Coleção pessoal de Chir

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(...) Somos espectadores da história, mas criamos expectativa. Inquiridores da vida sabemos sobre o amor e os olhos. A oftalmologia enxerga muito, embora os olhos passem da anatomia e fisiopatologia. Inevitável, sim, falar da medicina, sem falar das doenças, da saúde, dos exames. Porém, mais inevitável é não falar sobre os olhos, as janelas da alma, quantas vezes os nossos olhos apenas adentram a enfermaria e prontamente definem um diagnóstico. (...)

Em qual parte de mim?

Quanto de mim
eu desencontrei?
Quanto de mim
eu não reconheço?
Qual metade de mim
eu perdi?
Quais olhos me encaram
no espelho?
Qual olheira come meu sono
e me come por dentro?
Qual sossego eu busquei
Para acomodar meus pensamentos
e esquecer meu âmago?
Qual rede me prendeu?
Qual isca me fisgou?
Que qualquer ideia
não passa de um lampejo de juventude
Visto a carapuça da retidão
para apagar meus anseios
A experiência é uma forma sútil
de esconder os próprios erros

Não sei em que parte de mim,
mas envelheci.

E no fim, seja feliz, porque ser feliz é simples, você descobre a receita em qualquer banca de revistas.

E fazia uma prece pedindo perdão
Pelos homens cheios de fala
e mortos de silêncio

Liberdade é ignorância e a ignorância é liberdade cega.

(...) Estamos com o tempo tão magro que as pessoas precisam receber e-mails de autoajuda, doses lights de carinho para manter-se em forma. Aliás, forma, que forma manter, o que é manter-se em forma? Qual é o formato ideal, quais são as linhas que queremos, qual é nossa embalagem, o nosso rótulo. Que magreza que existe, que medo de alimentar-se de coisas boas, comer um bom livro, digerir uma boa música, engordar nossas relações. (...)

Aliás, que essa não seja uma prolixa novidade
Mas a escuridão é o brilho da vida