Coleção pessoal de CristinaMarafiga
Sobre amar
É lhe querer bem, quer seja no coração de outrem
Alegrar-me com o brilho no seu olhar
Mesmo direcionado à outro lugar
Sem necessidade de se afastar
A lágrima na face é apenas saudade
E a existência dela constata que fizeste bem a sua parte
A vontade em ter você não anula o quão bem quero lhe ver
Não há culpa em não corresponder um sentimento
Dor ameniza-se com respeito
Se não for ao meu lado seu desejo
Entendo que o destino reservou outro desfecho
Amar jamais será errado
Ainda que os caminhos não estejam entrelaçados.
Nossa química
Ela atraída por rocha em erosão
Ele metal em acorde e som
Os elementos que se fundiram
Formaram outra química que os uniram
Quem diria
O dark das madrugadas
Tirando sono da praiana das águas claras.
Será em vão?
Minha voz ecoa em teu silêncio
Meu ardor na tua contidez
Crio palavras, utopizo minha história
Mas por que corro se ainda caminhas?
É tão bom, mas me definha
O sol que ilumina, também pode queimar
Desculpe, mas vou me retirar
É assim que sou não sei mudar
Não estou abandonando
Apenas recarregando
Esse silêncio e vazio por hoje sou eu quem planto.
Realmente, você não é culpado pelas expectativas por mim criadas
Mas é sim, por aquelas por você instigadas
Me abstenho da culpa pelas minhas ilusões
Pois você conhecia cada uma e a nenhuma se opôs
Não esperei de você castelo e cavalo branco
Apenas transparência para que não houvesse engano
Provavelmente nem imagine que está fazendo parte desta história
Mas a cada semana que vejo aquela mochila nas costas
Conto os dias para ver sua volta.
Daqui a pouco essa saudade passa
O coração se afaga
E seu rosto se apaga
Daqui a pouco a explosão que queimava
De repente vira uma lava
No encontro com a frieza
Sem perder a beleza
Transforma-se em rocha
Rija não mais chora
Daqui a pouco já nem saberei quem me fez escrever o que sinto agora. Daqui a pouco.
Arte sol e mar vivem a me encantar
Na arte de amar deixo a desejar
Desculpe por decepcionar
Meu mundo é uma utopia
Tudo que sinto vira poesia
Minha mente variante é insana
Muito prazer sou uma pisciana!
Faço amigos verdadeiros
Vivo intensamente o amor de veraneio
Jovem demais para ser velha, me divirto
Velha demais para ser jovem, eu ranzinzo
Não é porque todos vêem um paraíso que me deslumbro
Vejo com meus próprios olhos, meu paraíso é no meu mundo
Poderia até ser numa cabana
Se é certo não sei, sou humana
Não vivo a vida na sensatez, prefiro apenas senti-la
Um dia de cada vez.
Imagine um lugar
Que você programa viajar
Te desperta o desejo de morar
E assim, poder descansar
Imagine um lugar
Que todo dia veja o mar
Em cachoeiras se banhar
À beira da lagoa caminhar
Imagine um lugar
Que a natureza venha te abraçar
O sol a esquentar
E o deslumbre nos olhos ao ver o luar
Agora pare de imaginar
Bem vindo ao meu lar, Floripa!
Sou dessas
Sento no mato
Olho pro alto
Admiro o abstrato
Piso no chão
Sinto os grãos
Enriqueço com a percepção
Sou dessas
Sonho um mundo melhor
Choro quando estou na pior
Devaneio com tudo ao redor
Sou dessas
Também subo no salto
Me perco no asfalto
Com brilho estrelado
Saio do anonimato
Eles
Cega em meus sentimentos, lamentos e tormentos
Eles estão sempre atentos
Se desapareço
Surge os questionamentos
Mesmo em noites de ventos, ao relento procurando qualquer boteco
Eles não se negam
Me perguntei, por que falar só da nostalgia
Se meus melhores momentos são com eles
Sempre em alegria
Escrevo sobre amor não correspondido
Mas é sem eles que não vivo
Esse verso é para vocês
Que ao meu coração sempre dão abrigo
E hoje lhes responde
Não existo sem vocês
Meus amigos.
Por que você pediu para entrar?
Tinha fechado minha porta para não amar
Não resisti ao seu jeito de olhar
E agora você pede para ignorar
Por que você pediu para entrar?
Quando eu era forte e desbravadora
Você surgiu com essa paixão avassaladora
E agora age como se tudo fosse à toa
Por que você pediu para entrar?
