Coleção pessoal de bodstein
Meu papel não é ser o céu para onde voam os que me buscam: basta saber-me a pista de onde decolam. Tampouco a fonte da água que lhes aplaca a sede, mas apenas o leito do rio que a conduz até eles. Sou antes o farol na borrasca, não o Porto; o cinzel nas mãos do artista, não a Escultura; o milestone que os situa, não a Linha de Chegada.
Minha lógica vez por outra me ataca como a um inimigo. Cobra-me ceder espaço para o instintivo que nem tanto pensa, apenas age. E em alguns momentos o certo é dar-lhe essa voz para que não se aliem contra mim.
No que toca às pessoas que tenho em alta conta como honestas e verdadeiras, nada me deixa mais feliz atualmente do que ouvir delas que discordam de mim. Isso me revela que escaparam ao “triturador de cérebros”, e por enquanto ainda conseguem pensar com a própria cabeça.
Não ando por sobre trilhos, que já me chegam prontos e me conduzem para um destino pré-definido. Vou sempre preferir trilhas que me cobram abrir picadas, escolher entre múltiplos destinos e lidar com descobertas que os trilhos não podem dar.
Sempre que formos colocados em uma posição bem acima da que realmente ocupamos e nos sentirmos envaidecidos para não revelar a verdade, o tombo será inevitável. E ele será tão grande quanto a distância que se desejou manter entre a estatura falsa e a verdadeira.
Algumas pessoas acreditam que o amor, o trabalho ou até a fé podem ser razões fortes para se tornarem servis, incorporando a subserviência como meio de preservá-los. Pois eu digo a elas que se teu parceiro de vida, teu chefe ou teu deus te cobram isso, começa a pensar na solidão, no desemprego ou na agnose como uma dádiva do que tens de mais legítimo e inalienável na vida, que é o teu amor-próprio.
Sobre os INFJ’s, especialistas afirmam que são dotados de um aguçado sexto sentido para identificar a natureza das pessoas com quem se relacionam, e que essa sensibilidade chega a ser tão apurada que beira a clarividência. Não sei até que ponto isso é verdadeiro, mas percebo sinais claros que falam muito das pessoas e suas visões de mundo, como quando leio os comentários sobre o que publico, e as percebo curtindo as mais superficiais e menos significativas, passando ao largo justamente das que realmente importam.
Há gente cuja felicidade se resume a sentir-se satélite de outrem, incorporando essa órbita infinita como sentido maior – ou até único – de suas vidas. Outras almejam se tornarem estrelas fulgurantes o bastante para atrair o maior número possível de satélites. Já um tipo mais raro de “estrela cadente” escolhe o brilho discreto e fugidio de um cometa, que se compraz em iluminar os lugares por onde passa sem se deter em momento algum para acolher satélites.
Tu me amas tanto quanto me repetes tantas vezes? Então não sintas meu trabalho como teu rival. Mais que sustentar-me o corpo, ele me sustenta a alma, e tomar-me por tua posse é o caminho mais curto para que ele mo arranque de ti.
As pessoas que realmente amo, eu as guardo numa caixinha mágica que as mantém livres para entrar, sair, e receber a todos que desejem, mas apenas quando o desejem. Permanecem a sete chaves, no entanto, aqueles segredos que só aos dois pertencem, aqueles sentimentos compartilhados em linguagem tão singular a que só quem as construiu e vivenciou têm acesso por se mostrarem incompreensíveis, herméticas e impenetráveis para além das fronteiras que seus corações definem.
Vez por outra nos descobrimos presos a memórias felizes de um passado distante – o amor da adolescência, o momento de uma conquista, o trabalho dos sonhos – esquecendo que a vida nos reserva coisas incríveis neste aqui e agora na forma do amor definitivo, do trabalho que nos realiza, de conquistas autênticas apenas porque do passado ficam as boas lembranças, mas a felicidade real, tal como deve ser, só acontece neste agora!
O propósito maior da Ciência é o de interferir na natureza de modo a acelerar processos que beneficiem à humanidade. Quando tal objetivo não se concretiza a intervenção lhe pode trazer danos irreversíveis ou até causar-lhe a destruição, como no caso de algumas descobertas convertidas em ameaças nunca antes experimentadas.
Acha estranha minha inquietude, e este permanente entusiasmo frente à vida? Tudo que sei é que me sinto como um Big Bang de carne e osso!
Por tanto encantamento com a vida que escolhi, passei a detestar as horas em que durmo, pois me tiram os momentos a mais que teria para vivê-la, e os que experimento em meus sonhos já chegam prontos e nem de longe tão interessantes.
Enganar-se é natural: acontece com todo mundo em vários momentos. Imperdoável é ignorar todo e qualquer alerta, não aprofundar o conhecimento, ou até recusar-se a fazê-lo apenas para não reconhecer o equívoco. Equivale a fundir o erro com aquilo que se é, e a partir daí não encontrar mais justificativa para sua inclusão definitiva no lado errado da história.
Quanto mais insistimos no embate com pessoas avessas à argumentos lógicos, mais os esvaziamos, pois que sua força está no conhecimento que os embasam, e cuja concisão, por si só, põe fim ao debate.
Você não precisa tomar posição em trincheiras se sua natureza pacífica não se coaduna com a visão de sangue. Sua ponderação e visão crítica o habilitam como poderoso estrategista que municia o lado certo para que este vença a guerra.
Desejar expor a verdade a qualquer pessoa contaminada pelo radicalismo ideológico é equivalente a lecionar trigonometria a pacientes lobotomizados.
Não conheci nenhum “dono da Verdade” que não tratasse sua acanhada visão de mundo como realidade absoluta e incontestável.