Coleção pessoal de Augusto.

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Reverter a distorção da alma das pessoas é tarefa árdua para o poeta. A palavra é uma ferramenta abstrata que opera à base de uma energia especial: o sentimento. Além do mais, o reverso da expressão de um poeta se faz presente de um razoável histórico de desafios à estupidez humana. Estabelecer uma conexão emocional entre o essencial e o coração dos homens, certamente, não é tarefa simples. A alienação encontra combustível no auto-engano. Um poeta deve ser persistente e proceder batendo o seu tambor.

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Autoestima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é... Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... Saber viver!

Tomem posse de vossas vidas. Para domarmos o cavalo do nosso imaginário, se faz necessário pintarmos estradas em nossas entranhas. O medo é um obstáculo mentiroso e inimigo de vossa espontaneidade, bem como das sensações do corpo. É no fundo de nossas almas, que haveremos de admirar a exibição de uma belíssima orquestra.

Subjetividade

Tenho o inimigo mais forte do mundo. Eu mesmo. Um ponto fraco, seu, é a objetividade.

A descoberta do sabor de nossa amizade deve ocorrer à luz da paz e da sinceridade. Nossas bocas coladas representam o canal da cumplicidade de nossas intenções. Sinto-me meio ébrio com a tua lembrança e um tanto quanto ébrio na tua presença. Majestoso e errante é o caminho que o teu espírito expressa a beleza da vida, fortalecendo a essência da humanidade com o pólen do teu sorriso. Tu és um leito para o fluxo dos elementos que enaltecem a minha alma através dos sons secretos que retumbam atrás de minha armadura de fogo. Se puderes imaginar o ouvido mais apurado próximo às minhas veias e artérias, vais entender que é aí aonde estou. É aí que a tua vida passa pela minha. Eu, certamente, estava menos ébrio quando não te conhecia.

Um maestro talentoso percebe certos valores nas pessoas, os quais são inerentes à singularidade e são o pólo de desenvolvimento dos papeis na vida, sejam eles o de pai, mãe, profissional, não importa. O maestro, bom mesmo, é dotado da harmonia gerada do caos que rege a orquestra interna pela qual se faz existir de elementos vivos, lembranças e instrumentos que tocam no inconsciente. Esses maestros reproduzem boas ações, reconhecendo em nós, músicos já não tão errantes, o gérmen do seu trabalho.
Maestro! Aplaudimos-te, não de pé, mas de coração, pois é respeitoso esse teu comportamento.

O reverso da disposição de lutar contra a maré montante do amor-próprio na busca do conhecimento é a capitulação da mente que se entrega e se deixa levar pela doce vazante do auto-engano. Quando as águas profundas se agitam e desgovernam, a lógica naufraga e o intelecto, por mais formidável que seja, vira joguete na correnteza do acreditar.

Vida,

Viver é expressar todos os dias um sorriso de calma. É se apresentar nesse pequenino palco que é a terra. É buscar do público fiel (sua alma) aplausos por estar vivo. Atue com perseverança, se arrisque, ame, viva, pois somos o produto de nossas ações e de nosso comportamento.

Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...

Equilíbrio,

Desta vez, vou iniciar por mim. Para mim. Vou-me desculpando. Vou-me chorando. Vou-me observando. Sou a minha esperança. Respeitando a tudo e a todos. O olhar absoluto, flexível. O melhor da vida é estar livre. O admirável está aqui, próximo e bem guardado por muralhas troianas. Sou exército de prontidão. Sou exército em marcha. Sempre fui ouro. Sempre reluzi. A terra vibrará e a água será minha aliada. O ar não carregará minhas cinzas, mas alimentará a minha alegria. Que belo que sou.

O nascimento,

Ainda que não houvesse filosofia, haveria de entregar-me a ti, só por ousadia. Haveria de te mostrar os meus planos e o que penso. Eu faria questão de realizar o parto do primeiro pensamento sobre os sentimentos da minha alma por ti. Escuta-me, pois estou disposto a ti doar os meus olhos. É certo, porém, que o nosso crescimento ocorre à luz do calor humano. Devemos significar um para o outro, uma parte de nosso todo, sendo que as outras partes haverão de serem encontradas em outros continentes. É pisando no chão desse mundo e conhecendo os outros que descobriremos se existem razões dignas para nos amarmos.

