Coleção pessoal de Caro2
Mas o amor verdadeiro, se é que existe, entre homens ou mulheres, onde fica? Numa gaveta fechada, tive vontade de dizer.
Pelo fato de ter sempre o mesmo nome, os mesmos olhos e o mesmo nariz, não quer dizer que eu serei sempre a mesma mulher.
Depois, penso também naquele quase velho poema do John Lennon: “I don’t believe in yoga/ I don’t believe in mantra/ I don’t believe in God/ I don’t believe in Freud/ I don’t believe in drugs/ I don’t believe in sex/ I don’t believe in Beatles” e termina com um acorde profundo de guitarra e um “I just believe in me”. Mas nem isso.
Eu não tenho medo do amor. Eu tenho medo é de amar quem tem medo dele. Amar quem teme o amor é como se apaixonar por uma sucessão de desistências.
Venha quando quiser, ligue, chame, escreva - tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim.
Talvez lembre de mim como uma mulher vivida, descolada, que lida bem com relações descartáveis, logo eu que odeio copos de plásticos, canudinhos, tudo que não dure.
O destino decide quem vamos encontrar na vida, o coração escolhe quem queremos em nossa vida, mas as nossas escolhas decidem quem fica.
Ausência física, ausência da voz e do cheiro, das risadas e do piscar de olhos, saudade da amizade que ficará na lembrança e em algumas fotos.
Me tornei mulher porque me tornei independente, antes de tudo.
Não sou de frescura e muito menos de compulsões consumistas.
Mas ainda tenho um lado mulherzinha: choro à beça, sou louca por flores, não vivo sem meus hidratantes, aprecio o cavalheirismo, gosto de ficar de mãos dadas no cinema, devoro revistas de moda, me interesso por decoração e fico chocada quando escuto expressões grosseiras.
Ah, e calço 36.
E nós que morávamos um no outro, ficamos sem casa. Perdoe a falta de abrigo, é que agora eu moro no caminho.