Coleção pessoal de bruno_ramalho

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⁠sintaxe
a poesia pela palavra
desorganiza o comum,
reorganiza o óbvio e, assim,
resulta qualquer algum.

⁠A poesia, quando tema de si, é um buraco negro para o poeta, um lugar do espaço-tempo literário que atrai com intensidade tal que dele não se pode escapar e onde se imagina encontrar o que ninguém, até hoje, encontrou: o porquê da própria poesia.

⁠Amadurecer é compreender que é melhor viver de amores que de paixões, de ideias que de ideais, de sorrisos que de gargalhadas.

⁠É filosofar no impossível tentar explicar a existência bastando-se no tangível.

⁠Escrever poesia é não perder o hábito de retornar ao lugar que habito: a palavra.

⁠A certeza abraça a vaidade desde que a dúvida pariu a verdade.

⁠Toda obra de arte é um ensaio sobre o impossível.

⁠Todo poema é um ato de paixão.

⁠O que se opõe à verdade é a certeza.

⁠Artista é aquele que busca a si próprio no impossível.

⁠A arte é o intangível tangente.

⁠Arte é algo que não se define pela palavra.

⁠Peguem suas armas,
que a dura batalha é chegada.
Eu já empunho o verso,
que é escudo, armadura e espada.

⁠O que seria do tudo sem o nada,
se este foi aquele na partida
e aquele será este na chegada?

⁠Cômodo é o bom senso
que exala sua crença,
mas bom mesmo é o pretenso
a inspirar o que o outro pensa.

⁠O essencial não se basta no tangível.

⁠O eu repousa transcrito
onde o íntimo se vê de fora:
no poema, ora medito.

⁠Quanto valerão
os setenta em cem,
se, para os outros trinta,
centenas forem ninguém?

Para alguns,⁣
a verdade que importa⁣
é a que menos se enxerga⁣
e mais se entorta.⁣

Dos anais da insanidade:
dizer que o vírus é mentira
e que o remédio é verdade.