Coleção pessoal de CarolAlvarenga
Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.
Eu me sinto às vezes tão frágil, queria me debruçar em alguém, em alguma coisa. Alguma segurança. Invento estorinhas para mim mesmo, o tempo todo, me conformo, me dou força. Mas a sensação de estar sozinho não me larga. Algumas paranóias, mas nada de grave. O que incomoda é esta fragilidade, essa aceitação, esse contentar-se com quase nada. Estou todo sensível, as coisas me comovem...
Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.
Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como “estou contente outra vez”.
Suponhamos que alguém me oferecesse mil dólares por cada pessoa que eu levasse a Cristo. Será que com isso a minha vontade de ganhar almas para Jesus seria maior do que a que tenho no momento? Se assim o for, quão mesquinha e medíocre tem sido a minha fé em Deus.
Ninguém (seja homem ou mulher) é bonito fisicamente, esbelto, bom de cama, e jovem pra toda vida... a velhice vem pra todos e com ela a solidão para os que pensam dessa forma! Quem ama não enxerga os defeitos que o tempo trás... mas aprende a transformá-los em motivos para amar ainda mais!
A constância não consiste sempre em fazer as mesmas coisas, mas aquelas que tendem para o mesmo fim.