Coleção pessoal de bruno_ramalho

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⁠sem saber
aonde ir ou
o que ser, fui.

⁠sem ter ido,
desde que fui
tenho sido.

⁠No triste cenário do nosso tempo, ao homem, do ódio em que decai só resta o ópio.

⁠quando a vida diz não, percebemos que, fora da nossa ilusão, quem fomos já não seremos.

⁠a saudade não tarda, mas entardece.

⁠vírgula:
contenção da saudade,
gagueja o agora com serenidade.

⁠vivo cada ano inteiro
como quem espera uma porta
entre dezembro e janeiro.

⁠o fato em sinuca:
o boato envelhece,
mas não caduca.

⁠o irreal é veraz:
na distopia de hoje,
nem com foto o fato apraz.

⁠poeta: ele é de poema; ame-o, pede ele

⁠o que nos sobra na palavra sem
nos falta na palavra com.

⁠viver é herdar os mortos.

⁠norte meu:
morte e nu.

⁠... e quem, enxergando, não anda amargo?

⁠poesia: há no que não está, está no que não é e é no que não há.

Envelhecer é uma caminhada vespertina.

⁠Se a poesia só existe quando alguém a lê, quem é, de fato, o poeta: eu ou você?

⁠⁣quero escrever o verso que ainda não me passou pela cabeça. o lugar da poesia é esse, onde ela sobra antes que aconteça.⁣

⁠sei⁣
por que⁣
escrevo:⁣
escrevo⁣
porque⁣
não sei.⁣

⁠o eco
do sonho
soa
no oco
da sanha.