Coleção pessoal de crislambrecht
Que a beleza torne a mim
que meu escritório torne a mim
que meus amores retornem
que meu amor divida-se
multiplicando-se assim
Que as estrelas tornem a mim
que eu torne à Lua
que o retorno seja breve e bravo
que meus passos sejam mais certos
e que sejam assim acompanhados
Pequena dos olhos faiscantes
venha comigo e me prenda
vamos viver em pleno extase
enquanto durar nosso infinito amor
e quando formos o que somos
seremos um e eu serei nove
Agora venha a mim o Sol
alimentai-me com seus raios
sou eu teu filho e também seu pai
e para sempre serei
hoje vou mergulhar
amanhã voltarei
e no dia seguinte estarei em Terra.
Oh, eu queria
Dormir na areia
Areia quente
Do sol de verão
Se me encontrassem
Dormindo no chão
Se preocupariam
Sem um motivo...
Realmente aparente
Desejos contidos
Prisioneiro de si
Árvore deformada
Cresceu na pequena lata
Preocupado com a preocupação
De quem me quer bem
Evitei estar bem
Para deixar tudo bem
Fui encontrando os motivos
A causa dos males
Eu tinha as chaves
E as mãos amarradas
Não fugi de ninguém
Não fugi de mim
Corri para encontrar
Me resgatar finalmente.
Um brinde à saúde
Às boas pessoas
As poucas boas pessoas
Não tão difíceis de se encontrar
Um brinde às novas experiencias
Às novas amizades
Ao que se aprende de novo
Ao que se dá e se recebe
À gentileza que ainda resiste
Um brinde ao velho mundo
Sobrevivendo hoje com bravura
Abrigando bons velhos costumes
Emprestar sem cobrar
Sorrir e chorar, acompanhado
Um brinde às coisas boas da vida
E às ruins
Que tornam as boas
Ainda melhores...
...um brinde
Fostes embora da ilha
Fostes embora da montanha
Fostes embora da gruta
Aonde pensas que vai?
Sabes bem..
Sempre estiveras comigo
Qual é a novidade?
Você mesma, nunca aparece
Tudo passa
Passam os carros
Pássaros passam
Pessoas passam
Poucos ultrapassam
Humanos passos
Húmidos passos
Perante o sol
Somem pegadas dos sós
Somos sós
Mas somos nós
A nossa força
É o que nos faz
Tudo passa
Chuva passa
Tempestade passa
Até furacão passa
O passado se foi
Volta em lembranças
Mas não fica
Difícil é saber o que sobra
É sempre igual
Toda vez que o ciclo torna
Voltam os mesmos desejos
A mesma paranoia
Aos poucos se compreende
Um pouco mais sobre o que se passa
Sabe-se o suficiente
Pra se ter ainda mais dúvidas
Necessidade de liberdade
Nessa época do ano
O coração afastado da lua
Exige suas asas
Agora tudo está por um fio
À flor da pele
Nos extremos opostos
Decisões indecisas e exageradas
O pobre Quixote
Está trancado em sua casa
E quando pode
Sai correndo por cima de tudo
Ninguém o compreende
Sua nobre causa
Minha causa
Casualmente nesses dias
Os dragões são meus
Assim como são
Deixe que eu lute
Com minhas próprias mãos
Se para você
O que faço não faz sentido
Deixe-me fazer
Ou venha comigo compreender
Não olhe do seu ponto
Daí você verá com seus olhos
Me dê sua mão
E vamos saltar.
Pouco antes do alvorecer
Acordei com um belo som
De, provavelmente, um belo pássaro.
Corri até a frente da minha gruta
Fechei meus olhos e apreciei
Deixei o canto e os raios tocarem-me.
Belo pássaro
Onde estará você?
Fugiu ao fim da madrugada.
Passei o dia todo esperando que voltasse
Para que eu pudesse ao menos ouvi-lo novamente
Em vão..
