sem ti faria de mim outra pessoa, aquela pessoa que você conheceu só era o “eu” por ser parte de você.
Se um dia eu tiver a oportunidade, ao te ver, de dizer algo, seria: Sinto saudades de mim, desse eu que encontro em você.
Acho que nenhum de meus medos será maior do que o de amar. Esse medo já vem relacionado a outro dos grandes medos: o perder. Parece um pacote completo: o perder, o sentir falta, o fracasso do fim, o de não se bom o bastante. O amor tem disso, de nos colocar à frente de alguém, dentro de alguém, da responsabilidade assustadora de querer ser alguém extraordinário ao outro, de ser necessário e reconhecido. Quando o amor não dá certo é incerto o que fica, e o que vai. É triste a princípio, um triste que não se vê o final
Quando eu saio por ai, sem rumo sem destino, não sei o que procuro e coleciono tudo em que eu me encontre. Eu quero um tempo longe do mundo e mais perto de mim, eu quero estar longe de escutar os pensamentos que não me pertencem e dar ouvido aos pensamentos se calaram aqui dentro.
Eu saio por ai só para me encontrar em mim, em coisas que eu nunca presto atenção em detalhes importantes que por tempo se tornaram invisíveis. Havia tanta coisa a frente de meus olhos que eu apenas via e não mais enxergava, há tanta coisa que agora eu decido se quero enxergar, há um pouco do que eu procuro e do que perco, das coisas que apenas vejo.
Eu estou caminhando na direção que nem sei se certa é, um caminho que não quero olhar apenas para frente, vejo tudo que acontece a minha volta, não sei se o mundo gira em torno de mim ou se eu o faço girar. Quando eu achava que olhar para frente era a melhor maneira de se seguir um caminho aprendi a olhar ao meu redor, para cima e para baixo, mas sei que meu caminho está apenas aqui dentro, quando muda minha respiração encontro vento que me guia e assim vou…
Sei que ainda há um longo caminho até me encontrar em mim.
Os dias vão passando, a sombra da janela vai mudando e eu não vejo, o café na xícara vai esfriando e eu não percebo. Eu pareço estar aqui, mas estou em você, me perdendo em pensamentos, lutando contra sentimentos, dialogando meus monólogos, fazendo ensaios a você. É inevitável não dizer, todas as vezes em pensamento, que te amo, não consigo mais segurar essas palavras dentro de mim, e a cada dia mais me sufoco por prender essa palavras enquanto respiro você. É o seu olhar, é o seu cheiro, a lembrança tão breve do seu gosto, do erro mais certo que poderia ter me acontecido, do pavor de me ver entregue aos desejos teu. As mentiras que tentei me fazer me convencer, e a ti fiz acreditar, a covardia em negar. Mas eu não posso mais negar pra mim, muito menos pra você, quando eu te vejo, quando eu sinto que sou importante pra você, quantas vezes eu não consegui te falar o quanto eu gosto muito mais de mim quando estou com você. O quanto te necessito, o quanto inspira em mim a vontade de ser alguém melhor todos os dias, alguém a crescer, a entender o que significa viver, amar, e até a sofrer, a aprender o que preciso for para conquistar, sem temer, sem fraquejar, conquistar, e conquistar, e conquistar quantas vezes fossem possíveis, você.
Sou simplesmente quem eu mais gosto de ser, quando estou com você.
Se sentir mudo, não é apenas não conseguir pronunciar palavras, não escutar o som da própria voz. Sente-se mudo quem, no meio da noite desperta, e ainda na cama chama por um nome, e o som sai tão baixo como um sussurro, como em meio a uma respiração tão cansada, sai como sem querer sair. Enquanto por dentro, entres lugares tão escondidos, quase sufocados, há gritos ensurdecedores chamando por um nome. Palavras que saem, sentimentos que se transformam em som, ecoando silenciosos sentimentos, que não são de se escutar, então sente-se mudo, quando não se faz escutar com o coração, daquele a quem se insiste em chamar.
