na praia a sereia
anseia que a onda
a salve da areia
O gato chinês
espera sentado
pela sua vez
Mal o dia clareia
a passarada
em coro chilreia
no inverno, o vento
dança com as folhas
a seu contento
teu corpo deitado
acorda desejos
não confessados
No parapeito
da velha janela
a gata espreita
No ninho do sabiá
há quatro bocas
que não param de piar
Na noite sem lua
o mar todo negro
se oferece em espuma
Manga madura
Pés descalços no galho
Desce daí moleque!
Em cima do túmulo,
cai uma folha após outra.
Lágrimas também...
Este álbum de fotos:
Também as traças se nutrem
De velhas lembranças
Ipê florido -
a rã tem companhia
de pétalas amarelas
Lágrima aflora.
Na música lá fora
uma alma chora.
ESPERANÇA
Face pálida
Com olhos de floresta
Aspiram o céu
(Haikai)
Brilho, estrela cai
feito colírio no olhar
- vira haikai
Bashô baixou
no poeta do axé.
Arigatô, oxumaré.
serpenteando
no rio de verão
rubra corrente
Libélula voando
para um instante e lança
sua sombra no chão
na lareira rubra
o velho pinheiro
ganha asas
Brisa ligeira
A sombra da glicínia
estremece