Coleção pessoal de Cafinfonho
Fim da Esperança
Lembranças de um dia ensolarado
O sol passava pelas copas das árvores
Assombrações de um fantasma do passado
Agora me encontro no fundo de um poço
Olhando ao pouco sol que entra desviado
Minha sombra está envolta de mim
E este anjo morto ao meu lado
A gelada água comessa a subir
Meu destino está selado
Tampam o poço lá de cima
Percebo ser condenado
Vingança
Como assim não és uma flor
Ainda ontem ví tuas pétalas
E me ferí com teus espinhos
E ainda te dei o meu amor
Não há mais um jardim
Tudo está infectado
Tenhas medo de mim
Já peguei o meu machado
Implore por tua vida
Coisa mentirosa
Serás tempero de comida
Há de ser saborosa
Necessidades
A pétala desgarrada da rosa
Fraca para continuar residindo alí
Ela foi vagando pelo vento
Longe das origens
Perdido, sem destino
Apenas sendo levado
Vendo onde tudo acabará
Como viveria sem um caule
Como viveria sem outras pétalas
Como viveria sem as visitas do beija-flor
Vida
Há palavras que me agradam
Mas você não liga muito para isso
Os dias vão falecendo
E consigo levam sentimentos
Antes seu amor me bastava
Hoje não encontro amor algum
Restou o ódio do mundo
E o entretenimento barato
Poesia e vida
A poesia escorre
Como água na cachoeira
Voa, cai e morre
Os olhos vêem a torre
Se esquecem da poeira
Uma perna corre
Na vida corriqueira
Perto da lareira
Escrevo um porre
Comovido por cegueira
Futuro
Amor, hoje é para você
Não se escondas no futuro
Tenho medo de te perder
Separados por um muro
Muito pode acontecer
É a realidade, eu aturo
Preso, não há o que fazer
Mas eu juro
Um dia te ver
Aquela noite pura
Terá de nascer...