Não sai, palavras não saem. Antes havia um motivo, agora há apenas pensamentos perdidos na linha de um tempo que já não tem certeza do que é presente, passado, se há certeza de futuro. Quando algo se perde leva muito mais do que do podemos prever. E ninguém se prepara para perder, no máximo, aprende a lidar com perdas.
Perdi tantas palavras, ainda tantas se perdendo em pensamentos desorganizados, e quando fazem algum sentido, não podem ser ditas. É mais simples dizer a uma multidão, sem problema algum, o que não consigo dizer para uma única pessoa, a quem realmente me importaria dizer.
Está tocando uma música agora, e nela encontrei várias das palavras que perdi. Acho que as músicas servem pra isso, para dizer a multidões o que uma pessoa gostaria de ouvir, o sentimento de alguém que também não conseguiu simplesmente falar.
Vejo mais pessoas que buscam ser amadas do que aquelas que buscam ser alguém para se amar, buscando mais pessoas que as façam felizes ao serem pessoas dispostas a fazerem outros felizes, esperando aparecer alguém que vá realizar todos os seu sonhos ao se tornarem capazes de serem o sonho de alguém. Esperam respeito, mas não se dão ao mesmo.
Pessoas querem provas de amor antes de entregar seus sentimentos, mas estão fechadas ao provarem seu amor pelo mesmo medo que sentem. Aqueles que esperam são muitos, aqueles que agem são poucos.
Todos tem medos de errar, de se magoar, todos, por mais diferentes que sejam, conhecem os mesmos sentimentos. Poucos são os que se permitem sofrerem, e estes, são os melhores. E é a verdade. Se tem uma ocasião onde ser forte é ser fraco é quando se trata de amor. Para quem acha ser forte é não se envolver, é não se permitir a expor o que se sente, a esconder e muitas vezes negar suas vontades, a fugir de suas vontades, este se faz fraco.
O que de mais belo e puro uma pessoa pode fazer para demonstrar um amor é o fazer sem esperar receber. Fazer por se sentir bem, se sentir bem por sentir amor.
Enquanto vejo muita gente amando para poder se sentir no direito de cobrar amor. Cobrar amor. Tem algo mais irônico do que chegar ao ponto de cobrar por isto? Tem sim, se achar em dívida por receber tanto amor, se sentindo preso como quem deve algo.
Admiro quem tem a força de admitir todo amor que sente para quem o sente, sem grandes certezas, sem esperar escutar o mesmo, e se sentir feliz por se sentir forte diante do que mais o faz tremer, independente da reação. Admiro quem tem a coragem de arriscar ver seu amor se perder, mas admiro mais ainda quem arrisca em oferecer seu amor ao outro, permitindo a possibilidade de enfim acontecer.
Como pode durante a madrugada de céu nublado, uma única estrela ficar diante de meus olhos, apenas uma que nuvens não conseguem esconder, ou o céu insiste em me mostrar? Parece brincadeira de mal gosto do universo, a esta hora, com o vento que vem de fora da janela, ela insiste em ser o centro da atenção. Se torna impossível não intensificar no pensamento que já estava a pensar antes mesmo de me deparar com ela, antecedendo o momento em que tomei a decisão de fechar a janelar, esquecer do mundo e me forçar a dormir, ou dormir para me forçar a esquecer do mundo.
Apenas ela. A mais brilhante de todas as estrelas deste infinito céu, tomado por nuvens de tom laranja, quase avermelhado refletindo as silenciosas luzes da madrugada. As nuvens fazem questão de passarem sem a ocultar, quem dera fosse só mais um sonho, mas é real. Tão real quanto as sensações e lembranças que essa estrela traz.
