Coleção pessoal de cristiane_neder
Vivemos a época da política sediada em uma matriz tecnológica e não na matriz sociológica, sendo que qualquer político pode prometer qualquer coisa, pois os recursos financeiros e o computador podem realizá-la mesmo se,na prática isso seja impossível.
Hoje, todos os políticos assediados pelas técnicas de comunicação acabam se tornando atores como Reagan a fim de também
ganharem as eleições. Hoje, o povo já não conhece mais a face verdadeira dos
políticos, mas conhece somente a sua máscara política.
Cabe lembrar o exemplo dos EUA, onde a televisão havia preparado o cenário, chegando ao extremo de colocar na própria presidência dos EUA, Ronald Reagan um personagem de cinema de Hollywood,
transformando-o em um poderoso personagem da política americana.
Com as novas tecnologias de comunicação os políticos estão se tornando cada vez mais personalistas e cada vez menos estadistas, cada vez mais personagens de ficção e cada vez menos pessoas públicas.
Os novos políticos, a fim de desenvolverem projetos políticos voltados para esta sociedade sintética, acabam se espelhando nela mesma e se tornam sintéticos também; as ideologias já não têm mais valor e nem os programas políticos, pois os políticos e suas metas são agora construídos em
estúdios, em sites e por marketeiros, e não junto à sociedade e aos partidos que eles deveriam representar.
Os seres-humanos transformam-se em andróides, não porque são construídos e desenvolvidos em laboratório como uma espécie de Frankstein, ou por nascimento, mas por conveniência a uma sociedade movida pela técnica, artificial e cibernética.
As novas tecnologias de comunicação levam a sociedade a modificar sua sociabilidade, estando o ser humano cada vez mais em contato com a máquina
e cada vez menos com as pessoas, a nível presencial. Hoje em dia, o ser humano
abastece o seu tempo de lazer com jogos interativos da rede, em bate-papos, em
salas de chats e em vídeo-conferências, relacionando-se cada vez mais com outras
pessoas por ‘’via técnica’’ em detrimento da ‘’via contato direto’’, mudando assim
sua própria maneira de ser também como ser humano.
O poder político dos outros meios de comunicação, como rádio, televisão, jornais e revistas, foi transferidos para a Internet, por ela ser o único meio de comunicação capaz de concentrar a todos em um único lugar e, consequentemente, de concentrar todos os poderes que cada meio tinha, dentro dela.
A revolução das novas tecnologias de comunicação causaram no mundo inteiro uma revolução de maior impacto do que a própria invenção da imprensa por Gutemberg, porque conseguiram congregar som, imagem e texto num único universo; apresentando como conseqüência, uma ‘’compactualização’’ dos meios de comunicação, unindo todos os elementos da comunicação em uma única máquina e em um único filtro de recepção, fazendo com que as indústrias de comunicação também se unissem criando monopólios na área, com poderes políticos inéditos nunca vistos antes.
Os incluídos no mundo das novas tecnologias de comunicação são somente aqueles que têm meios e poder financeiro para conquistar sua posse e uso.
Os incluídos no mundo das novas tecnologias de comunicação são
somente aqueles que têm meios e poder financeiro para conquistar sua posse e
uso. Os demais são usados como personagens secundários nos bastidores da
história da infovia e da Internet, para dar sustentação à imagem de um futuro
ilusório, onde ‘’cada um tenha um computador em cada mesa em cada casa‘’ – como sonha Bill Gates, o magnata da informática e da multimídia. Não nos
esquecendo que a grande maioria das pessoas não tem sequer casa para morar e,
muito menos, computador para usar.
Os países periféricos não possuem pesquisa de ponta para acompanhar o avanço tecnológico dos países centrais, criando focos de desnivelamento social em várias partes do mundo, onde o progresso sócio-político
não caminha junto com o progresso técnico-científico.
A atuação das novas tecnologias de comunicação cria novos exércitos de excluídos, aumentando os focos de riqueza em algumas nações e generalizando miséria em outras.
Os poderes locais perdem sua força, dando espaço para que o poder do mercado internacional, revestido pelo projeto político da globalização, tome conta do novo cenário
geopolítico.
A homogeneização da humanidade causa uma perda de identidades culturais nunca vista antes, através da influência das novas tecnologias de comunicação, trazendo como conseqüência, a pasteurização da cultura internacional e o enfraquecimento das identidades nacionais.
A realidade passa a ser, portanto o que os meios de comunicação querem, aquela que o capital compra e os efeitos especiais da computação e da publicidade desejam. Nada do que seja a vontade da plena maioria da sociedade, como deveria ser numa democracia verdadeira e não idealizada.
Toda a democracia, no sentido político mais abrangente, acaba sendo virtual porque, na realidade, as escolhas e as vontades populares atualmente são manipuladas pelos novos elementos tecnológicos de
comunicação, que acabam exercendo uma ação ideológica que transcende a
tecnológica.
Chamamos de política real aquela que é praticada no mundo real; que não é virtual. Mas, a democracia real nem sempre é real, embora aconteça no mundo físico presencial; não é real por circunstâncias e
influências da manipulação do poder financeiro; do marketing, da publicidade
e, principalmente, dos efeitos da mídia sobre a sociedade, que falsifica o real
tornando-o virtual, mesmo dentro da realidade.
Temos uma crise política real, da realidade
política local que não há como ser transportada para o universo virtual
Existem cassinos virtuais na Rede Internet em que qualquer pessoa de qualquer país pode jogar, mesmo no Brasil onde, pela constituição, os cassinos são proibidos.
Portanto, a partir da invenção da Internet, existem dois tipos de países também: o legalizado e o ilegal, aquele com fronteiras e aquele sem fronteiras.