Coleção pessoal de areopagita
Lembremos sempre: é preferível ter um perfil xucro que ter uma latrina no lugar da cabeça; antes o xucrismo puro que sermos uma alma de geleia sebosa.
Deus não é um carinha legal, nem um quebra galho imaginário utilizado pelos tontos desesperados. Deus é o princípio e o fim de todas as coisas. Ele é isso, e sempre será, mesmo que sejamos persistentemente incapazes em compreendê-Lo.
A razão, para uma pessoa desprovida de imaginação, é similar a um adorno refinado abandonado numa cova vulgar.
O sábio, dum modo geral, está sempre insatisfeito com o que ele é e, por isso, almeja tornar-se alguém melhor. O medíocre, por sua deixa, sempre está insatisfeito com o que ele tem e, por isso, imagina que se tornará alguém melhor se ele possuir algo mais.
Uma das grandes tragédias da Igreja em nosso triste país é que ela voluntariamente abdicou de ser Mater et Magistra - Mãe e Mestra - para tornar-se uma simplória animadora de programa de auditório.
Idolatrar o respeito a diversidade de opiniões é enxovalhar o conhecimento da verdade em nome da soberba do erro que vaidosamente se recusa a curvar-se diante da realidade.
É gozado, mas um fato facilmente constatável. No Brasil, quanto mais um sujeito ascende socialmente mais inculto ele se torna porque aqui, nessa terra de desterrados, os símbolos de status social bastam por si para que os indivíduos sentam-se o último gás da coca.
O fato dum indivíduo consumir produtos finos, dele saber degustar bebidas e manjares mil, não significa que ele seja uma pessoa de alta cultura. Sinaliza apenas que ele é um sujeito enjoado que faz do seu entojo uma fantasia tão pífia quanto oca de superioridade. Na maioria das vezes, só isso e olhe lá.
Uma certeza superior não é aquela opinião que, tolamente, queremos impor aos nossos pares. Certeza superior é aquela que, após uma longa e silente reflexão, revela-se para nós como um farol que nos guia por entre as brumas das artificiosas opiniões do momento.
A grande ilusão infundida pelo culto aos diplomas é que muitíssimas pessoas imaginam que essa papel borrado atesta, de modo irrevogável, que elas tornaram-se conhecedoras plenas da verdade e, de alguma forma, possuidoras da mesma, ao invés de, humildemente, entenderem que elas apenas estão no ponto de partida da longa jornada que poderá levá-las ao encontro da sabedoria.
Discutir, trocar umas ideias, é bom? Nem sempre. Tudo depende da intenção que nos motiva a entrar numa discussão e com quem iremos realizar o brique.
Se você for uma pessoa razoavelmente séria e se seu contendor também for, com toda certeza, a prosa será bem proveitosa para ambas as partes. Se ambos querem conhecer, partilhar o que sabem, e estão mergulhados nesse intento com uma profunda sinceridade, bons frutos poderão ser colhidos.
Entretanto, como ocorre na maioria dos casos, se um dos interlocutores for um embromador de carteirinha que apenas está preocupado com a sua pose postiça de sabido, abandone de imediato porque, sinceramente, será apenas uma perda de tempo a mais em sua vida.
Enfim, não caia nessa esparrela de discutir por esporte. Esse negócio de querer discutir tudo o tempo todo com qualquer um não passa de um impulso vaidoso boboca que apenas emburrece. Detalhe: com o tempo, não haverá trejeitos de sabidão afetado que disfarcem a decadência adquirida com essa prática vil. Ponto.
A palavra de ordem em nosso triste país é a dita cuja da ética. Não são poucos os que clamam por mais ética na vida pública e, inclusive, nas esferas da vida privada. Mas não é esse, de fato, o grande problema a ser resolvido não.
Francamente, há ética sim, e de sobra, no viver nacional.
O “x” da questão é a ética adotada majoritariamente pela brasilidade dum modo geral. No fundo, bem no fundo, o que todos no Brasil querem ter é uma vida boa sem necessariamente que isso implique em procurar viver uma vida justa. Esse é o princípio subjacente a grande maioria dos discursos politicamente corretos e revoltadinhos. Todo ele bem disfarçadinho com inúmeras camadas de indignação fajuta e sentimentalismo de mesa de bar.
Por isso, bem por isso, enquanto continuarmos tendo esse turvo princípio orientando as nossos ações a ética nacional continuará sendo apenas o que atualmente é: um enfeite para adornar a nossa canalhice brasiliana fundamental. Só isso, ou algo pior.
O grande problema do Brasil é que aqui é a terra do meio termo. Tudo é pela metade, morno. Somos uma nação Cristã amornada, somos um povo mais ou menos honesto e governados por políticos mais ou menos decentes, enfim, num país assim a única coisa que se apresenta de modo integral e pujante é a degradação geral devido a nossa insuperável mornidão que turva com grande êxito o discernimento cívico-nacional.
Reconhecerei a seriedade das reformas e contenções de gastos propostas pelos bernes que parasitam a maquinaria estatal quando esses, primeiro, conterem a sua voracidade canina frente ao erário e começarem a cortar a própria carne dando assim um exemplo de responsabilidade. Infelizmente, até agora, tudo o que vem sendo apresentado para a sociedade que agoniza em meio à crise como solução, francamente, a mim parece apenas uma encenaçãozinha bufa de populismo histriônico do mais baixo nível. Só isso e olhe lá.
Toda vez que o Estado começa a soberbamente decretar o que é bom e o que é mal em matéria moral é porque que ele está transubstanciando-se num Leviatã totalitário.
Negar que o sistema educacional brasileiro é uma poderosa máquina de doutrinação marxista seria algo similar a afirmar que a grama é rosa e não verde. É negar o óbvio.
É no silêncio da consciência individual que podemos exumar o cadáver putrefaz da bestialidade coletiva.
O politicamente correto com todo seu bom-mocismo enjoado e engajado nada mais é do que a expressão atualizada daquilo que a Sagrada Escritura chama de sepulcros caiados.
Não espere realizar um bem repetindo um punhado de imbecilidades mal disfarçadas sob o mando roto do politicamente correto.
Desconfio sempre daqueles que dizem representar os meus interesses sem jamais ter me consultado. Gente assim, de um modo geral, está apenas procurando defender os interesses de sua patotinha política ao mesmo tempo em que afirma cinicamente estar, como dizem, lutando pelos meus direitos. Infelizmente, biltres desse naipe abundam em nossa sociedade.