Coleção pessoal de DamVob

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Todos os desejos são propostas de consumo. Inclusive aquele desejo supremo de viver para sempre. A imortalidade implica em eterno consumo.

A mercadoria mais leve e menos barata é a esperança. Aceitar a ideia de uma vida infindável é como comprar o brilho de uma estrela apagada, fulgor fantasma extinto em sua origem. Os mercadores da fé vendem a areia de seus desertos, oferecendo peneiras para carregá-la.

De onde vem essa autoestima tão elevada em certas pessoas? Condescendências de sua inconsciência. Alguém com o entendimento pleno de sua importância no mundo jamais se entusiasmaria com tal conhecimento. Pelo contrário, é bem provável que abdicasse da vida.

A teoria produz o ingênuo. A prática faz o vilão.

Certas pessoas são monstruosas pelo que fazem. Outras, pelo que não fazem.

É uma lei natural: quanto mais você baba em cima, mais escorregadio fica.

Amar é algo tão inteligente quanto plantar uma sequóia num vasinho.

Nada se movimenta quando as cabeças estão paradas. Malditos sejam todos os intermediários, catapultadores de mentes, atravessadores gananciosos e entregadores de mensagens mediúnicas truncadas aos deuses da covarde preguiça humana.

A desinformação é a alma da burocracia.

Aprendemos a nos emocionar com a ficção enquanto perdíamos a capacidade de nos sensibilizar com a realidade. Mas o que mais poder-se-ia esperar de seres montados sobre bases falsas, cuja hipocrisia é mais latente que seus próprios corações?

Família: ou você tem, ou não. Se não tiver, nem tente formar uma. É bem possível que a mesma já nasça desfeita, por sua falta de intimidade com o conceito.

Tristeza, fiel substância das coisas.

Você pode sentar e esperar pela morte... ou você pode esperar em pé.

Crer é ter misericórdia de Deus.

Nossa existência representa um curto período de corrente alternada dentro da incomensurável corrente contínua da eternidade. E toda nossa metafísica se resume na questão: consiste uma tal corrente contínua de vida consciente... ou de inconsciente morte? A julgar pela banalidade de toda experiência, mesmo os mais otimistas deveriam rever seus conceitos fantásticos, aceitando a impossibilidade de uma eternidade saudável para uma mente tão mesquinha quanto a humana.

Há uma classe de homens que parece deslocada no tempo, estranhamente decadente, ao menos aparentemente. Há uma classe de homens que não se envolve com os delírios de sua época, de todas as épocas, misantrópica e isolada em uma espécie de orgulho senil e rabugento. Há uma classe de homens que superaram a classe dos homens, para a qual toda humanidade não passa de um grupo choroso de crianças perdidas num parque sombrio, esquecidas pelos pais, sem ter a quem recorrer. Nenhum adulto por perto... e as crianças imaginam pais que jamais tiveram, órfãs estrepitosas que são desde seu incerto nascimento. Há uma classe de homens que compreendeu isso, entendendo também a inutilidade de suas fantasias.

Beber um mar de vinho e naufragar na própria insuficiência. O que se é? Um micróbio nadando contra a corrente. Nunca deixando de ser um espermatozoide perdido no dédalo de um útero seco, de ovários arenosos e óvulos de pedra.

Não há o que fecundar na vida além da aridez da vida em si.

Jogar tudo pro alto, e se nada cair... bem, jogou-se nada pro alto.

Tantos vivem fantasias que já não se acredita em mais nada.

O futuro é a sombra do que não fizemos à luz do que deveríamos ter feito.

É muita covardia dispor de terceiros para fazer caridade. Tenha brios: dê uma esmola direta.