Coleção pessoal de bruna7x

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E chega! Há anos peço o príncipe e só me mandam o cavalo.

Vou ver novela. Tá decidido. Uma preguiça em arrumar homem. Novela pelo menos avisa “é a última semana!”. Homem some no auge da primeira.

A primeira vez

Você sempre me disse que sua maior mágoa era eu nunca ter escrito um texto sobre você. Nem que fosse te xingando, te expondo. Qualquer coisa.
Você sempre foi o único homem que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado.
Você sempre foi o único amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo quando chega a madrugada. E o único que sempre entendeu também, depois, eu dormir meio chorando porque é impossível abraçar sequer alguém, o que dirá o mundo.
Outro dia eu encontrei um diário meu, de 99, e lá estava escrito “hoje eu larguei meu namorado sentado e dancei com ele no baile de formatura”. Ele, no caso, é você. Dei risada e lembrei que em todos esses anos, mesmo eu nunca tendo escrito nenhum texto para você, eu por diversas vezes larguei vários namorados meus, sentados, e dancei com você. Porque você é meu melhor companheiro de dança, mesmo sendo tímido e desajeitado.
Depois encontrei uma foto em que você está com um daqueles óculos escuros espelhados de maconheiro. E eu de calça colorida daquelas “bailarina”. E nessa época você não gostava de mim porque eu era a bobinha da classe. Mas eu gostava de você porque você tinha pintas e eu achava isso super sexy. E eu me achei ridícula na foto mas senti uma coisa linda por dentro do peito.
Aí lembrei que alguns anos depois, quando eu já não era mais a bobinha da classe e sim uma estagiária metida a esperta que só namorava figurões (uns babacas na verdade), você viu algum charme nisso e me roubou um beijo. Fingindo que ia desmaiar. Foi ridículo. Mas foi menos ridículo do que aquela vez, ainda na faculdade, que eu invadi seu carro e te agarrei a força. Você saiu cantando pneu e ficou quase dois anos sem falar comigo.
Eu não sei porque exatamente você não mereceu um texto meu, quando me deu meu primeiro cd do Vinícius de Morais. Ou quando me deu aquele com historinhas de crianças para eu dormir feliz. Ou mesmo quando, já de saco cheio de eu ficar com você e com mais metade da cidade, você me deu aquele cartão postal da Amazônia com um tigre enrabando uma onça.
Também não sei porque eu não escrevi um texto quando você apareceu naquela festa brega, me viu dançando no canto da mesa, e me disse a frase mais linda que eu já ouvi na minha vida “eu sei que você não gosta de mim, mas deixa eu te olhar mesmo assim”.
Talvez eu devesse ter escrito um texto para você, quando eu te pedi a única coisa que não se pede a alguém que ama a gente “me faz companhia enquanto meu namorado está viajando?”. E você fez. E você me olhava de canto de olho, se perguntando porque raios fazia isso com você mesmo. Talvez porque mesmo sabendo que eu não amava você, você continuava querendo apenas me olhar. E eu me nutria disso. Me aproveitava. Sugava seu amor para sobreviver um pouco em meio a falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo.
Depois você começou a namorar uma menina e deixou, finalmente, de gostar de mim. E eu podia ter escrito um texto para você. Claro que eu senti ciúmes e senti uma falta absurda de você. Mas ainda assim, eu deixei passar em branco. Nenhuma linha sequer sobre isso.
Depois eu também podia ter escrito sobre aquele dia que você me xingou até desopilar todos os cantos do seu fígado. Eu fiquei numa tristeza sem fim. Depois pensei que a gente só odeia quem a gente ama. E fiquei feliz. Pode me xingar quanto você quiser desde que isso signifique que você ainda gosta um pouquinho de mim.
Minhas piadas, meu jeito de falar, até meu jeito de dançar ou de andar. Tudo é você. Minha personalidade é você. Quando eu berro Strokes no carro ou quando eu faço uma amiga feliz com alguma ironia barata. Tudo é você. Quando eu coloco um brinco pequeno ao invés de um grande. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer homem que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo, mesmo eu nunca tendo demonstrado isso. E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você.
Até hoje. Até essa manhã. Em que você, pela primeira vez, foi embora sem sentir nenhuma pena nisso. Foi a primeira vez, em todos esse anos, que você simplesmente foi embora. Como se eu fosse só mais uma coisa da sua vida cheia de coisas que não são ela. E que você usa para não sentir dor ou saudade. Foi a primeira vez que você deixou eu te olhar, mesmo você não gostando de mim.
E foi por isso, porque você deixou de ser o menino que me amava e passou a ser só mais um que me usa, que você, assim como todos os outros, mereceu um texto meu.

O amor é uma doença. Eu sinto náuseas, febres, dores musculares. Eu acordo assustada no meio da noite. Eu choro à toa.

Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-lo eu precisava viver. E que irônico: pra viver eu precisava perdê-lo...

Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra. Nem pena do mundo eu consigo mais sentir. Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa!

Quem nunca saiu com o cara errado que atire a primeira pedra! Mas atire nele, por favor.

Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos.

Vou me enganar mais uma vez, fingindo que te amo às vezes, como se não te amasse sempre.

Te amo mesmo, talvez pra sempre. Mas nem por isso eu deixo de ser feliz ou viver minha vida. F***-se esse amor. E f***-se você.

