Coleção pessoal de danmelga
Pra ser um bom artista, sinto que preciso ignorar minha autoimagem, deixando de perceber como as pessoas me percebem. Tenho que abrir mão da autoimagem, pelo bem da própria imagem. Se eu ficar preocupado com a autoimagem, eu abandono a imagem. E vice-versa. E no dia a dia, no relacionamento com as pessoas, eu só preciso me preocupar com a minha autoimagem.
Eu gosto de ter as minhas reflexões, de refletir, de ter a sensibilidade, mas o que eu tenho que trabalhar, e o que eu já venho trabalhando, é isso: por mais profunda que seja a reflexão, que não seja algo que me leve pro fundo.
Pra compreender o passado, basta a gente estar vivo, pra gente poder viver e o passado deixar de fazer sentido, e a gente olhar praquele passado com distanciamento.
Eu percebi como sozinho eu vejo as coisas transbordando de dentro de mim. Como transborda o que eu tenho de pensamento, de sentimento, e sensação e percepção. E com aquilo que tá transbordando, eu preciso fazer alguma coisa.
Às vezes eu me sinto estranho comigo mesmo, de estar sozinho, porque eu vejo o quanto a minha alma transborda coisas, e pensamentos, e sensações, e percepções do momento, que eu imagino que são além do normal. Mas, ao mesmo tempo, estar sozinho com essas coisas transbordando é bom, porque se as coisas transbordam, eu posso pegar nelas. Como tá transbordando essas coisas, eu consigo ver e pegar, e analisar e fazer alguma coisa com aquilo ali. Eu consigo pegar, analisar, e olhar e refletir.
Como que um salvador vai estar em algum momento fragilizado? O que eu sei que segue forte é a Arte. A Arte, sim, Salvadora; salva quem faz, salva quem consome, salva o mundo todo.
Como que eu vou me sentir um salvador, se em alguns momentos eu mesmo quase não consegui me salvar?
Mais difícil do que sair de um sofrimento, é conseguir acreditar que aquele sofrimento vai ter saída.
Nos outros a gente sempre pode encontrar a contestação, a irreverência. E assim podemos aderir algo novo a nós.
Nem precisamos morrer e nascer de novo para termos novas chances, essa vida já nos abençoa com essa possibilidade.
Eu vejo a escrita como um trabalho que, independente de qualquer coisa, eu tenho que realizar. Inevitavelmente.