Já não é a mesma luz que viaja a milhões de anos, já não é o mesmo brilho da mesma noite, assim como já não somos mais os mesmo, como não permanecemos iguais, nem tão pouco com os mesmos olhares que a viram. Mas esta sempre será a estrela que não era estrela, ela continua sendo Vênus, que agora você já sabe que não possuir luz própria, que brilha apenas por causa da luz do Sol. Como agora eu já sei, que o brilho que via em meus olhos não era meu, era só por ver os teus, e o que deixamos de descobrir por depois, é apenas o que eu posso imaginar ao me ver olhando a mesma estrela que não é estrela, pensando na escuridão que um dia foi a luz que dava sentido a minha vida.
É verdade que temos que nos desapegar do passado, das pessoas que fizeram parte das nossas vidas e hoje já não conseguem se enquadrar no novo contexto, que não conseguem se adequar a nossa continuidade. Mas isso não significa que não podemos guardar todas as sensações que ainda se fazem presentes e necessárias, não podemos guardar uma pessoa, mas podemo e devemos guardar todos os sentimentos que aprendemos a conhecer, a lidar, e a entender com elas, afinal, são graças a esses sentimentos que somos o que sentimos hoje e isso não se esquece ou se “joga fora”, isso se compartilha com as novas pessoas a quem permitimos ter novas emoções.
A gente não prende as pessoas, mas a gente se prende ao que elas nos tornam, e esse é o curso inevitável dos que buscamos ser, com ou sem elas. A gente segue o curso, na companhia das lembranças emocionais, mesmo que sem os sentimentos pelas pessoas que nos trouxeram até este momento.
A gente ainda encontra no tempo um abrigo para descansar, para cicatrizar feridas, e até mesmo nos podemos nos tornar mais fortes para voltar a percorrer o curso em busca de outros novos sentimentos, outras novas emoções conhecendo novos estranhos com as mesmas dúvidas se estes virão a ser tornarem eternos ou novos desconhecidos.
Não é só isso que eu gostaria de te dizer, não é o que eu gostaria de te dizer mas é o que eu gostaria que você soubesse. Não quero amizade, de fato amizade dessas de amigos eu nunca quis, me contentava por achar que já era o muito te ter por perto, por ter sua atenção, uma parte do seu tempo, sua confiança e sua procura. Mas procurar um ombro amigo era o que te bastava, ter alguém pra te escutar e te entender era o que eu fazia, e tentava cuidar de você. Mas fui me esquecendo de cuidar de mim, fui segurando minhas lágrimas para ter forçar em enxugar as tuas de outros olhares que não te mereciam te fazer sofrer. Gastei minhas forças tentando te dar a minha força, e fui me enfraquecendo a cada vez que dizia estar bem para não te preocupar. Tudo que eu queria era te dizer o quanto te amava, mas o que conseguia era te dizer “tá tudo bem”. Nunca esteve.
Eu sempre achei que haveria um momento certo, um sinal que me mostrasse o momento e a maneira certa de te dizer da minha tortura em tentar ser feliz te amando te querendo pra minha vida mas te aconselhando a ir atraz da sua, da qual eu não fazia parte. Eu não te merecia, eu jamais saberia o que fazer, como lidar se enfim tivesse você, era como sonhar um pesadelo em que se tem tudo, mas se vê tão pouco diante que tudo tem. O medo de perder sempre foi maior que o medo de amar. Como fazer feliz pra sempre, como retribuir o que eu sentia se tudo era pouco pra comparar, como retribuir alguém pela melhor sensação que se pode sentir só por estar por perto? Alguém que me fazia ter vontade de ser eu mesmo, que inspirava tremores e calafrios, a ponto de se sentir bom o bastante. Mas não o suficiente para amar. Eu jamais conseguiria. Por que é tão mais fácil lidar com quem se ama pouco, do que com quem se ama tão intensamente que te faz sentir o medo de perder o que nem ao menos se tem? Que te faz se iludir ao se contentar com o pouco que lhe é dado, mesmo sincero, ainda tão pouco e tão necessário.
