De mim só se sabe que respiro.
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
O medo me leva ao perigo. E tudo que eu amo é arriscado.
A respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.
Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma.
Faz de conta que tudo que tinha não era de faz de conta.
Andar na escuridão completa à procura de nós mesmos é o que fazemos.
À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta.
E amanhã eu vou ter de novo um hoje. Há algo de dor e pungência em viver o hoje.
Quando eu penso, estrago tudo. É por isso que evito pensar: só vou mesmo é indo.
O tédio é de uma felicidade primária demais! E é por isso que me é intolerável o paraíso.
Só os grandes amam a monotonia.
Não estou à altura de ficar no paraíso porque o paraíso não tem gosto humano!
O que deve fazer alguém que não sabe o que fazer de si?
Tentou num último esforço inventar alguma coisa, um pensamento, que a distraísse. Inútil. Ela só sabia viver.
Penso que agora terei que pedir licença para morrer um pouco. Com licença – sim? Não demoro. Obrigada.
Carnaval era meu, meu. No entanto, na realidade, eu dele pouco participava.
Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Ao tentar corrigir um erro, eu cometia outro. Sou uma culpada inocente.