Coleção pessoal de biacaires

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'' - Não existe nenhum fantasma. Olhe, é apenas você. - disse a desprovida de afeto em frente ao espelho.''

Tudo são surpresas. Não, tudo não são surpresas. Tudo pode te surpreender, menos a morte. Ah, a morte. Lembranças ilícitas que saem da alma e esvoaçam pelo vento. Seguindo um caminho de ida, e sem volta. Remorsos de incapacidade. Sem forças, sem nada. Apenas pura. Livre, como um pássaro na mira de um fuzil. E então, as pessoas antecipam a morte, mas insistem em continuar vivendo dentro de nós.

- E então.. diga-me.
- Dizer-te? Não. Diga-me que eu não estou solta em seu abandono. Diga-me meu bem, que me ama e que não consegue ir sem mim. Minta. Minta pra mim, pra você, pra nós. E acredite. Acredite que tudo isso não é nada mais que uma farsa. Eu preciso de você.
- Não, nada mais preciso. Eu necessito de nós. Eu, você e um balanço no parque central.
[...]

[...] Aquele momento em que sentia-se livre, andando com a tristeza vaga. Iluminada pelos raios de sol, guiava-se pelo caminho dos pobres apaixonados. Fazia uma reciprocidade de tudo que a levava para os mais sutis sentimentos. Apenas autônoma. Seguindo seu próprio caminho, construindo suas veredas. Atraiu-se novamente pelo mais belo sorriso evidente nos lábios de um caro senhor sentado no banco da praça, esperando um distraído aceno, um leve piscar de olhos, ou quem sabe um toque nos lábios, um afago nos cabelos. [...] E pediu-lhe então, companhia até sua casa na segunda esquina à direita, e ele a levou com as mãos delicadamente entrelaçadas. Perdendo-se no barulho do silêncio, pensando em como não se sentir vazio ao guardar aqueles segredos. Segredos que desde sempre a ela pertenceu.

oh, meu amor (...) Me sinto tão confortável para gostar de você. Sutilmente, sem profundezas que me comprometa à melancolia do amor. Vem cá, me deixa te abraçar, trazer você pra mim.

Não me deixe saber.
Não me deixe ir.
Não me deixe levá-lo.
Apenas me deixe.

Sem mais inspirações incorporadas. Não menosprezo o seu sentir, mas irei submeter-te ao meu amor e desatar você de mim.

Sumir
desfazer você
de mim
de nós
memórias
deletar
fugir
dos maus hábitos
querer
distância
cativar
a essência
desprezar
o excesso
atar
sonhos
afogar
mágoas
e que tudo
depois de mim
sejam só
farelos.

Já começo a sentir o gostinho de desprezo vindo de você e eu só lamento por não ter mais tempo para fazer o mesmo. Eu sei, você tem suas palavras e atitudes hipócritas, mas eu não me importo querido, não mais. Eu vou dar o máximo de mim e praticar o desapego por você. É, por você. Por mim eu não lembrarei o seu nome por tão cedo. E não vai embora não, fica. Fica e carregue com você seu desprezo e o remorso de ver minha felicidade contemplando a sua hipocrisia.

Ser ingênuo é ter um espaço vazio dentro de si e preencher com amor.

Eu sempre quis ser ingênua, mas a malícia me pegou. Oops!

As raízes do que é certo nunca cresce como o óbvio.

E às vezes ela sente raiva até do vento que insiste em bagunçar seu cabelo. Sim, ela sabe que isso é instantâneo, mas por questão de segurança, se afasta das pessoas só para não cair na tentação de cometer um homicídio pelo córtex. Grita, se esconde, as piores sensações passa dentro daquela alma insípida. Ela não quer ser mal, mas por infelicidade das causas ela sente aquele gostinho de retalhar cada pedaço mal partido em um conforto momentâneo, que duraria uma eternidade.

Bem óbvio que ela se apaixonaria por qualquer um fofo que aparecesse em sua frente. Ela sempre foi banal demais quando a questão era amor. E ainda é coitada. Deve ser por isso que ela não tem muitos amigos - e prefere não ter - porque se apaixona rápido demais, quer possuir aquilo que nem deu tempo ser dela. Costuma confundir amizade com alguma possibilidade de trocar beijos e carinhos de ambos os lados. Mas é sem querer da parte dela, se bem que hoje prefere esperar alguém se apaixonar, porque dai fica fácil não magoar os outros e inclusive ela mesma.

E esse é o meu amor em vão, sem motivos desprezíveis, é apenas solto como o vento, em sensações ilícitas de cada toque ou de cada palavra não dita, é uma magoa perdida naquela decepção onde os encaixes de cada presença se tornou ausente pela consciência de cada valor não dado a tal sentimento. E ele é assim, divido entre meios termos, ele é sensível, um pote de mel, grudento, cheio de ciúmes. É um frasco de sonhos utópicos procurando uma realidade estável por onde tudo um dia vai passar, como tudo passa.

E eu poderia olhar naqueles olhos e ver portas abertas, mas eu fui ingênua demais para perceber que não eram portas, e sim grades. Grades de vidro. Onde qualquer impulso as faziam cair sobre quem estivesse atrás delas. E eu estive atrás dessas grades por um tempo suficiente, e hoje guardo remorsos do que é se prender por espontânea vontade. Eu poderia ter as quebrado, ter me ferido por justa causa, e ter me libertado de tal forma, e quem sabe até sentir vontade de voltar, mas eu preferi deixar quebrar-las por algum impulso. Dai os cortes seriam mais profundos e eu desistiria de nadar contra corrente.

E é do tipo que quer amor demais, de todas as formas. Não sabe amar de verdade. Ama aos poucos, e não ama no singular. De maneira alguma dá pra se sentir especial ao lado dele. Como ser especial se ele não demonstra sentir o que se espera só por você? Não que seja egoísmo da minha parte, mas se for para amar alguém, que ame por inteiro. De metades espalhadas por ai, eu já estou cheia. Mas no fundo ele é carente, sabe? Não só de amor, mas carente do sentir mesmo. Então, nesse caso, é melhor nem querer olhar nos olhos do individuo fofinho, porque ele é do tipo que te trata com muito amor, não muito de muito pouco, mas muito de se fazer apaixonar por aquele jeito insano e único de ser. E eu vou te contar um segredo.. no final você sai como mais um troféu na estante dele. E fim.

Sabe por que o que é bom dura pouco ? Porque o pouco é suficiente pra você perceber que foi bom o bastante.

Ele se aproximava do destino, a luz do sol transparecia em sua pele. Seus cabelos seguiam em direção ao vento, no reflexo da luz, o verde dos seus olhos. Ele percebia que nunca poderia continuar sem aqueles olhos verdes. Sentada a um balanço qualquer, em meio a um parque desconhecido, silencioso, sóbrio. O farfalhar do balanço pressionado com uma de suas mãos agoniava seus ouvidos. O olhou de longe, célere, desviou o olhar e sua pupila dilatava a imagem daquele garoto. Mas ela estava entorpecida demais pra sentir qualquer coisa. A insolência do seu coração afligia sua alma, desejava um machado para quebrar o gelo que ela mesma deixou acumular, em sua singela consciência.

Gosto do improvisado porque o improvisado é mais seguro que fazer algo por impulso de um destino descomunente, invulnerável e incerto.