Coleção pessoal de ChristieWingler

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Não sei mais o que escrevo, talvez algo que me faça sentido, ou que me falhe, que me encontre ou que me escape, que fingi por tanto não sentir, que agora neste papel mesmo sem te dizer eu digo que sou tudo que me foge, tudo que me retém, tudo que me invade, transborda e se perde, tudo que escancaro num sorriso, que oculto num choro sem som, só parte do que transpareço, nem um terço do que voce se propõe a ver, porque metade de mim é o que omito e a outra é o que me rasga o peito.

Eu fui embora de casa, embora do meu relacionamento de 6 anos, que era quase perfeito, embora da família dele, que basicamente me adotou, embora da nossa gatinha, dos abraços que me abrigaram... Eu fui embora do mais próximo da estabilidade que já estive.
Eu me arrisquei e risquei o vidro intacto, rachando-o, para parecer mais comigo, para ainda sentir que sou eu por mim e que sempre serei sozinha, e joguei tudo para cima, como quem vira a mesa ou uma dose de tequila. Eu estou andando na estrada escura rumo ao infinito, ao incerto, ao acaso, ora cambaleando, ora cantando, e continuo viva.
Eu deixei todos sem palavras, troquei o certo pelo duvidoso, perdi o ar de tanto chorar, mas peguei minha vida nas costas e fui andando com o coração pesado e os pés cansados do passado, mas que há 6 anos se acostumaram a ser fixos e massageados.
Eu pichei um quadro do Picasso, rasurei uma obra-prima, um romance aclamado, dei um fim ao que seria um final feliz, e agora sou alguém que viveu o amor e não que o deixou escapar pelas mãos, mas que encheu as mãos e a alma e depois o jogou de volta nas correntezas do destino para ser inteiro antes de dar o que não tem.
Eu sinto frio ao dormir sozinha, sinto as mãos geladas sem as mãos dele nas minhas, sinto falta do sorriso dele aquecendo meu peito e daquele olhar de admiração que corava meu rosto quando me via arrumada, da sensação de me sentir linda ao acordar mesmo com a cara amassada e, ainda assim, sigo com a minha decisão de ser sozinha.
Quando se namora dos 15 aos 21 e vocês se casam, você desaprende a não ser amado e tudo depois disso é raso, como observar a superfície de um oceano e não mergulhar. Estar com outra pessoa quase soa errado, é como se você ainda pertencesse a ele, e você toma banhos demorados, como se pudessem te limpar dos toques sem paixão que ainda estão no seu corpo.
Quando se tem uma infância/adolescência complicada e aparece o príncipe encantado suprindo todas as suas necessidades, você se sente sortuda e se torna eternamente grata, você cria raízes e se vê florir, se enchendo de vida e transbordando sorrisos que nunca soube dar, aprende a ser feliz como nunca havia sido e, de repente, quando tudo está sereno há tanto tempo, vem o caos que habita em você e te afasta, te isola do mundo mágico, porque aquilo ali não é você, não é para você. Toda aquela realidade aparentemente plena é surreal e muitas vezes injusta, você se sente um estranho no ninho e não se encaixa mais, mas você continua tentando e tentando, e, de tanto fazer força, vai destruindo o que está em volta, aqueles que te fizeram tão bem, perde o encanto e já é hora de ir embora para não estragar a história. Dói e vai continuar doendo, mas você precisa ir.
É hora de começar um novo livro, aceitar que você não é um romance e aprender a ser autoajuda, mistério e superação, seu guia de bolso, sua Bíblia. Hora de aprender a ser sua casa, sua melhor amiga, sua família e sua própria fé, ser a mulher da sua vida, a autora da sua história e a personagem principal – um pouco mocinha e um pouco vilã. Hora de amadurecer, dentro do seu próprio tempo, sintonizar na estação do agora, errar, se decepcionar consigo mesma, se perdoar e voltar a sorrir. Hora de entender Nietzsche, tomar bastante café e, enfim, tornar-se o que é e, ainda assim, ser metamorfose, se desconstruindo e reconstruindo quantas vezes forem necessárias até se tornar a melhor versão de si mesma.

É que eu tenho mesmo essa sede de mundo, de histórias pra contar, me desculpe não querer estar presa a você ou a um lugar. É que eu tenho essas asas pra voar e diversos pontos para pousar. Não é por falta de te amar, é por amor a liberdade de ir onde o vento levar, mas se vc quiser voar comigo, plana no ar, sem amarras e sem amarrar.

A divisão e a desigualdade são sintomas de uma sociedade antissocial e desumanizada.

