Coleção pessoal de comamor
E daí que eu chorei à toa? E daí que não deu certo? Foi lindo, intenso, verdadeiro. Foi tudo que tinha que ser, digo mais, foi além... Muito além do que um dia eu imaginei.
Acabou como sonhos que acabam ao acordarmos e que deixam sempre aquela vaga lembrança que te faz voltar a dormir pra quem sabe conseguir sonhar o mesmo sonho, quando no fundo você sabe que é impossível.
Se quiser saber como estou direi que estou bem, porque estou mesmo, por incrível que me pareça eu sobrevivi - como tantos outros que também chegaram a acreditar que não conseguiriam.
A verdade é que o sentimento é tão forte e bonito que tudo que a gente quer é que nunca acabe, mas sempre acaba porque cedo ou tarde perde a graça, vira dor ou simplesmente deixa de fazer sentido.
No fim das contas quase tudo que parecia ser eterno acaba por acabar. Foi assim com alguns sonhos, planos, pessoas, medos e traumas. E ainda vai ser assim com uma infinidade de coisas.
Aprendi, talvez da forma mais intensa, que o verdadeiro amor sempre te derá uma mão, duas. Aliás, te dará quantas você precisar. O verdadeiro amor não vai te pedir muito, ele pouco quer, tem muito mesmo é pra dar. O verdadeiro amor vai na hora da dificuldade te olhar nos olhos e dizer: "Vamos encarar juntos". O verdadeiro amor é também o bom parceiro, incapaz de te deixar remar sozinho e sempre disposto a fazer o que for melhor pra você. O verdadeiro amor completa, abriga, compreende, perdoa e surpreende. É mágico. O verdadeiro amor é coisa rara, sol na madruga, difícil de encontrar.
Eu continuo o amando, às escondidas, da minha forma meio errada e assim, de certa forma, cumprimos sem perceber a nossa promessa de que seria pra sempre.
O bom é que com tudo isso estamos bem. Já não dói saber um do outro, já não machuca a dor da perda. Acabamos por nos acomodar com a felicidade alheia ao outro, e o pior é que ela realmente nos satisfaz.
Ambos aprendemos a viver um sem o outro, deixamos que a saudade fosse virando amiga, deixamos que a lembrança fosse sendo suficiente, deixamos que o medo e a desconfiança tomassem o lugar de sentimentos outrora bonitos.
Embora já não chore a tua ausência, já não lamente mais a distância entre nós, continuo reconhecendo teu perfume, sabendo tudo a teu respeito e guardando muito do pouco que ficou de você em mim. Só que agora minha memória é consciente: Já não tento ver nas entrelinhas, já não tento adivinhar teu pensamento em determinado momento, já não me preocupo se foi ou não de verdade. Eu fiz minha parte, você a sua, o destino não nos quis juntos, já não há nada que possa ser feito.
Eu não deixei de amar você, nós sabemos disso. Não se deixa de amar o amor da sua vida, a pessoa pra quem você se entregou por inteiro, a pessoa que te teve na mãos. Não, eu não deixei de amá-lo. Eu aprendi a amá-lo ainda mais. Aprendi a amá-lo tanto que entendi que a sua felicidade, infelizmente, não é como a minha. Ela não está comigo, assim como você.
Você sabe que eu acredito, sabe que eu quero muito e sabe do que eu sou capaz quando quero de verdade! Posso ser seu melhor sonho, basta que você queira sonhar.
Se você me quer, como diz que quer, aprenda a conviver com isso: Serei eu mesma, em qualquer lugar que seja.
Você não era assim, esse não é você! Mas pára, espera, será que fui eu que sonhei demais com o que você poderia ser?
Eu te dei um sonho, lembra? Um sonho desses lindos, que a gente quer sonhar dormindo, mas só acordados é que podemos construir.
Mas já é tarde e a vida lá fora me chama. É hora de desligar o som que toca nossa canção e voltar a esquecer nossas lembranças.
Não é que tenhas que se encher de expectativas, não! É apenas passar a usar o óbvio como força pra acreditar que você pode esperar o melhor de si mesmo, que você tem o melhor em si mesmo e dai em diante ver o óbvio e você mesmo com novos olhos.
Novos olhos não vêem como os demais, novos olhos vêem cores e tons e sons e almas. Eles vêem o que ninguém pode ver!