Coleção pessoal de demetrioMDS
Então vamos acordar amanhã
e fingir mais uma vez
que nada aconteceu?
Queria saber até quando
vamos suportar essa distância,
e então poder confiar o que fazer...
O carrinho de pastel, a rua fina,
o mercado pequeno, a padaria da esquina,
não são dos mesmos donos,
assim como não sou mais aquele garoto.
Faz tanto tempo, que nem sei como ainda sei voltar.
A fachada, a praça, o ponto de ônibus,
os vizinhos ainda são os mesmos,
assim como essa sensação de tristeza, saudade e amor
que se mistura dentro de mim quando estou aqui,
e eu resumo como um grande vazio.
Mas não é vazio, é o contrário,
pois minha cabeça lembra e pensa
em tanta coisa ao mesmo tempo
que não consigo organizar
sequer um pensamento.
Eles fingem não me reconhecer,
da mesma forma que eu fingi
não sentir falta de estar aqui.
Ninguém viu, talvez poucas saibam,
mas queria tanto ter ficado.
Já não sei quem você é, e nem quem eu fui,
só sei que chegamos muito perto de sermos um.
É uma das partes mais importantes de mim.
Por isso que ainda me pego tantas vezes
me lembrando de você mesmo depois de tanto tempo.
Eu só soube depois, foi por isso.
Eu me repensei, me reformulei,
mas desistiu de me fazer sorrir
mesmo sabendo que eu ainda tinha tanto pra me dedicar.
O que mais me incomoda na verdade
não é nem a falta e nem a saudade,
mas ver que desistiu de me ouvir
e agora eu tenho tanto pra falar.
Tornou-se estranho para mim
poder caminhar sozinho na rua,
sem destino e sem pressa.
Pensar um pouco em nada,
perceber que já não carrego
em mim um grande amor,
mas que também não trago
comigo nem ódio ou rancor.
E eu queria te dizer que estou bem,
que é bom para mim me sentir assim
meio vivo, meio vazio, meio em paz.
Poder sentar na guia da calçada
em uma tarde tranquila e ensolarada,
ouvir uma música calma,
olhar para o mar que reflete o Sol em mim
e envia essa brisa fria que não é mais capaz
de congelar o meu coração, que anda quente,
buscando a harmonia que eu achei que um dia senti.
Os carros, as motos, as bicicletas,
os ônibus, os caminhões cruzam as ruas
sem nem notar as lombadas que
os pedia para frear um pouco,
fazem barulho e o caos do cruzamento,
e parecem não saber que é preciso frear,
andar devagar, às vezes parar, para depois continuar.
Queria poder ficar mais assim,
andar em marcha reduzida,
desligado e distante de tudo que me esconde
e causa um pouco desse tormento nos dias comuns.
Pra tu isso não és indireta
É direta para todos os "tus"
Tu nunca me verás
colocar uma gota
de álcool na boca
Acho triste
Odeio bêbados
Suas risadas sarcásticas
Seus tons de voz alta
Estar fora de controle
se achando no comando
Alienado diabo do momento
E não acho graça
Odeio o bafo
Sentir teu gosto
diferente na minha língua
Essas suas proclamações
me soam tão insinceras
E não quero ver
como estará amanhã de manhã
Sempre a mesma história de curtição,
arrependimento e esquecimento
Por mim, tudo bem para você,
Mas não, jamais pra mim.
Desacostumei sonhar assim...
Acho tão estranho me pegar
várias vezes durante o dia
pensando em como você está
e se está pensando em mim.
Assusta-me tanto perceber
que ando pensando mais
em ti do que em mim.
Para aqueles que querem acordar
em um mundo diferente, melhor.
Use as mãos, e não apenas a imaginação.
A: "-Bom dia"
B: "-Bom dia"
Eu me canso de sempre voltar
e ver as mesmas pessoas
Os mesmos cumprimentos automáticos
e os sorrisos forçados
Repetição
Re - repetição (-Ahhhhh)
Gente normal
Gente superficial
Não é mau humor
e nem carência por atenção
Mas para cada "bom dia"
minha vontade é de estapear
Estapear a cara de cada sonâmbulo
para ver se dessa forma acordam (-Acordaaa)
Gente que não vive
Gente que não pensa
Como é que conseguem estar sempre aqui sorrindo?
Acho que não nasci pra isso
Sabe, minha vontade mesmo
é um dia acordar e não voltar
É, qualquer dia desses
eu não apareço ("-Silêncio")
Gente normal (gente que não vive)
Gente superficial (gente que não pensa)
Gente que não vive (gente normal)
Gente que não pensa (gente superficial)
Não se surpreenda se em qualquer
dia desses eu desaparecer
A: "-Bom dia"
B: "..."
Estranho te ver assim
e fingir que o tempo não passou,
que a gente não se afastou,
que ainda somos aqueles.
Mas esse deslocamento
que segura na tua mão e na minha
não nos permite ignorar.
Existe um espelho enorme entre nós
que reflete quem um dia fomos,
Mas não, não somos mais iguais.
Só somos os mesmos nas lembranças,
nas velhas e perdidas palavras
e na vontade de sentir o que um dia
sentimos um com outro.
Houve um tempo em que diziam
que o amor vencia tudo.
Há um tempo em que dizem
que só amor não basta.
Mas que pessoas são essas
que precisam demais de mais?
Vivem uma vida inteira correndo
em círculos em busca de castelos
Que parece que desaprenderam
sentir o sabor doce de estar em paz
(Pára um pouco,
Pára um pouco e fica aqui comigo).
Qual é mesmo o significado
da vida hoje em dia?
Abriria mão de tudo,
Derrubaria muros,
Moraria até na rua
Se fosse pra ser feliz só com você
Por que quando eu falo 22
tu entendes 15 mais 7?
Tá errado, tá errado.
Tem alguma coisa muito errada.
Eu só quis dizer 22 mesmo.
"Levantar âncora"
Afasto-me desse nevoeiro
Avisto o longo horizonte
E gosto muito de navegar
Mas não apague seu farol
que eu ainda preciso de um
porto seguro pra voltar
Fala, fala, fala... e como fala.
Estagnada mentindo para si mesma dizendo que está tudo bem.
Falsa satisfação que serve como escudo para os olhos invasores.
E aí dentro? Eu sinto! Está tudo tão sem sentido (sem destino).
E as palavras? E as desculpas? Previsível demais, demais...
***Surpreenda-me!
Você marcou boas lembranças em mim,
Por isso que de quando em vez
eles me pegam falando outra vez de você
sorrindo e com estes olhos brilhando.
Você não vai me ouvir dizer
que tenho algum medo do que pode ser,
porque quero muito ver o que vai acontecer.
Mas a covarde verdade é que tenho, tenho muito medo.
Sabe, às vezes eu sinto uma enorme saudade,
Penso em tudo de bom que você fez e em voltar.
Mas é só você reaparecer e começar a me irritar,
que eu entendo o porquê que me afastei.