Coleção pessoal de Barbaraalbach

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Os livros eram ladrões. Roubavam-nos do que nos acontecia. Mas também eram generosos. Ofereciam-nos o que não nos acontecia.

O desespero tem suas formas próprias de trazer a calma...

A verdadeira revolução é a santidade.

Amar
É coisa de morrer e de matar...
Mas tem som de sorriso.

‎Ames ou não, ó minha amada
Quero-te sempre boa atriz
Mentir amor não custa nada
E custa tanto ser feliz.

Te amo ainda que isso te fulmine ou que um soco na minha cara me faça menos osso e mais verdade.

E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo, prazer, lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro.
E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.

A desgraça de Dom Quixote não era suas fantasias, mas o ceticismo de Sancho Pança.

As coisas invisíveis são as únicas realidades.

Essas calamidades, nas dimensões que citei, impressionam vivamente a nossa fantasia, se acontecem longe e atingem a muitos. A verdadeira infelicidade – o supremo infortúnio – é, na verdade, particular. É o sofrimento bem perto. De um só conhecido. Os extremos medonhos da agonia são sofridos pelo homem isoladamente, e nunca pelo homem na multidão.

Entretanto, nem por isso sou menos capaz de definir essa sensação, de analisá-la, ou mesmo de ter dela uma percepção integral. Reconheci-a, repito-o, algumas vezes no aspecto duma vinha rapidamente crescida, na contemplação de uma falena, duma borboleta, duma crisálida, duma corrente de água precipitosa. Senti-a no oceano, na queda dum meteoro. Senti-a nos olhares de pessoas extraordinariamente velhas. E há uma ou duas estrelas no céu (uma especialmente, uma estrela de sexta grandeza dupla e mutável, que se encontra perto da grande estrela da Lira) que, vistas pelo telescópio, me deram aquela sensação. Sentindo-me invadido por ela ao ouvir certos sons de instrumentos de corda e, não poucas vezes, ao ler certos trechos de livros. Entre numerosos outros exemplos, lembro-me de alguma coisa num de Joseph GlanvilI que (talvez simplesmente por causa de sua singularidade, quem sabe lá?) jamais deixou de inspirar-me a mesma sensação: "E ali dentro está a vontade que não morre. Quem conhece os mistérios da vontade, bem como seu vigor? Porque Deus é apenas uma grande vontade, penetrando todas as coisas pela qualidade de sua aplicação. O homem não se submete aos anjos nem se rende inteiramente à morte, a não ser pela fraqueza de débil vontade.

Deus é o existirmos e isto não ser tudo.

Há tanta suavidade
Em nada se dizer
E tudo se entender

A verdadeira verdade é sempre inverosímil.

Há noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer.

A maior dor do vento é não ser colorido.

Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.

O amor faz você querer ser um homem melhor. Mas talvez amor, amor de verdade, também lhe dê permissão para ser apenas o homem que é.

Nunca posso alimentar esses pensamentos. Classifiquei essas lembranças como se fossem um lugar particularmente perigoso: um lugar escuro.

Eu não era uma criança adorável e me tornei uma adulta extremamente detestável. Se alguém fizesse um retrato da minha alma, veria um amontoado de rabiscos com presas.