Coleção pessoal de biacaires
Dentro de mim
você não passa de fitas.
Fitas cinematográficas.
A espera da sua,
só a sua mão.
Para ser rodada a manivela
em um compasse continuo,
até que o filme acabe.
Sem plateia,
sem aplausos,
sem nada extraordinário demais.
Só você e eu.
Esperando restituir os dados
e retornar ao começo.
Reiniciar.
Reminiscência.
A presença dos que já foram
e continuam aqui.
Sobreviventes de um desastre mental.
Mortos em matéria.
Vivos em memória.
Desalmados.
Esperando da eternidade
o fim dos seus princípios.
O fim de toda desnorteação
de habitar à mente das pessoas.
Esperando que em alguma delas,
a faça prevalecer sem fins.
E em todas,
inclusive a minha,
desprezo.
Transbordada pelos olhos
de quem não aprendeu
- e nunca aprenderá - a dizer
adeus.
O silêncio que a guerra traz.
Dentro de mim
Dentro de todos.
Por dentro do profundo
interior.
Não viver,
sobreviver.
Sentada lá fora
respirando amor.
Ela sempre soube que ele apareceria
mais cedo
mais tarde.
E lá estava ele
no mesmo lugar
sempre com o mesmo jornal
na mesma página.
Ela sabia de tudo.
Como?
Só ela sabe.
Ele era impassível.
Gostava mesmo era da vida tirana.
Lia a mesma notícia várias vezes,
mas nunca se interessou pelas palavras.
Limitava-se em amar.
Medíocre.
Esquivava-se em vidros translúcidos,
seus olhos.
Olhos de vidro.
Olhos sensíveis.
A prova da saliência humana.
A prova de tudo
até mesmo
do amor.
Você e o nosso amor.
Arruinado.
Desmanchado
manchado.
Tudo que sinto
por você
é nada.
Nada.
Nada mais
que amor.
Ah, a liberdade.
Quão bom é ser liberto.
De que?
de tudo.
Do padrão
dos termos de uso
da invulnerabilidade
da consciência.
Livrar-se
do inútil
da ignorância
do erros.
Liberdade
sinônimo de vida
de viver
de ser feliz
... do seu jeito.
Tu te foste
Deixaste-me aqui
Insultaste minha integridade
que integridade?
Volta, volta e me puxa para perto de ti, não me deixe ir.
Não te aflijas sozinho com tua mediocridade, junta-te a mim.
E podemos contemplar as formas mais medíocres do amor.
Coisas que me fazem bem: seu olhar, seu sorriso, seu cheiro. Me perco em sua espontânea vontade de falar besteiras. Procuro sempre não insultar a sua disponibilidade em poder me ver. Mas sempre te procuro. Ganho um sorriso e você me estende os braços em um abraço apertado, cheio de afeto... amor.
Insultando minha consciência, me agarro à subterfúgios. Com você me sinto completamente bagunçada, dos pés à cabeça - e o coração - Não vou me entregar ao trabalho de arrumar só pra ver você bagunçar de novo. Nada reciproco, mas me desfaça sozinho.
Tente não encontrar as respostas.
Deixe-a levar
Segurar a tua mão
Faça-a querer
tudo
você
mais um pouco.
Teu beijo
Ela precisa do teu sorriso.
de você
de um limite.
O limite entre a distância e teu coração.
O espaço entre o amor e a tua ignorância.
Sentir.
Ambos decifram os transtornos que se passam
no interior
por fora
do lado
de dentro.
(...) Ando por ai tentando encontrar as explicações para tudo. Procurando meios e maneiras de ser feliz, de fazer feliz quem eu amo. Mas eu não ando por ai sozinha, vivo buscando formas de não me sentir confortável com a solidão. Eu também tenho sonhos, sonhos utópicos. Vivo de sonhos. Às vezes, minha consciência foge do que realmente sou, e frequentemente me encontro em um vazio sem fim. De certa forma, eu sempre procuro não sair de mim. Venho trabalhando com isso, mas é bem obvio e irracional querer ser o que o meu ego julga perfeito, mas meu sistema límbico não nega meu eu. A todo momento surge aquela vontade de fugir de mim, fugir da futilidade, fugir da ignorância, fugir da melancolia de ter sentimentos nobres. Talvez um dia, eu fuja. Fuja pra bem longe, mas quem sabe, eu leve comigo o que eu sou e tudo aquilo que me faz bem.
Olhe, querida
Acene para as flores do céu
elas revelam um segredo, proferem o quanto tu podes.
Vá encontrar teu amor
Vá, segue, segue.
Não busque tua outra metade
aperfeiçoa a que tu tens por inteiro.
Não defina o finito dos teus dias,
viva hoje, viva agora, viva intensamente.
Viva feliz.
(...) andavam silenciosamente, mãos entrelaçadas, respiração ofegante. A alma dela abria a porta do paraíso. Eis que a moça parou. O puxou para perto, tocou seus lábios, delicadamente, com a ponta dos dedos. E riu daquilo tudo. Sua feição de interesse pelo que se passava dentro dele era inexistente. Mas ele a observava, sem ter reações. Não mexia os lábios, não palpitava, não demonstrava nada. Era frio, gelado. Só a olhava profundamente, sem cuidado, insistindo-a em desistir. Entretanto, ele tinha um pedaço do céu nos olhos, mas aquele céu não a pertencia mais, as flores do céu já não cintilavam em sua presença e ela não percebia. Era cega, coitada. Cega de amor. Como pôde pobre garota, se entregar assim? Desfaça tudo, desvaneia tua alma, segue teu caminho, solte a mão dele, e vai indo. Vá, e não olhe pra trás, tu não perdeste nada aqui
Por que tão deprimente, criança?
Olhe em volta.
Pessoas, chuva, gotas de felicidade inundando a cidade,
inundando a alma das pessoas.
Por que tão triste, criança?
Observe,
observe os impasses dos apaixonados pelo vento.
Por que tão insensível, criança?
Sinta, menospreze o desprezo.
Por que tão calada, criança?
Fale pelos cotovelos, entregue-se aos teus ouvidos.
Por que tão inamável, criança?
- Porque o amor é tão deprimente que não sobra tempo para se tornar amável.
...
Ei, caro inocente. Não ofenda as minhas exigências. Eu não sou do tipo que usa, mas depois que experimenta, se aproveita do desprezo para fazer qualquer um cair fora. Não se aposse da minha meiguice, ela é meio temporária, mas não queira conhecer meu lado selvagem, parece ser bem pior que apenas uma menina carente.
Ensina-me o caminho do teu sorriso, guia-me ao teu coração, parta-me ao meio e me leve contigo para o mais irrealizável amor de cinema. Me ame, me faça feliz.
Você se foi
Me deixou aqui
Insultou minha integridade
que integridade?
Volte, volte e me puxe para perto de ti, não me deixe ir.
Não se aflija sozinho com sua mediocridade, junte-se a mim.
E podemos contemplar as formas mais medíocres do amor.