Homenagem póstuma,

Quantas manhãs de domingo já ocorreram? Esta chuva, fina, vista por tantos olhos. Através de tantas janelas. Ouço o ranger de minha alma através, não mais do castanho, mas do novo branco de meus olhos, que não refletem nem mais a sombra de minhas lágrimas, já com sabor de sal sem doce. A expectativa do ranger da porta de meu quarto é a maior de todas as torturas. A dor que aguarda para ser arrebatada. Impressionante, o costume ao som do silêncio. Tornei-me uma escritora. A tua ausência me obriga a escrever como uma forma de me calar. Por anos estive livre em sua prisão. Verdades e mentiras convivendo na mesma sela. As minhas demandas, hoje, estão me sufocando no pavilhão da solidão. E eu acreditando na sua ressurreição. Recebes esta homenagem póstuma, da desgraçada, com quem conviveste por 47 anos, e que sofre implorando a Deus, todos os dias, pelo último suspiro.

O riacho,

Quem é capaz de adivinhar o futuro? A vida é semelhante a um riacho. Há quatro formas de encarar a coisa:

Algumas pessoas ficam extasiadas e inertes, admirando a silhueta do leito. Acabam sendo atingidas pelos respingos das alegrias e tristezas de seus amigos, familiares... Assim, vão assistindo a vida passar. Certamente, quando chegar o dia, elas serão abençoadas e aceitas de volta por Deus.

Outras, diante de tamanha maravilha de Deus, viajam em si mesmas, e partir de alguma percepção despertada por esse exercício de introspecção, vencem a inércia e acabam seguindo o leito da vida, por fora, descobrindo o quanto as quedas poderiam ser suavizadas pela profundidade de uma amizade ou amor. Concluem assim, que todos nós fluímos para o mar representado pelas mãos do Criador. Porém, como navegaram à margem, não absorveram da vida os elementos para a elaboração de suas pérolas. Ainda assim, haverão de ser queridas e aceitas por Deus, algum dia.

Há aquelas pessoas que mergulham de cabeça em tão acolhedor riacho. Vivem, sorvendo as experiências das profundezas, aprendem a nadar de diversas maneiras, vivenciando intensamente a plenitude no mundo das águas, com uma sede insaciável. Haverão de ter visto a vida de dentro, espalham seus sorrisos e lágrimas por todos os lados, e devem chegar às mãos do criador completamente ébrias. Porém, enquanto nessa circunstância, não conseguimos distinguir certas “pedras” no caminho. Com isso, se faz necessário ir ao cais para curar os ferimentos. Descobre-se aí o quanto as margens da vida podem ser estranhas a um “peixe”. Ainda assim, tu poderás contar com o Supremo, que ti receberás de braços abertos.

Há um tipo raríssimo de pessoa que deixa pegadas nas margens, indicando que não é inerte. Dizem que ela só se banha na cabeceira do riacho, pois é onde se forma todo o fluido vital. Outros dizem que se trata de uma lenda, pois já correram toda a margem do riacho e nunca a viram. Certa vez, apareceu uma explicação através de uma criança e foi a que mais gostei. Ela palestrava a todos, afirmando a existência de tal pessoa, porém os adultos não a viam, porque, assim como as crianças, vez por outra se escondia entre as moitas das margens buscando solitude. A criança insistia em afirmar que já haviam se banhado juntos, na nascente, no leito e na foz do riacho. Ambas conversavam por horas e mais horas, assim admitia a criança. Ninguém acreditava. Quem mais poderia ter tanto assunto para conversar horas e mais horas com uma criança? A criança, realmente nunca havia sido vista em companhia de pessoa alguma. Muitos diziam que era seu amigo imaginário. Pois bem amiga, a tal pessoa, está em todos nós. A tal pessoa cresceu em nós, tornando-se esquecida e irreconhecível. O ser humano escolhe assim, viver à luz das equivocadas fantasias do seu bando. Devemos saber a hora certa do banho, a hora certa de caminhar e a hora certa de parar. Tudo na vida dispõe de uma medida. E quem dispõe do recipiente? Certamente uma criança.

Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo.

Paradigma,

Um lado pra ser respeitado. Uma face obscura vibrando. Esse lado também sou eu. Quando falo dele só consigo olhar para minhas mãos, para os meus dedos, para a minha pena. Essa face, também faz parte de mim. Eu a respeito tanto que escrevo sobre ela. A minha sina é dar atenção a ela. O brilho de uma face negra que ofusca o meu sol. Ofusca o ouro de minhas armas. Esta face, é membro de meu corpo e quer a minha mente. Está oculta, sempre... sempre ali. Converso, aperiodicamente, com ela. Criamos empatia um pelo outro. Dessa face não se bebe e nem se banha. Mato a sede com palavras ao vento.
Aguardo assim, o próximo eclipse.