Amizade é um sentimento lindo que nutre o amor, mas a amizade é traiçoeira a quem ama, e o tortura, é ela que cria a vontade de estar sempre por perto sempre presente, a sempre escutar que se é um bom amigo, um grande amigo, um irmão. Amizade onde há amor se chama tortura. É a tortura mais pura que alguém pode sofrer, é dar a quem se ama os caminhos para ser feliz da forma que se achar melhor, tendo aceitado claramente e dolorosamente que são caminhos melhores que você. Ser amigo de quem se ama é querer dizer “fica comigo” enquanto diz “vá em busca da sua felicidade” e é dizer isso com sinceridade entraga-se o coração ao seu amor por ter a certeza que não mais vai usá-lo. Ser amigo de quem se ama é para pessoas muito melhores do que eu. Eu não consigo, eu não consegui e nunca mais vou tentar. O momento certo é mais do que aquele em que o amor acontece no coração dos dois, mas quando os dois sabem que o momento é não poder mais esperar.
Te fiz acreditar que meu amor era amigo, e não menti, porque tentei me fazer acreditar também, tentei acreditar que iria passar, e que a distancia com o tempo iria dar um jeito nisso. Mas se tratando de amor, o amor não se permite morrer se não for vivido e vivido até o seu último suspiro, e um amor não vivido é um amor condenado a ser eterno em uma alma. Ás vezes ele encontra um outro amor distraido, ás vezes não. Mas amigos, meu amor, de trocar confidências e saber dos seus dias, isso não.
Na mitologia Grega, Pandora foi a primeira mulher que existiu. Recebeu de cada um dos Deuses um a graça, de outro a beleza, de outros a persuasão, a inteligência, a paciência, a meiguice, a habilidade na dança e nos trabalhos manuais. Hermes, porém, pôs no seu coração a traição e a mentira. Foi feita à semelhança das deusas imortais como um castigo de Zeus aos homens por uma “treta” com Prometeu. Enfim, casou-se com Epimeteu que tinha em seu poder uma caixa que havia ganhado dos deuses, esta continha todos os males (a caixa de Pandora). Avisou a mulher que não a abrisse. Pandora não resistiu à curiosidade abriu e os males escaparam. Por mais depressa que providenciasse fechá-la, restou apenas um único: a esperança. E dali em diante, foram os homens afligidos por todos os males.
A esperança estava na caixa como um mal, o que é de se refletir, a esperança podia ser interpretada como um mal por fazer as pessoas acreditarem ou terem a sensação de que podem controlar o futuro, e ao pensar que se pode controlar o futuro isso pode se tornar um perigo por agir com ilusão.
A esperança seria afinal algo bom ou algo ruim?
A única coisa que seu é que a esperança é fascinante por se tornar um dilema, ela pode ser boa e pode ser ruim, dependendo não dela, mas de quem a usa.
Acho que todo mundo já tentou interpretar sinais, da vida, de alguém, do destino, do acaso. Acho que é um tipo de condição humana tentar colocar uma razão para tudo, explicando e correlacionando os fatos que podem ser aleatórios ou desconexos, e achar que tudo tem uma razão e um motivo de ser traz um pouco de conforto. Eu adoro a frase “nada é por acaso”, e acredito mesmo que não seja, mas interpretar sinais é algo muito complexo, que algumas vezes podem enlouquecer a mente, nos trair com a realidade. Quando queremos acreditar muito em algo, parece que nossa mente funciona, em muito, para que tudo faça sentido ao que queremos acreditar. Eu não duvido que sinais existam, mas eu gosto de duvidar das interpretações tendenciosa. Evita muitos problemas. Eu não duvido que os sinais que a Joana tenha recebido podem mesmo terem existidos como ela descreve, mas se tratando de realidade, convencer apenas a si próprio é só uma parte do processo, mas dar real sentido, comprovar o que se diz e convencer outros já é outra história. “Uma espada no campo pode ser apenas uma espada no campo”. Mas há controvérsias.