Há tempos não perdia meu tempo esperando pássaros
Ao anoitecer, vi a possibilidade de nunca mais encontra-lo.
Dormi preocupado, sono leve interrompendo-se noite adentro.
No dia seguinte, ao amanhecer
Ouvi o canto
Anunciando a chegada do sol.
Levantei-me e caminhei cauteloso até lá fora
Sentei próximo à entrada da gruta
E fiquei ouvindo-o.
Desta vez pude apreciar tal canto por mais tempo.
Descobri a direção do som
Segui-o
Meus passos eram silenciosos
Mesmo assim não pude vê-lo antes que fugisse
Bateu as asas e partiu.
Não fiquei triste
Vi a possibilidade de encontra-lo novamente
Se acontecer uma vez, poderá ser a única;
Se acontecer duas vezes, poderá ser um início..
Dormi bem, porém, bons pensamentos também roubam o sono.
Acordei próximo ao fim da madrugada
Falei com as estrelas
Disseram-me que o sol logo chegaria.
Será que elas sabiam
Que eu esperava alguém antes do astro?
Esperei sentado em frente à gruta
Olhando naquela direção
Ouvidos atentos a todo movimento.
Vi-o chegar
Dançava no céu escuro
Fez alguns movimentos e pousou
Logo depois
Cantou
Surgiram então
Os primeiros raios de sol
E pela primeira vez
Pude ver as cores do cantor
Tão belas quanto sua voz
Fez-se um sorriso em minha face
Atirei-lhe uma semente
Olhou-me
Olhou-a
Cantou
Encantou-me
E partiu.
Seu olhar era incrível
Queria tê-lo próximo a mim.
Ao final da tarde
Procurei por algumas larvas
E outros alimentos que ele poderia se interessar
E quando anoiteceu
Dormi cheio de esperanças.
Novamente levantei-me cedo
Falei com as estrelas
E preparei o banquete.
Ouvi a dança no céu
E seu pouso suave sobre um ramo
E seu canto
Que parecia mais belo a cada dia.
Quando pudemos nos ver novamente
Mostrei a ele o que eu tinha preparado.
Olhou para o presente
Depois para mim..
Desceu da árvore com toda sua elegância
Aproximou-se do alimento
Curvou-se pouco antes de chegar
Escolheu uma larva
E voltou para sua árvore
Cantou novamente e foi embora
Depois de duas semanas nós estávamos bem próximos
Seu canto se tornou comum.
Era mais um pássaro
Um belo pássaro
Mas eu estava
Novamente
Insensível.
Hoje não estou bem
Minha presença pode ser
Insuportável
Volte outro dia
Se preferir
Se quiser
Que eu ficaria
Feliz
Mas hoje
Não estou muito bem
Pois tive sonhos despedaçados
E quero me autodestruir
No fundo estou gritando
Por socorro
Ajuda
Apenas não peço
Porque não consigo
Mas aceitaria
Se pudesse
Porque hoje
Não estou muito bem
Este é apenas um modo
Que encontrei
Para não perturbar;
Sofrimento silencioso.
Sempre soube
Que todos têm problemas
E que o problema de cada um
É o pior de todos
Por isso pareço bem
Mas não estou
Fico bem
Por fora
Pois para todos
Pouco importa
Se não o interior
De cada um
Apenas
O próprio
Bem interior
Ninguém poderia ajudar
Alguém
Que se recusa a segurar
Outra mão
Alguém que prefere
Protege-lo
Dele mesmo
Sofro em silencio
Sofra em silencio
Pois cada um sabe a tristeza
E a dor
Que traz no coração.
Me quebro
Me corto
E sangro
Com meus próprios
Pedaços
Ando aos pés descalços
Me corto
E sangro
Com os pedaços
Que deixei no chão
Às vezes vejo pedaços
Me jogo à seus pés
Me quebro
Me corto
E sangramos
Somos iguais
Não tenho toda a força
Vivo em tentativas
Sob minha pressão
Estou em minhas próprias mãos
Cortadas, quebradas ou não.