O portal,

Texto é portal. Tormenta é expressão. Música é criatividade. Ou: Portal é texto! Expressão é tormenta! E a música? ... E a criatividade? ... Ainda não sendo uma pessoa decidida, ouço a música que toca meu inconsciente. Sinto a tormenta, e mostro minha alma no portal.

Aquarela,

Para se desenvolver uma personalidade mais abrangente se faz necessário habitar outro planeta. Este planeta será o seu novo mundo, no qual cultivarás as flores que quiseres, tomarás banho a teu modo, escreverás poesias, andarás de bicicleta e buscarás o som privilegiado da paz. Serás novamente criança. Esse planeta será teu lugar secreto, não precisando estar habitado, pelo menos a princípio. Aos poucos convidarás novas pessoas para compartilhares as novas cores dos teus quadros. A agradável melodia de tuas palavras e gestos aos poucos haverá de atraí-las. E quando tu estiveres preparado, este planeta vai se fundir com o teu coração. É quando vais ouvir o chamado de tua alma para habitar novamente o planeta Terra. Entenderás que pintaste o planeta Terra em teu coração com matiz renovado. Por toda a nossa vida ocorrem tremores de terra e é a partir deles que inspecionamos nossas almas e reforçamos os alicerces da personalidade. Poderosa é a aquarela, uma das ferramentas mais valiosas deste imenso universo.

Tenho visto as pessoas tornarem-se freqüentemente neuróticas quando se contentam com respostas erradas ou inadequadas para as questões da vida. Elas buscam posição, casamento, reputação, sucesso externo ou dinheiro, e continuam infelizes e neuróticas mesmo depois de terem alcançado aquilo que tinham buscado. Essas pessoas encontram-se em geral confinadas a horizontes espirituais muito limitados. Sua vida não tem conteúdo ou significado suficientes. Se têm condições para ampliar e desenvolver personalidades mais abrangentes sua neurose costuma desaparecer.

Amigos, Amores, Fatos e Fluidos.

É fato que os fluidos escoam. Fluir é o paradoxo dos fatos, é impregnar, deixar vazar. De lábio em lábio catalisam-se as fantasias, fato abstrato inerente ao escoar dos fluidos, os quais são concretos e ativam as paixões, que são abstratas e se escondem nos corações.

A viscosidade é inerente ao desenvolvimento da natureza humana. O ser humano cresce quando escoa à medida da viscosidade de sua alma. A viscosidade de um ser pode ser alterada, não importa a sua idade. Adicionando-se ou retirando-se fatos, um ser deve mergulhar ao mundo das águas e buscar sua unidade.

Aos Ausentes! Esta noite não representou uma seção de apedrejamento. O sabor da expectativa do vosso desembarque se confundiu com as alegrias e os fluidos em nossos copos.

Aos Amigos! Lubrifiquem-se com abraços mil e gritos de alforria. As amarras são invisíveis, e não nascerdes para serem escravos de homens ou fatos.

Aos Homens! A riqueza maior do universo está no sorriso de vossas mulheres e filhos. Se não dispõem de umas ou outros, buscai fluir pela filosofia.

Às Mulheres! Dêem vazão à troca de fluidos. Entreguem-se! Transformem-se no fato maior do fluir de nossas vidas, oh pobres homens. Ouçam! Desejamos, hoje, agora, ser lubrificados por vossas almas e corpos.

A todos, muito obrigado por trazerem bons fluidos a esta casa e a esta mesa. Isso também, com todo o respeito, é fato para ser retratado como uma Santa Ceia!

Honestidade, amor e perdão

As palavras de Cristo estão relacionadas à paz interior. Relacionamentos honestos reproduzem os dogmas pregados pelos sermões de nossa própria alma, de dentro para fora. É certo, porém, que através do contato com os outros, desvendamos verdades outrora invisíveis, que a princípio, são dogmas, mas não devem nortear nossas vidas. Os dogmas que exigem da gente um desgaste excessivo de energia e tempo para compreendê-los e praticá-los, não devem se tornar nossos mestres. Amor e perdão são os ensinamentos básicos de Jesus, e, certamente, falar deles não é tão simples. Praticá-los também não é tarefa simples. Perdoar é algo tão abstrato que só podemos sentir, por mais que se diga e se abrace o algoz. Acredito que a paz das pessoas está relacionada muito ao ato de perdoar os algozes do passado, sendo a partir daí, que se deve ocorrer a expulsão dos demônios de nossas mentes. O perdão não quer dizer que o algoz deva fazer parte novamente de nossas vidas, do nosso cotidiano. É honesto que os afastemos, os algozes, desde que assim o seja com o amor pregado por Jesus e não a partir de atos estúpidos requintados de humilhação. Os demônios são espertos, e só se vão quando são expostos na berlinda do nosso coração.