E agora pede para eu sair da sua vida
Então me diga onde está a saída?
Mas não quero encontrar
Estou esperando você dizer que quer ficar.
Farol
Ao alcance dos olhos tenho a lagoa salobra que a todos deslumbra
Ao invés disso, meus olhos não saem do portão a espera de você chegar, te ver passar
E com olhar mentir que não me importo, não sinto, não choro
Então vejo a luz apontar na grade
Meu coração parece selvagem
A inquietude que invade logo amortece novamente no breu
Aquele farol que entrou, não era o seu.
Crença
Em minha oração peço
Para tua fé respeitar meu desejo
Desejo de amar, beijar, abraçar
Eis minha paz
Respeito tua divindade
Então respeite minha liberdade
Teu coração pela tua crença petrificado
Está matando meu coração apaixonado
Que fé essa tua
Que fere e tortura
Não sou discípulo do teu Senhor
Mas mereço ser feliz no meu amor
Dentro de mim
Minha certeza é que não sei
Entendo que não compreendo
Perceba em meus olhos o que não estou dizendo
Será ignorância minha
Não ler as entrelinhas
Inescrutavel
Amor inescrupuloso
Dor prazerosa
Malícia viciosa
Arrependimento não tem volta
Quero não querer
Que desejo desrespeitoso
Despida tudo de novo
Despedida fria
Insônia frita de um lado ao outro
Enquanto sonhas como anjo
Eu endemoniada
Se adormecer enfim
Ao despertar
Mostrarei apenas o jardim
Exalando o perfume
Ocultando meu gume
Serei novamente
A coroa de flores
A janela
Foi por essa janela
O desejo
Ensejo
O aroma da cafeína
O corpo sem camisa
Tudo se acabava ao fechar da cortina
E quando a abria
Lá estava em mais um dia
Ou noite
Por vezes madrugada, silenciada
Apenas o som da porta me indicava
Ah, essa janela
Se falasse, contaria
Que deste lado da cortina eu pedia
Para me banhar na mesma água que em ti escorria
Sim, daqui eu ouvia
Não levou muito
Também não pouco, para a janela fechar
A porta se abrir e a mesma lua nos iluminar
Tomada em meu romantismo que te faz graça
Ouvi o sino tocar
O mundo parar
Uma vontade de nunca te deixar
Hoje não mais espectadora
Posso sair da janela
Fechar a cortina
E ser tua a vida toda.
Não te afaste
Tua companhia me faz bem
Me coloca "para cima"
Me faz falar sem parar
Sorrio como naqueles filmes de comédia
Te falo sobre tudo, mas você nunca saberá nada
Como água límpida contaminada, posso ser o espelho que reflete beleza, assim como vidro cortante
Aquele delicioso fruto agrotoxicante
Te farei mal te desejando o bem
Mas não te afaste
Sou correnteza abaixo do calmo rio
Sou onda remexida acima do mar manso
Sou exatamente o que ninguém vê e não me importo
Mas você arranca o melhor de mim e eu gosto
Talvez você não entenda
Talvez eu te confunda na minha ingenuidade
Te envenenando na sensualidade
Mas não te afaste
De todas as verdades
A que eu quero é que não te afaste!
Além do topo
Escalando aquela montanha, vivi cada passo, cada cansaço
Em vezes me joguei, me deitei e até chorei por razões e contradições, mas continuei
Sempre um pé à frente do outro, imaginando que nada mais poderia ser tão maravilhoso quanto a vista lá do alto
Sorri a cada tempestade, a qual inundava meu trajeto, otimizava-me em pensamentos de que nada mais era que a vida banhando-me a fim de aliviar meu cansaço
Valorizei cada flor, assim como, compreendi cada pedra, entendi a necessidade em aprender com as quedas
Então, batia mais forte minhas asas, ansiosa pelo pico, como borboleta pelo pólen, eu voava
E quando finalmente alcancei o topo, nenhum desgosto, era realmente maravilhoso, tanto quanto imaginado, era um quadro pintado
Em meu peito apenas um sentimento, de que nada poderia ser mais perfeito
Eis meu erro, impus limites ao ilimitado, determinei o clímax da minha felicidade, quanta ingenuidade
Além da magnifica vista, havia uma luz, doce e intensa, tão vibrante que ao tocar-me cegou-me ao ponto de não mais ver todo sacrifício vivido, e sim, apenas seus raios de emoções que estou sentindo.