Coleção pessoal de Ariane28

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Morrerei engasgada de palavras

Ouvi dizer que todos os poetas
Morreram engasgados
Pensei engasgados
Morrerei escrevendo tudo .

Mas nunca será o suficiente
Sou inundada de dentro pra fora
Permeada de caos e contradições
Tão finitas quanto eternas .

Um relógio de cordas
Programado já repetição
O eu caótico frustrado
Com fleches de memória .

Inerte da história , na contra mão
Infinitas palavras deslocadas
Extraídas soberbas de me . ⁠

Ao soar dos sinos

Traz de volta , traz pra mim
Revoga o beijo o cheiro , desejo
Arromba a porta que ficou trancada
Não por opção , mas por orgulho besta .

Segure os dedos minhas mãos
Não solte não vá embora , fique .
Resista , peça , me queira
Me dispa.

Beba de mim, sugue de mim
Sussurre enquanto beija minha boca
Converse no meu ouvido
Com sua voz rouca .

Sorria
Quando fechar lentamente os olhos
Enquanto se curva sobre mim
Abra as pernas e como na cadeira

Sente , apoie seus braços e viaje em me
Passeie com as mãos no meus pescoço
Busque meus olhos pra se
Impeça minha fuga .

Beije-me
Não me deixe ir.

⁠Sintonia

Senti medo ,quando seu corpo tocou o meu
Sentir que entrava na minha carne
Tive medo de não conseguir sair
Fiquei tão presa , na maciez da sua boca.

Que me esqueci , me perdi
Todo meu amor
Todo meu carinho e atenção ,
Flamejante, como o ardo .

Daquele chocolate aquele , aquele
Pimenta , finalmente, quanta memória
Não concluída , quanto prazer desejo adiado
Sua pele , tom de romã , ou maçã , canela isso .

Seu cheiro que embebeda meus pensamentos , mas como se é pra sentir
Sim me embebeda , entra pelos meus pulmões
E derrepente , estagnada perplexa do seu poder .

Macio quente , doce forte
Molhava minha boca
E eu quase implorava
Me beija .

Minha licença poética
Meu delírio eminente
Vislumbre da poesia perfeita
Minha cereja negra .


"Infame

Olhei e vi seus olhos
Naquelas gotas de chuva
Que molhava seus cabelos
Dançamos .

Estava hipnotizada , com seu ar de que
Nós podemos ser tudo que quisermos ser
O mundo é seu é meu é nosso
Nas linhas tênue do seu corpo .

Fio a fio eu puxei, te trouxe pra mim
Daquela água que escorria de você
Eu bebi , destilando pela minha boca
Encurralada não resisti .

Pedi um beijo ,
Quando me negou
Eu o tomei pra mim.

⁠Minhas palavras

Eu dou um passo no escuro
Navego entre as linhas do destino
Eu brinco com cada palavra
Dedilhada nas cordas de um violão.

Eu não digo as palavras ,
Eu as transpiro,
As faço carne da minha carne
As faço sentir por se próprias .

São viscerais , do profundo
Metódicas consistentes
Quase com vidas
Se não, vivas.

Você pode dançar com elas
Canta-las educa-las endireita-la
Melhor sussurra-las , grita-las
Por fim guarda-las .

Te venero

Tempestade, furacão de sentimentos mútuos
Dilacerou meu coração , arremessando
Minha alma nesse mar de paixão

Chovia em mim e molhava minha boca
Desejando , minha pele e meus beijos quentes
Escorria pelo meu corpo com a boca

Sentia meu cheiro , eu sentia seu
Você me chamava , eu te ouvia
Te seguia , eu tinha sede de você
Queria beber te como vinho

Queria sugar te como mel em meus dedos
Queria deslizar minha língua e sentir
Cada gosto seu
Não é da carne , e do desejo é do beijo
Seu seu cheiro

Seus beijos seu delírio por mim
Minha , sua ,sua suspira geme
Pra mim
Bebe da minha boca
Nosso fogo e desejo

Eu ⁠ louca por te

⁠Quando um vaso se quebra

Cavando uma saída sem fim
Doi quando eu respiro
Meu coração sangra
E meus olhos se molham

São duas linhas distintas, em caminhos separados
Não importa quantas vezes eu chore
Sera minhas mãos a enxugar meu próprio rosto.

Como explicar tanta dor
Como te fazer viver e sentir
Escrevendo as aqui
Como te mostrar aquela pontada?

Seguida de falta de ar
Junto a engasgo de melancolia
Como dizer escrevendo , sinto ,
Eu sinto , sinto se partirem

Como ossos secos
Jorram como sangue de uma artéria
Como cinzas quentes
De uma árvore em chamas

"Arco iris"

Serei pra sempre sua,
Vagas palavras dentro do meu coração
Que se partiu em pedaços
Não tão vagas assim.

Aquelas palavras escritas que gritaram,
Pra sempre para todo sempre
Até alguém ouvir
Tanto a ser dito, nada que os sentidos Possam ouvir

Mergulhei
Aqui estou eu, tomada atordoada
Ai ,coração maldito
So fazes zombar de me

Escreverei milhões de palavras
Pintarei todas as ruas de azul rosa ou amarelo ou vermelho
Eu beijarei seus pés e sentirei seu cheiro Minha, minha eu repito

"Sua"
Eu escutei

Ariane de Moura



Mais uma madrugada
Em que a insônia
O abismo sem fim me engole,
Mais um finito tempo .

