Coleção pessoal de ascaldaferri
O tempo para quem se importa
Aquele dia começou, após uma noite mal dormida, com umamúsica no fundo, bem lá no fundo da cabeça, imperceptível, mas insistente. Arotina de sempre: levanta, lava o rosto, escova os dentes, dá uma olhada noespelho, faz a barba... Neste momento vem à mente as tarefas do dia e tudocomeça a acelerar, a mente foca no que tem de ser feito, o corpo segue asdeterminações e tudo entra no automático. Naquele dia tudo podia ter sido diferente,mas a vida contemporânea exige e cobra o tempo.
O tempo é o que se teve, se tem e terá. É o que deixa a vidafeliz ou triste, prazerosa ou penosa. Aquele dia começou e o tempo de lá paracá já se foi. Neste relacionamento intenso entre a vida e o tempo é precisocuidado para com o segundo de tal forma que o primeiro seja beneficiado. Seassim não for, a vida pesa e o tempo se rebela. Não adianta esconder, mentir,ajeitar, dissimular, fingir, não olhar..., pois o tempo é transparente esensitivo. Esta presente querendo ou não, gostando ou não. Ele não tem escolha.
Anteontem pensou-se no amanhã e a promessa foi feita: nestetempo escasso, a música lá do fundo sairá e vai tomar corpo e será tocada eescutada na integra com direito a reflexão e até repetição, mas o amanhã já foioutro dia e se tornou o ontem e a canção reprimida continuou lá no fundo,escondida atrás das fachadas erguidas para manter algo de valor duvidoso.
E o tempo hoje se apresenta e novamente a promessa é feita erefeita. Quem sabe amanhã tudo muda e a música poderá tocar num tempo normal,menos acelerado, menos dinâmico e assim a fala poderá ser dita e escutada, ocarinho poderá ser dado e recebido, tudo com profundidade e tempo para serapreciado e trocado.
E assim passaram-se os dias, contemplando a lua que exercia uma estranha atração nela. De dia sonhava e de noite acordava. Encontra-la mesmo que naquela maldição era tudo o que lhe restava. Lutar para quebrar o feitiço era a única opção, mas a luta permanecia no estranho ato de sonhar de dia e acordar a noite e de longe ficar a contemplar a beleza e sentir a energia apesar da distância.
Dia após dia, noite após noite, sonhos de faces randômicas que despertavam sentimentos nunca dantes percebidos e no cair da noite uma única face permanecia frente aos teus olhos, atraídos como se pudessem sair pelo espaço em sua direção e encontra-la.
De repente o som estridente da campainha trespassa o quarto entra rasgando por seus ouvidos. Um salto, coração acelerado, susto. O dia amanheceu. Acorda e vai tomar o café. Tudo que se passou ficou guardado no fundo do inconsciente para novamente tomar novas formas com a visita de Morfeu.
Os dias e noites assim se repetem até que naquela manhã durante o café algo parece ter-se quebrado no mais intimo daquele ser.
Demorou mais do que o normal sentado com o olhar vagando pela janela. Não sentia sono, não sentia o cheiro forte do café coado na hora, não sentia nada. E dentro daquele vazio apenas tua mente fervia e quanto mais fervia mais o coração disparava.
O pânico se instalou, um nó na garganta, um soco na boca do estomago, o mundo girava e girava e girava cada vez mais rápido.
Ela reúne toda a força que lhe resta. Tenta levantar-se, faz mais força e imóvel continua. Insiste, resiste, persiste. Pensa que esta morta, mas recusa-se a acreditar. Esta paralisada. Faz mais força e mais força e percebe um rasgo, uma fenda. Fixa-se naquele fio de vida e faz força.
Sente que moveu-se. Talvez um milímetro, insiste e se vê de pé. Move-se. Passa pela porta. Move-se mais rápido e mais rápido e mais rápido e sente o ar queimar seus pulmões e o coração mais e mais acelerado. Tudo parecia caminhar para um colapso. Mas sentia vida, estava viva. Outro ao teu lado apareceu e tão rápido acompanhou e quando viram corriam.
Corriam e não paravam mais. Romperam até que a noite caiu e a lua veio ter com eles. Naquele instante renasceram com o sopro de vida vindo da lua. O sopro empurrou-os para mais longe e fez deles mais rápidos e a maldição se quebrou e eles... Acordaram finalmente de um sonho a dois e foram tomar o café...
E por amor tomou-se tudo o que acontecia.
E tudo o que acontecia era mera educação.
E a educação levou a uma confusão.
E a confusão despertou o interesse.
E o interesse aprofundou o conhecer.
E ao conhecer se apaixonou.
E ao se apaixonar amou.
E ao amar tudo valeu recomeçar.
Água na boca
E os lábios sedentos
Atraídos por outros lábios
Ficaram a uma distância segura
Aumentando a vontade
Escorrendo a sede
Úmidos de desejo
No sopro quente trocado
Hálito que embriaga
Que descontrola
E conduz ao toque
E desenfreado mata
Mata a sede
Se tu queres uma alma gêmea vá ao cinema assistir Walt Disney do contrário encare a realidade, saia da casca tenha coragem, olhe pra frente e veja alguém que vá te revelar, te expor na intimidade e descubra que não importa os dias bons ou ruins e sim o que fez nestes dias.
Se tua vida não está boa, mude de vida e pare de reclamar. Se algumas pessoas insistem em querer lhe derrubar, fique de pé só para irritá-las. Se não tem o que quer, saia em busca dos teus objetivos.
Para existir o sim tem que existir o não e ao transformar tudo em "coisas bonitinhas" perde-se a essência da vida
A psicologia do “amor” e da “auto-ajuda” nega o não que é a própria essência da existência de quem o nega.
Não penses nada de mim por meio do julgamento alheio, não me veja pelos olhos de outrem, não avalies minha tez sem me tocar, não diga meu sabor sem degustar. Tu me pareces mais autêntica. Construa tuas próprias experiências.