Eu estava há muito tempo sem pensar nela
Tomei decisões e segui rumo ao meu futuro
Nunca imaginei que ela voltaria para cobrar
O tempo em que ficou esquecida por mim
A única pessoa que ela tinha...
Eu lhe disse que era preciso deixar as coisas como estavam
Que você não sentiria dor alguma por ser esquecida
E acabei deixando-a na solidão
E você não tinha escolha...
Tu quebraste as próprias costelas por mim
Dedicaste a mim todo o tempo noturno
Curaste rapidamente tuas feridas
E depois abandonaste todos
Enchendo-se de veneno...
Assim eu decidi viver
Assim eu planejei ficar
Até que a morte me separe
E a você eu dei liberdade
Mas você não tem um lar...
Tu viste como eu estive aqueles dias
Encheste-me com esperanças
Tuas palavras me calavam
De um modo que passei a acreditar
Que era eu a culpada...
Não acreditava que seria assim
Eu não pude esquecer
Você ficou ao meu lado
Sofrendo em silencio
Hoje eu venho me desculpar...
Não, não insistas!
Não tente desculpar-te
Crescestes e sabes o que a meu coração sucedeu-se
Ele está partido, e tu estás lá dentro
Não podes viver apinhando experimentos...
Espero que você me espere
Tenha paciência que voltarei
Saiba que sempre estivemos juntos
Estamos aqui agora
E vamos continuar...
Tu não compreendeste
Foi-se ao chão minha paciência
Como tu eu também levo um grande peso
Jamais imaginei que a raiva tomaria minhas costas
Farei com que sinta o mesmo e parta...
Façamos as malas
Vamos embora daqui
A estrada tem dois lados
Você escolhe para onde vai
Nunca vi alguém totalmente satisfeito
Que tivesse conseguido tudo que desejou
Se existe alguém assim
É pessoa de sonhos pequenos
Sempre fui bom em fazer planos
Mas o medo de erros possíveis me assombra
Às vezes parece tão fácil às vezes tão difícil
Conseguir manter-se de pé no caminho
O que me faz levantar e andar todas as manhãs
É o brilho ao fim do túnel deste grande sonho
Carrego uma certeza comigo, mesmo casado com a dúvida.
E o caminho também faz parte da conquista
Tenho um destino que tracei
Ele vai até um lugar
Onde eu poderei descansar
E planejar uma nova jornada
Não tenho pressa
Sei que chegarei
Por isso aproveito viagem
Para olhar a paisagem
Tenho sonhos tão grandes
Que preciso dividi-los comigo
Pois não cabem em mim
Mas sei que vamos chegar lá
Às vezes eu paro e olho para trás
E vejo tudo que mudei
Vejo tudo o que deixei
E o que me tornei
E quando eu vou para além dos olhos
Vejo-me com orgulho
Pois de mim veio a recompensa
É de você que deverá vir
Eu só quero descansar um pouco
Pois uma cabeça tranquila produz sonhos mais alegres
E quando eu decidir como vou prosseguir
Voltarei a caminhar rumo a este ponto
E quando eu estiver totalmente sozinho
Depois da insânia vencida
Cairá sobre mi uma nova chama
E todos ficarão sozinhos
Chegarei ao início da última jornada sem saber
Mas estarei completamente satisfeito
A passos pacientes será minha última caminhada
Pois o caminho também é parte da conquista.