Entre espaço e pensamentos
Corroe, roendo
As minhas borboletas no estômago
Que hoje não passam de cinzas .

Que amargam a minha boca
Que me causam enjôos
Mais um dia em que a única coisa que muda
É o meu humor.

"⁠Maldita seja


Eu não sabia que amar doía tanto
Eu não imaginava
Que me destruiria
Nunca pensei.

Quão dilacerante seria
Dar meu coração
Uma praga desconfortante
Dor escruciante .

Luta de amor e ódio eterno
Quando um não , doía até os ossos
Que queres que te faça
Maldita seja .

Maldita bruxa devassa
Deveria queimar-te ,
Mas a única coisa que queima
É meu desejo de te .

Malditas labaredas
Eu sou a própria fogueira .

⁠cupido

O que é amar pra você
Uma explosão de dor
Agonia se agarrar nos detalhes
É cegar-se pra não ver .

Permitir que alguém invada você
Toda dor causada cria uma casca
Uma ferida que não sara
Não cicatriza.

Corte as asas de um pássaro
E ele não voará
Quebre o coração de alguém
E até respirar fica difícil .

Sim meu coração foi partido
Esmagado pisoteado
Mastigado
Servido

⁠Ida

Talvez eu fique por aí
Só talvez eu me negue a ir ,
Sinto o gosto do sangue morno na boca
O ferrugem do travar dos dentes.

Aquela porta escura que não deve ser aberta
Aquele fio de angústia
Que sai do peito esvaindo pelas costelas
A sensação do assoviar da morte .

Alguém puxa o fio
Eu sinto na minha carne
Palavras ,infinitas palavras despedida
Pobre alma ,vagante atormentada.

⁠Relatos de quatro rodas

Meros pés pernas andantes
Tapados conformados
Hipocrisia todos os dias
Passo a passo .

Palavras e palavras confusas
Sou só mais um mortal
De conflitantes pensamentos
De esperas revoltantes

O que diz a sua mente
Melhor o que guarda
Sorrisos , choro alegria pedidos
Dor desespero

Rum nesse passar infinito
Nesse declínio maldito
O tempo, gozador do ser .

O gosto das uvas

Revirei-me outra vez
A cama fez jus ao meus pensamentos
Meus segredos sonhos ,meus medos , Derrepente aquela sensação ,

Aquela de, encontrei eu achei
Achei o que eu procurava ,
Pobre mente atormentada .
Insana infundada ,

Dar me as mãos e só flutue
Pise nos degraus imaginários
E sonhe junto a me
Essa história sem pudor.

Quem é você ?
Quem és tu que chegas de mansinho Aproximando uma pedra por vez .
Um estalar de garganta , um dois três

É vinho,tinto ,suave, seco, tardio doce
Ou passado , eu não sei
A me só me resta esperar
Por esse breve encontro talvez.

O lamento do violão

Da janela , a chuva caia
Escorria nos vidros
Dançava gota a gota
Faziam ziguezagues .

Meus olhos acompanhavam
De um lado para o outro
Tic tac, tic tac
Voltas e meia com os polegares.

Um passo um suspiro,
Declinando a cabeça
Lamentava por algo perdido
Ou simplesmente

Por não ter nada a dizer ...

Violei-me ⁠

As palavras são cuspidas da minha boca
Vagarosamente, empurradas para fora
Jorradas como rio em forte correnteza
Destilando da garganta pela língua.

Em um engasgar seco eu repeti
Estou dissipada, navegou no meu sangue
Me encabulou zombando de mim
Jogo na mesa quem da as cartas?

Suspense , mistério não tão mistério assim
Envergonhado pior de todos os golpes baixos ,
Essa piada o amor .

⁠intocável

Por entre as ruas e vielas
Por todas as cartas amarelas pelo tempo
Em cada pétala que cai
Em cada gota de chuva .

Entre os fios do meu cabelo negro
Em cada minina particula
Naquela sala cor de folha seca ,
Dancei ,com a sintonia perfeita.

Brilhava ao amanhecer
Era seus olhos fugindo da ira
Era meu eu quente naquela pira
Eu queimei você.

⁠Amor doente

Veio como brisa nos dias quentes de verão
Soprou feito tempestade acenando o fim
Encandeia com o sorriso
A primeira miragem.


Saciei meus devaneios , relutei com a despedida
Impetuosa inconstância
Revelaste algo dentro de me
Quem seria além de te.

Sois o rio que derrama as águas
O vinho que mata minha sede
E seca minha boca
Infortúnio é te amar.

Minha bruxa maléfica

⁠Maçã podre

Mais uma vez eu estava só
Mais uma vez eu chorei sozinha
Entre as paredes escuras
E um travesseiro molhado

Dolorosamente me desfiz
Calei meus sentimentos de angústia
Senti cada linha se desfazer
Percebi devia ficar muda.

Lavados com água salgada
Separados como o bem e mau
Sufocados reprimidos
Engasgados , refletidos
Po fim.

Cuspidos ...

Quebrou

Escureceu , de repente veio até me
Aquela sensação e se
Ao calar-me dei sinais , é o fim
É chegada a hora tão temida por mim

Hoje agora e para sempre lamentarei
Por ser tão tola assim
Em mil cacos meus cacos se partiram
Ensanguentados diluem a minha razão

Parece apagar vagarosamente
Aquela luz que brilhava firme
Hoje ofuscada pela desenlusão
Fim sem mais delongas

Sem sombras sem paixão
Somente o fim sem razão