sintaxe
a poesia pela palavra
desorganiza o comum,
reorganiza o óbvio e, assim,
resulta qualquer algum.
A poesia, quando tema de si, é um buraco negro para o poeta, um lugar do espaço-tempo literário que atrai com intensidade tal que dele não se pode escapar e onde se imagina encontrar o que ninguém, até hoje, encontrou: o porquê da própria poesia.
Amadurecer é compreender que é melhor viver de amores que de paixões, de ideias que de ideais, de sorrisos que de gargalhadas.
É filosofar no impossível tentar explicar a existência bastando-se no tangível.
Escrever poesia é não perder o hábito de retornar ao lugar que habito: a palavra.
A certeza abraça a vaidade desde que a dúvida pariu a verdade.
Toda obra de arte é um ensaio sobre o impossível.
Todo poema é um ato de paixão.
O que se opõe à verdade é a certeza.
Artista é aquele que busca a si próprio no impossível.
A arte é o intangível tangente.
Arte é algo que não se define pela palavra.
Peguem suas armas,
que a dura batalha é chegada.
Eu já empunho o verso,
que é escudo, armadura e espada.
O que seria do tudo sem o nada,
se este foi aquele na partida
e aquele será este na chegada?
Cômodo é o bom senso
que exala sua crença,
mas bom mesmo é o pretenso
a inspirar o que o outro pensa.
O essencial não se basta no tangível.
O eu repousa transcrito
onde o íntimo se vê de fora:
no poema, ora medito.
Quanto valerão
os setenta em cem,
se, para os outros trinta,
centenas forem ninguém?
Para alguns,
a verdade que importa
é a que menos se enxerga
e mais se entorta.
Dos anais da insanidade:
dizer que o vírus é mentira
e que o remédio é verdade.