Coleção pessoal de davimgaldino

Quando nos aproximamos de Deus somente por uma imposição mandamental ou pela esperança de receber algo em troca, e não por uma constrição existencial, contagiados pelo Seu amor e graça incondicionais, caminhamos apenas para mais uma ilusão religiosa criada por nós mesmos.

A sabedoria advém de uma confluência sinérgica de experiências que surgem, sensibilidades que se afloram e conhecimentos que se adquirem. Apenas a experiência por si só, ou a sensibilidade, ou o conhecimento não a produz.

Como um artista que imprime o último retoque em sua obra-prima, Deus, no terceiro dia após a morte de Jesus, desbotou para sempre os tons escuros da morte e os sobrepôs com os tons mais claros e nítidos da vida.

Um homem nem sempre julga o outro simplesmente pelo mal que este cometeu, mas talvez porque tenha o vil e inconsciente desejo de se sentir melhor e mais digno do que ele.

Quando valorizamos apenas os momentos e deixamos de investir no porvir passamos a ser superficiais, rasos. Entretanto, quando valorizamos apenas o porvir e esquecemos de viver os momentos em sua substância, deixamos de nos tornar intensos.

O ciclo de vida do homem por vezes se assemelha à trajetória de um fruto: acha que já amadureceu o bastante, até cair em sua própria soberba, até então apodrecer em seus caminhos vis, e, com a ação de Deus e do tempo, volta a ser semente novamente, e ter a esperança que pode não apenas voltar a ser o que era, mas também gerar frutos.

Quando estabelecemos critérios para o amor não podemos amar ninguém além de nós mesmos. Apenas refletimos no outro o próprio egoísmo.

A certeza que gera as convicções advém muito mais da prática aliada à teoria do que propriamente da infalibilidade lógica de nossas presunções. A prática aliás, sempre prova que simples idéias nunca são infalíveis, e é, através dela, que as convicções passam a se tornar ideais de vida.

Dividir é uma lógica sob a perspectiva da graça, portanto, mais divina que humana; A lógica natural do homem, infelizmente, consiste bem mais em somar e multiplicar para si e subtrair o que é do outro.

Devemos fugir de sermos apenas espectros de uma vida pragmatizada. Se não conseguimos enxergar além dos horizontes desse mundo decaído, somos fadados a enterrar com ele no encerrar da nossa existência sentimentos que ecoam a eternidade, como o amor e a esperança.

Todo novo dia que se estabelece é composto por uma nostalgia do passado, pela realidade do presente e pelos sonhos do futuro. Às vezes ficamos mais presos ao aprendizado com o que se passou; em outros momentos apenas vivemos o dia como se fosse o último; mas também há aquela hora que só vislumbramos o que está por vir: vamos sempre flutuando nesse prisma do tempo em busca de um dia feliz.

Aprendemos pelas experiência de outros ou pelas nossas que escolhas resultam sempre em um perde e ganha constante. A vida com Deus, entretanto, vai contra a lógica deste axioma de entropia no Universo: Inclusive aquilo que seria perda, Ele transforma, através da Graça, em ganho.

Somos humanos, limitados, finitos, é verdade. Mas temos uma capacidade ilimitada e graciosa de expressar tal limitação... Nossa compreensão é limitada, mas nossas expressões, através da arte, da poesia, de reflexões... são extravagantemente sem fim.

Fé é trocar segurança num poder "concreto" deste mundo pela confiança, mesmo às vezes insegura, em um poder "abstrato" de um mundo invisível.

Depender apenas de si mesmo é uma autossuficiência ilusória. É parecer sentir todos os controles nas mãos, mas na verdade não comandar absolutamente nada.

Resgatar o amor em meio a mágoa, o perdão em meio ao ressentimento, a alegria em meio a dor. Coisas que só um Deus que habita em nós pode fazer.

O homem é capaz de expressar significantemente suas maiores frivolidades, e tímido em demonstrar as sensibilidades, por menor que sejam.

O maior paradoxo do cristão é viver em harmonia com a sua existência e a oposição à sua existência. Valores deste mundo e o do que o transcende.

A dor sofrida por Cristo ainda é presente no meio dos órfãos, viúvas, famélicos e enfermos. Ele sofre quando não vê a igreja (nós) entre eles.

A capacidade de ouvir a mim mesmo nunca deve se tornar em incapacidade de ouvir críticas a meu respeito.