E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado.

- O que é o amor pra você?
- Não sei, talvez seja apenas dividir cigarros em uma noite, embriagados por vinho.
E sentir que o mundo pode estar acabando, mas você continua fumando e rindo para o outro.
Sim talvez isso seja o amor.

Alguém aí pode deixar de segurar na muleta social do divertimento, jogar copos longe, cigarros longe, bocas alheias, fugazes e desconhecidas longe, roupas longe, colares e pulseiras longe, poses e armações de sutiãs longe? Alguém pode me dar um murro na boca e me prender ao pé da cama, por favor?

...Jornais, cigarros, café, bebidas, músicas...
Um bilhete, uma foto... Uma flor!
Na verdade... eu devia dizer não, eu realmente devia dizer não...

Tequila, café e cigarros exatamente nessa ordem me preenchiam. Aquela velha história do amigo engarrafado me era completamente aplicável, não havia companhia melhor. Porque eu não desejava conversar, pessoas se preocupam demasiadamente e eu não precisava de especulações, conversas enfadonhas e repetir tudo o que estava acontecendo comigo. Não. Eu não quero falar sobre isso. Isso o quê? Se eu tivesse noção do que era. Acontece que esses dias estão tortuosos e eu não desejo levantar-me daqui, a poltrona já adquiriu o formato do meu quadril e a TV me dá o entretenimento necessário para continuar trancafiada aqui. Sossego é o que eu quero. Desde que ele fora embora eu ouço versos que me falam sobre amores arruinados, o coração já não bate, esquecera completamente o tal do Tum-tum-tum. Será que o coração bate assim? Há algum tempo que não sei como ele reage, porque os dias estão vazios. Sabe toda aquela ideologia de que é possível viver sozinho? Pois é. Acreditava nisso piamente porque ele estava ao meu lado, agora que se foi tudo é cinza. E eu chorei um oceano inteiro essa noite. Eu precisava esvaziar. Porra eu preciso ser internada.

Alguns cigarros a menos, algumas fome a mais.

Abandonei meus maiores vícios, quanta saudade. Acho que esse conto termina por aqui. Estou a escrever poemas livres e brancos, sem rima, sem métrica, vendo fotos antigas da época que ainda nos completávamos e que juntos estávamos nas imaginações mais delirantes. Indubitavelmente, irreversivelmente, inconfundivelmente ele. Eu ainda o amo, é como ter que explicar o inexplicável. Eu o amo e ponto. É fato, é carne, é gesto, é fome. Para esquecê-lo precisava de um gesto mais ríspido para que eu pudesse detestá-lo ou temê-lo, mas não queria. Após abandonar o cigarro, abrir mão de Pedro, desistir de mim, Hellen, morri.
Pego o telefone e ele nem sequer me liga para me avisar de uma improvável volta, então eu ligo. Ele desliga. Eu ligo, ele desliga. Eu ligo, ele desliga. Eu ligo...
- Alô?!
- Oi... -... Um suspiro...
- Ainda te amo.
- Também. - Lágrima de alegria corre involuntariamente sobre meu rosto. Viver tudo de novo?... Acendi outro cigarro.

Uma das coisas mais belas da vida é olhar para o céu, contemplar uma estrela e imaginar que muito distante existe alguém olhando para o mesmo céu, contemplando a mesma estrela e murmurando baixinho: "Que Saudade".

Hoje eu escrevo com o coração na boca, mente aberta, pés no céu e pensamentos além.
Sabe quando em um segundo seu mundo desanda? Se perde? Dá aquele desânimo, a gente não tem vontade de nada. Parece que as bruxas estão soltas. Você se sente sozinha, e sente aquela pontinha de inveja de todos os casais felizes. Seu coração aperta tanto de vez em quando e você fica a flor da pele. Uma angústia. E um momento de paz, calma, amor, sorriso, parece ser impossível. Você desacredita no amor. O dia fica triste, sem graça. Vem então aquela síndrome de Barbie, a típica pessoa que não consegue e nem quer ficar sozinha. Você quer um Ken na sua vida, quem te faça feliz. Daí quando você está em um desses dias monótonos que parecem não acabar nunca e você só quer dormir e sumir, o sol começa a brilhar de novo, o dia está lindo, a vida é bela, a girafa amarela e você descobre. Por acaso, mais descobre. Descobre que as coisas não são bem assim, tão tristes e modorrentas. E descobre que vc pode achar outra pessoa que vai fazer seu coração parar, o chão sumir, o mundo parecer mais lindo, e te fazer feliz enfim. Você sente isso. E ela aparece assim na sua vida, do nada. E você fica naquela expectativa. Faz toda a sua rotina, faz tudo pensando nela. Aquela emoção que só quem está apaixonado sabe como é. Por enquanto, por mais platônico que ainda seja - e você SABE que é só por enquanto - passa pela sua cabecinha (que não sai da lua) como serão os dias com ela, e você fica imaginando, andando por aí com um sorriso abobado no olhar. Esperando o dia que isso vai sair do platônico e se tornar real. Fica naquela expectativa enquanto O dia não chega. Afinal, só resta esperar e ver no que vai dar.

O céu não está em cima, ou embaixo, ou à direita, ou à esquerda; está no centro do peito do homem que tem fé.

Acho difícil que um indivíduo contemplando o céu possa dizer que não existe um Criador.