Coleção pessoal de CarlaGP
"Deve contentar-se interiormente o homem que, ao final da vida, olha para trás e contempla uma multidão de ingratos".
"A tristeza nunca é cínica. Ao contrário, é próprio da tristeza ser um dos sentimentos mais verazes que podem aflorar no coração de um homem. Em breves termos, a tristeza é a sinceridade na dor, é o sofrimento diante do espelho da consciência".
"A oração continuada é a única maneira de evitar que a inteligência se dissipe e se perca entre coisas sem importância".
"A sobriedade é o duto espiritual da penitência. Quem alcança a sobriedade interior prepara o coração para que não se dissipe com o vento da vida e a poeira do mundo".
"Uma das consequências daninhas do vício de opinar pressurosamente a respeito dos acontecimentos do dia – sejam estes a guerra do fim do mundo ou a conduta do vizinho – é que o intelecto perde em capacidade contemplativa: a pessoa então se enreda em incontáveis pensamentos apaixonados que, aos poucos, transformarão sua vida num verdadeiro inferno na terra.
De uma só imagem que o intelecto agente imprime na base do intelecto paciente brotam inúmeros pensamentos, e estes induzem comportamentos, os quais serão maus se o conteúdo inteligível assimilado for medíocre. Neste último caso, a "tabula rasa" da mente torna-se "tabula depicta" da pior maneira possível, como um copo que se utiliza para ser recipiente não de água pura, mas de líquidos venenosos.
O hábito de opinar com "certeza" sobre coisas que em si mesmas não se prestam à certeza, sendo esta o efeito psicológico conseguinte à posse de um bem real retamente ordenado pela inteligência, representa grave perigo para a alma racional, e por conseguinte para a vontade, que sempre age sob o seu influxo.
Incapacidade de solidão é o estado de quem não limpa a própria mente em ordem à contemplação da verdade. De quem faz dos murmúrios e rumores do mundo a habitual meta das excogitações da alma.
Assim como a genuína piedade é um segredo espiritual da alma em seu diálogo com Deus – e portanto quem ostenta piedade não a tem –, assim também quem vive de opinar nunca irá ao encontro do seu próprio "eu" profundo.
Inquietude, contendas sem fim e desespero são o fim da pessoa que não resiste a opinar sobre tudo o que acontece no mundo.
Não opinar é diferente de não ter opinião, sobretudo quando ter certeza é uma temeridade".
"A prolixidade impede que uma pessoa dialogue com outra e também consigo mesma diante do espelho de sua consciência".