Coleção pessoal de beatrizpace
Porque infelizmente, menino, eu ainda sou da época que amar era moda, não casualidade barata de mesa de bar.
Eu sempre fui de lembranças, lembra? Você de atos. Por isso que demorei tanto a perceber que minha memória me confunde e me ilude. Eu tinha esquecido o quanto você é desprezível ao vivo e a cores. Lembrava de você mais como um príncipe encantado mas olha onde o rio foi desaguar.
Dor não é linha de poesia, dor não é ficção. Para você que perdeu a esperança nos dias seguintes, nas palavras e promessas anteriores, no momento presente. Aos que passaram alguns segundos lendo algo e procurando, num mergulho em si mesmo, se encontrar. Aos que sentem frio, aos que sentem falta, aos que sentem nada... Sempre vale a pena parar e respirar - (suspiro) – Muito a pena!
Eu tenho que parar de apalpar meus bolsos do casaco como se tivesse esquecido as chaves de casa, a carteira em cima da mesa, a luz acesa. Eu tenho que parar de olhar para trás como se tivesse deixado cair algo pelo caminho que por um momento relapso, deixei escapulir por entre os dedos e se perdeu nessa trilha. Não devo, nem quero continuar com essa sensação de que perdi você.
Não tive a pretensão de me doar quando você se doeu em ir embora. Mas deixastes um pedaço pela calçada ali na frente, um casaco, uma flor, uma foto, um orgulho ferido