Algumas semanas de rotina
Incansável desejo de evitar
De ficar apenas uma semana fora
Dessa rotina cansativa
Sativa noite poética de filmes de amor
Ao som dos caras
Noite poética de um romance destrutivo
Todo começo é confuso
Na verdade
É só a matiz da eternidade
Eternidade filopoética
Santa loucura que pode afastar
Ou devorar-nos de vez
Voltando a ser o exagerado de sempre
Que teme o fim
Que teme o começo
Que ama o presente
Que não sabe como presenteá-la
Com flores colhidas
Poemas roubados
Roubados de mim
Eterno ladrão
Eterno exagerado
Que acredita no amor
Mesmo depois de tanto
Tanto tempo
Numa rotina
Indiscansável
Sem lógica
Sem sentido
Sentindo que há muito que fazer
Temendo tudo que pode acontecer
Amante do medo
Das adrenalinas prazerosas e medonhas
Dos esportes radicais
Amante da paz
Da quietude de um céu noturno
Apreciado
Por dois pares
De olhos
Verdes
Sore o capô
Sob o céu
Com as luzes lá fora
E seu brilho artificial
Com todo o sentido
Sentido que se faz
Um momento de verdade
Único e verdadeiro
Eterno
Que sei
Logo se acabará
Ficará para trás
Pois sei que há de acontecer
Novamente
Tudo de ovo
Inédito como sempre
Passo a passo a passo a passo
A passo a passo a passo
Passo o tempo todo o tempo todo
O tempo todo o tempo todo
Tirando o sentido das palavras
Passo a passo a passo
A passo a passo a pessoa
Passa batida nos passa tempos
Passados e não cria criaturas
Caricaturadas mágicas em
Cerâmica imaginária
Imaginação em ação
Imagine um imaginatório
Giratório voltado para a
Lua...
Decepção decepção
Pouca compreensão
De poucos compreensivos
Homens vivos
Invisíveis por
Escolha.
Como se fosse
O primeiro contato
O mais verdadeiro
Passam-se as semanas
E tudo perde sua atração
É incrível!
O brilho se vai
Só fica o olhar
Puro como é
O tempo
Passa mais rápido
E tanto faz
Agora
O que eu tanto
Fazia
Antes
O que se passa?
O que está passando?
O que passou?
O que vai passar?
O que se passa?
Como está?
Como estava?
Como quer estar?
O que se passa?
Qual é a tua?
O que pensava?
Aonde quer chegar?
O que passa?
O que vai?
O que fica?
Para aonde é que você vai?
Passo a passo
Rumo à insensibilidade
Necessária inocência
Responsável pela sobrevivência
Num mundo
De sistemas
Tolos
Tola sociedade
Há de terminar sozinha
Hei de terminar sozinho
Todo fim é um começo
Tudo é solitário
Sólida solidão
Imensa necessidade
Poucas vezes fora ouvida
Geralmente é ignorada
Vou a passos despreocupados
Já que não posso levar-te;
Me leve.
Rumo ao futuro
Aonde não se chega parado
O caminho mais curto
Apenas terá
Mais obstáculos
Deixa para trás
Todo peso desnecessário
Aceita uma verdade lógica
Se quiser
Siga comigo
Enquanto puder
Ou siga meus passos
Ou estude meus rastros
Ou supere-me
Ou esqueça-me
Esqueça-me de lembrar
Me lembre de esquecer
Que não aprendi a amar
Apenas sei fazer
Vamos viver inventando
Que talvez seja verdadeiro
Talvez seja
Certeza.
Vamos dançar no silencio
No espaço, depois do tiroteio
Vamos rimar amor com dor
Vamos inventar o nosso amor
Mas só se for a dois
Vamos duvidar de tudo que é certo
De certo é cedo ou tarde
Nunca sei, nunca se sabe
Mas temos tão pouco tempo
Mais vale amar como se não houvesse amanhã
Mais vale acreditar que os erros são pequenas palavras
Apenas
Palavras pequenas
De antigos poemas
Antigos poemas bons
De poetas mortos
E poemas acabam atraindo
Mas estamos ligados
Tão ligados que a cabeça já não aguenta
Então deixe de lado os compromissos
E vamos para onde não há como desistir
Onde nada possa nos dividir
Enquanto as luzes artificiais iluminarem
Brilham as faces
Brilham os olhares
Sob as luzes, sob as estrelas
Te ver é uma necessidade
Luz, câmera e ação!
Vamos fazer um filme.