Ei amor, se um dia a cama ficar pequena pra nós dois, se nossa musica não mais nos descrever, se as flores não tiverem mais o mesmo cheiro, promete tentar lembrar do meu calor no frio da serra que moramos, da minha voz rouca ao acordar e do meu Mont Blanc com frescor de jasmins e notas de sândalo?
Se achar que lhe falta algo, algo intenso ou harmônico. Feche os olhos e tenta lembrar das minhas unhas marcando suas costas, da nossa combustão, dos nossos gemidos alternados no ritmo em que você penetrava meu corpo e minhas chagas.
Mas se o café não for mais tão doce, nem mais tão quente, o sol não entrar pela nossa janela, se nossa aliança apertar seu dedo e seu peito, promete que pede pra eu ir embora? Só pra não estragar nossa história.
Promete tentar, mas só tentar guardar o melhor de ti, o melhor de mim, o melhor de nós e o nosso não acaso, o nosso eterno romance, mesmo que não termine tão terno?
Promete antes de desistir, tentar lembrar dos motivos que o fizeram me amar? E se eu não for mais a mesma pessoa, enterre o que fui, sem esquecer o que te trouxe; Mas se e somente só, sentir que não é um ponto final, tente acrescentar mais dois e no próximo parágrafo, me reencontre, me reconheça em um bar, a gente pode ate rir por eu ser xará da sua ex e você do meu, mas de como somos diferentes deles.
A gente pode ate dizer que foi o destino que nos colocou ali, mesmo que frequentássemos os mesmos lugares a 5 anos e que nossa cidade seja tão pequena que seria impossível não nos encontrarmos, você chamaria o garçom de amigo e me pediria uma pina colada, porque já conhece meu gosto agridoce e eu seus bons modos
Mas poderíamos fingir que é novo, que é inédito, poderíamos nos reinventar e nos reamar por indeterminas primaveras, fazer coisas que nunca fizemos, já que nos tornamos pessoas tão diferentes do que eramos, poderíamos então nos perder no lapso do tempo e do indefinido, assassinando os padrões que nos afogaram, das expectativas que colocamos sobre o outro, porque não entendiamos a beleza de ser contraditoriamente mutável e único, sem pertencer a lugar nenhum e ainda sim morar no abraço do outro.

Deixa eu ficar aqui parada olhando pro nada
como quem olha o mundo.
É que eu não tenho pressa
nem vontade de entrar neste tumulto.
Deixa eu sentir o vento, sem me preocupar com o tempo,
que a vida passa tão depressa e a maré ta baixa.
Então deixa eu mergulhar no que é belo,
que forma um elo entre o meu eu indefinido e o universo.
Sem decisões, sem precipitações, nem azul, nem amarelo

Sempre me lembrarei;
Daquela mesa redonda de madeira, os cafés da manhã, aquele potinho branco de manteiga com um trançado decorado. Os sorrisos e suas personalidades, suas cavidades, extremidades. Aquela árvore da calçada, aquela rede colorida, o alecrim, os beijinhos as samambaias e as orquídeas, o caminho de pedras e a grama verdinha, o sentido que tinha amar essa vida. Aquela gatinha com um olho mel e o outro azul, as tardes no zoológico, os peixinhos que voltavam pro mar quando morriam, as aventuras do kid bill um menino do velho oeste que meu pai criava historias todas as noites, e da pelica e o mundo da imaginação que minha mãe abriu as portas. Era lindo, mas ainda é vivo, em mim!

O novo é mais facilmente apreciado, é fascinante, sedutor, excitante e encantador, por isso admiro os que ficam, acompanham e contemplam os estágios da flor.

Para onde levou o sol?
Eu não sei mais Maria, o que fazer com estes dias que passam, mas nunca amanhecem.
É que eu estou sobrevivendo, mas não sinto mais intensidade e vitalidade, não sinto as gotas da chuva, e o sol para onde levou o sol?
Não me admiram, nem arrepiam-me mais as canções, tão débil parece o cheiro das flores agora, tão inconsistente o chão.
Seu corpo está distante do meu, abstenho-me então involuntariamente de amar qualquer coisa.
Perdi o juízo e as funções motoras, perdi a cabeça e a memória, não sei mais se seu nome é Maria ou felicidade, não sei mais o que fazer com esta saudade.

Devo lhe dizer:
Meu vocabulário é um tanto quanto chulo
Minhas mãos ja deram muitos murros
Não me confesso a um Deus surdo
Ja quebrei diversos muros
Não há grito em meus surtos
Não trago nada além dos meus fumos
Não sou adequada ao seu orgulho?
Mas querido, não existem valores em túmulos!

O jardineiro que dá flores ao ferreiro, não deve esperar por recebe-las. O resultado de idealizar reciprocidade é a frustração.

Falta afeto? Minhas frases de efeito; Não te afetam!

Somos sozinhos!
E esta gente em volta...
Estão todos imersos em sua solidão,
vivemos uma solidão acompanhada e generalizada!

Eu queria conseguir controlar minha dor com a mesma facilidade que você ignora o que diz amar.
O problema é que não sei dosar, me embriago, me afogo e não sei beber não sei nadar, não sei a hora de parar.

Quando alguém ridicularizar sua obra e olhar-te mal, julgando-te idiota, apenas ria, toda arte é abstrata aos olhos dos tolos.

De dores e amores estou imerso.

A dúvida cruel
A ordem, a desordem
A força, a sensibilidade

O orgulho, o mistério
Um arsenal de sentimentos, num instante eterno

Certezas incertas, respostas diretas
A inconstância, o drama
o vazio e o excesso

A vontade infindável do ser;
A busca incessante pelo eu.
Sorrisos, lágrimas e mais versos,

Sobre o nada, sobre tudo
Sobre ser quem se é e sobre o peso do mundo.

Eu não preciso ser nada pro mundo se eu for tudo pra você.

Eu vou me virar.
Eu vou me curar!

Porque eu sou as lágrimas que você não vê, as palavras que não digo.