Coleção pessoal de bruromero
Obituário
Lacrado.
Ali jaz o amor
E aqui jaz o frio.
Cerrado.
Aqui jaz a dor
E ali jaz o brio.
E com minhas lágrimas se vai assim...
Faleceu ontem mais uma parte de mim.
Inerte
Depois que o coração definha
nada mais dói,
nenhuma lágrima sofrida corrói,
não mais assusta a paisagem onde caminha...
...A morte ama a vida e por isso a retém:
ela tem falta do calor,
é insaciável do amor...
Por isso suga o corpo também...
...Afundamos em nossa depressão,
cavamos nossa cova
e esperamos que alguém se comova
--quando depende de nós a ascensão.
(Mas é tão cômodo...
Parado assim, sem pensar no todo...
Deitado em repouso absoluto...
No silêncio que nos concede o luto....
Esperando o fim de todas as coisas...
Assistindo ao balé das mariposas...
Desprendido do tempo...
De espírito limpo...)
Chegará o dia
em que as flores perderão o perfume
as borboletas se desfalecerão em agonia
e a lua perderá o lume...
Então não lhe haverá lágrimas
riquezas e oportunidades
que te livrem da lástima
e viverá do pó das tuas vaidades!
Amor negado não machuca
tanto quanto o represado:
partiste em outra busca
e manteve meu coração encantado.
Dos teus feitiços tornei-me mestra
e perdeu-me entre seus caminhos
enquanto te embalava a orquestra...
Agora - fúnebre - caminhará sozinho
Merecidamente repousa
no sótão a mariposa
que tanto se debate em rebeldia
na luta pelo fim da hipocrisia
Assim... ao simples apagar da luz...
Fecha os olhos e lembra-se da graça que sobre ela reluz.
Lágrimas Tardias
Lágrimas tardias
São as mais doídas...
Aprisionadas Deus sabe por quanto tempo,
Aflorando insofreáveis ao vento,
Molhando a face e esvaziando a alma
Que choram a perda, quebrando a calma.
Chore... Chore... Não se retenha!
Nunca houve alma tão resistente que tenha
Ganho o alívio e o alento
Sem chorar de dor, de lamento.
Por todos os lados,
em farrapos,
com o coração remendado,
ouso pleitear um 'encantado'
contra toda 'realeza',
que mergulhada na avareza
não abate da minha alma a verdadeira riqueza.
Vivo assim: um ser eternamente apaixonado...
E por isso,
Por todos os lados,
ando em farrapos,
com o coração agora desfiado,
me abestalho ao acreditar em um encantado
sujeitando a minha esperteza,
e vislumbrada com sua 'nobreza'
mais uma vez me atiro à 'pobreza'.
Então morro assim: um ser parcialmente sepultado...
E isso,
me norteia para outros lados,
vestindo os mais belos tecidos,
com o coração regenerado,
preparado para ser outra vez enfeitiçado
agora com uma nova certeza,
cultivando em mim do amor próprio a beleza
que sufoquei ignorando minha natureza.
E revivo assim: um ser totalmente marchetado.
DO AMOROSO ESQUECIMENTO
Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
Se você recebe ajuda para crescer, por que não ajudar os demais a crescer? A ninguém foi vedada a oportunidade de se desenvolver, por isso a vontade de ir pra frente é uma grande aliada, junto com conhecimentos e experiências adquiridas com outras pessoas. O que determina se a jornada vai ser difícil ou não são (principalmente) seus níveis de ambição, orgulho e egoísmo.
Sonhei uma possibilidade...
Mera ilusão do que pode ser minha realidade
E nela estava caminhando junto com você...
Difícil foi o abrir dos olhos: cadê?
É algo que se quer que exista,
Um amor que quer que se admita.
A verdade é que somos pó, e fazemos questão de tornar pó tudo o que trazemos até nós. E quando achamos que perdemos, corremos atrás e se percebemos que ainda não perdemos, proletamos ainda mais nossas ações. Aceitamos as condições, quando deveríamos aproveitá-las.
Hoje eu Preciso
Um dia árduo
Um dia difícil
Fecho meus olhos e tudo roda:
"Onde está a paz? Onde está a paz??"
Meus pensamentos gritam
Mergulhando no escuro da noite
Até que..."Durma..."
Sintetizo sua voz em minha mente
E isso me basta para sonhar
Com seu abraço... Com seu beijo...
Tudo sempre do seu jeito...
É o que eu preciso para curar
Um dia árduo
Um dia difícil
Saudade
Saudade da minha infância
Quando aniversário era bolo, brigadeiro, todos os avós e os dois bisos.
Daquele tempo que eram as fadas e eu brincando na inocência
E de lembrança tinha muitos risos.
Mas tudo o que é bom dura pouco...
E quando se cresce até as coisas boas passam muito rápido.
Aí comento, trabalho, viajo na minha mente como um louco
Muitas vezes deixando sem querer alguém ferido.
E se saudade é a dor da ausência de algo bom,
quero deixá-lá no ambom,
Atear fogo para consumi-la e livrar-me de uma vez
Das coisas que me fazem remoer o bom que deixei por estupidez.
Não... Não é tão ruim...
Apenas é difícil decidir o que fazer com tempo que nos é dado...
O importante é que a jornada não acaba aqui...
Os acontecimentos são respostas das nossas ações, ou da ausência delas...
Pensamos muito em nós? Ah, sim...
Isso é verdade...
Esquecemo-nos uns dos outros, lembrando apenas quando a unica saudação que podemos expressar é algo vazio...
Correção, até tem...
Dispostos a corrigir-se, huumm...
Nos detenhamos em cálculos mais fáceis e breves...
É confortante a paz vinda de um simples dia sem notícias, sejam más ou boas...
Aquela vinda do silêncio de saudosas lembranças...
O sono está à porta e os sonhos começam a fervilhar...
O breve repouso antes de mais um dia, sob a Divina vontade, de lutas e conquistas.
OS DEGRAUS
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...