Coleção pessoal de aroldoarantes
Num canto escuro de mim mesmo, tateava procurando algum resto de verdade. Mas tudo em mim era erro, um nada rodeando um coração que não bate.
Meu tédio, não tem remédio! Não tem começo, nem fim! Por isso, tem horas, que me dá vontade de ir embora de mim.
Emana a manhã que já vem, nos idos de um coração partido, nas abas de um chapéu qualquer, para esconder as palavras e o que mais você quiser.
Tens em ti, tudo que me parte: pele de verso, corpo de abraço, lábio de rima e o meu coração que não bate!
Não jogue fora a chance de semear um sorriso no rosto de alguém. A felicidade alheia é o melhor fruto que a vida tem. Fazer feliz faz bem.
Espera-te um beijo, assombra-te esperar, e os sussurros me aspiram, me descrevem, me dominam, em teu consumar.
Vida que me leva,
vida que carrega a gente sem pedir...
Vida que já era,
vida que se erra sem poder repetir...
Gira a vida
nesse eterno abrir e fechar de portas.
Vira a rima
e o avesso que ri de suas próprias respostas.
Vira o verso
nesse eterno abrir e fechar de pernas.
Gira o resto
nas gotas de suor e verbo de suas mentiras sinceras.
Nem foi tão de leve, que você passou por mim. Quase à flor da pele, seus porquês parecem um estopim. E as perguntas queimam o não e o sim.
Eu fugi das suas mesmices, procurando não deixar à mostra as minhas superfícies. Pois me sinto tão vazio quanto um rio sem o mar. Já nem sei se te sorrio se o teu cio quer ficar. Eu rugi minhas certezas, derramando dúvidas e gotas sobre a mesa. Eu tingi ao encostar em tua orelha enquanto a palavra emudeceu a poeira. E o silêncio conversa suas mal traçadas entrelinhas, assobiando sem se preocupar com a cafonice. Alguns acordes inconfessos de suas melhores linhas, dedilhando o inverso daquilo que ainda não existe.
Felicidade não é algo fácil de provar! É algo caro, mas que o pobre sempre tem! É algo barato, mas que o rico não pode comprar.
O riso adormeceu e raso deitou no breu, se cobrindo com aquele desinteresse costumeiro, de quem finge que já se esqueceu.
Tem dias em que o verso se entrega e se dá de tal forma, que você fica surpreso com os verbos acesos que se oferecem e batem à sua porta.
Velha lua de todos os poetas, sina tua, não ser tão correta. Pois nos induz sempre ao verso, sem deixar opção alguma.
Vivemos tanto de aparências, que quando o espelho nos ataca, muitos caem cegos, fulminados pela lâmina da realidade.
Me aproximei de tuas cordas, tentando dedilhar os acordes de uma melodia perfeita, mas de repente notei que não precisavas de mim.