Não espero. Acontece. É assim com uma conversa, uma boa conversa, sem ensaios, sem texto pronto, sem escolher o que enfatizar ou não dizer. Uma boa conversa é assim, se surpreender com o que sai. Com o que consegue se jogar com o som das palavras, o mais sincero e impensado a se dizer. É mais do que se permitir sentir, de escutar a própria voz que projeta no ar e se faz presente aos ouvidos. É diferente de quando escutamos nossas palavras com a própria mente. É simples deixar os pensamentos presos, e apenas pensarmos, mas sem nos escutar, sem dizer em voz alta. É algo a mais. Alivia muito mais, sente muito mais. Falar… é só uma parte do prazer em se expressar, da leveza. A compensação vem no escutar. A melhor parte. Dizer a quem importa escutar, a quem importa saber, importa entender. É o compartilhar. A vontade de dizer pode ser grande, mas quando se encontra alguém, em especial, alguém, não há de se pensara duas vezes em que falar, é falar e deixar todo o dizer se espalhar. É olhar, sentir, perceber que vale a pena. Quando se diz com seus sentimentos e se vê escutado por outro coração é uma sensação quase inexplicado pelo silêncio. É o amor em compartilhar. O amar dizer o amar escutar. Completar-se. No fundo um sentimento surpreende, desabafar. No fundo de tantos outros sentimentos, o se mostrar. O melhor dos sentimentos, o ser compreendido. Depois de tantas palavras ditas, sinceras, jogadas de forma inesperadas, o sentimento de que, a quem escuta, que inspirar o prazer de se falar, a espera de mais uma outra oportunidade por mais tantas outras coisas a se conversar.
Talvez esse seja o problema de algumas pessoas, deixarem guardados sentimentos importantes no lado de dentro. É mais simples guardar. O corpo, o físico, é o que, nesse caso, deveria proteger os sentimentos, mas não sei com que eficiência isso acontece, dizem que o amor vem com o tempo, o que facilmente vem com o tempo é o comodismo. Sendo ao contrário, se os sentimentos protegendo nosso corpo, quantas feridas a menos teríamos? Que os sentimentos me protejam, e não eu proteja mais meus sentimentos.
Se a ordem da aproximação, da conquista fosse o conhecer, o tempo, o carinho, a amizade, o saber, se importar, sentir. O sentir… Sentir a saudade, sentir a vontade, a segurança, a confiança, deixar-se primeiro se envolver em sensações não em braços, presenciar, apreciar a timidez na fala no jeito de um olhar, não se deixar levar direto ao olhos fechados em busca de lábios, curtir a expectativa de novas descobertas a cada palavra, ouvir e escutar, observar atentamente a boca que diz, não atropelando a boca que apenas beija. O calor de um toque inocente ao corpo, o frio na barriga de um encontro inesperado, o constrangimento do acaso, a cara de besta, a sensação de ter agido como não deveria. Todos os pensamentos inquietos até quem sabe a proximidade, a intimidade, e finalmente com todas as certezas ao corpo. Gentilezas e mais gentilezas, deixar-se envolver-se em gentilezas, sem melodramas, sem confundir o romance com melosidades dramáticas, o valor dos pequenos gestos, dos cuidados, da importância em atitudes mais duras, até mesmo no amargo, as gentilezas.
É preciso um tempo, dos tempos de se apaixonar, que está passando, o tempo do romance parece que se acabou. O rápido, o fácil, o breve… o amor não deveria ser tão “moderno” primeiro se beija, depois se pergunta o nome. Sentimentos? Sensações? Emoções? O que requer tempo, pelo visto, está perdido no tempo, atropelado num tempo em que o físico, os fáceis e meros prazeres da carne é que estão em primeiro. Não temos tempo para o romance. Não temos tempo a perder, só temos sentimentos. Não, não temos. Tememos.
Só se contenta com farelos quem nunca comeu o bolo. Se contenta com um quase amor, quem nunca provou do amar ao ser amado.
Eu gosto é dessas sensações de destino. De olhar alguém pela primeira vez e sentir que algo mudou, que algo vai partir, porque alguém acaba de chegar.