Coleção pessoal de areopagita

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Saber falar é importante; mas, mais importante que isso é saber o que falar. E tem outra: tão importante quanto isso, falar, seria saber calar e, também, ser cônscio sobre o que deveríamos silenciar.

Bem, no fundo, tudo isso, no frigir dos ovos, é uma coisa só; quem não sabe calar, não sabe ouvir e, consequentemente, não tem nada para dizer. Nada que mereça ser ouvido.

Olavo de Carvalho, com a força de sua personalidade, e com o poder de suas letras, faz o establishment tremer de raiva e chorar escondidinho; quer dizer, nem tão escondidinho assim.

E, assim o é, porque gente de geleia com coração de papelão não suporta um zoinho torto voltado pra sua direção.

Noves fora zero, fico cá com meus alfarrábios a matutar: já pensou se, hoje, tivéssemos figuras de tinteiro ferino do calibre dum Agripino Grieco, Gregório de Matos (o “boca do inferno”), um Padre Vieira, Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz, Lima Barreto, Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Paulo Francis e tutti quanti. Pensou? Já parou pra pensar nisso? Pois é, seria divertidíssimo.

O establishment, provavelmente, estaria à muito rasgando suas vestes em rede nacional e, os militares, as suas fardas; e isso, amiguinho, seria realmente impagável.

Pois é, sem essa galera toda eles já estão nessa sofrência dantesca. Verdade. Então melhor nem imaginarmos o que eles estariam fazendo se esse time estivesse hoje presente com uma conta no twitter e outra no facebook.

Uma reles opinião não poderia – e não deveria – ser o reforço de uma personalidade. Porém, todavia e, entretanto, na sociedade brasileira de nossos dias, onde muitíssimas pessoas tem em seu peito um coração de geleia animado por uma alma de papelão, uma opinião [tosca e furada] é a única coisa que elas têm em mãos para poder dissimular, para si e para todos, que tem algum tutano, tamanha é a desidratação moral, e a anemia espiritual, que tomou conta do ser adoecido de muita gente.

Antigamente, lá pelos idos de minha porca juventude, um jovem apresentava-se como rebelde “esclarecido” e “crítico” por ter lido um livro. Nossa! Ele leu um livro...

Para recuperar a sanidade, nesta época, bastava um pouco de tempo e algumas leituras a mais para que nos flagrássemos de nossa idiotia nada original.

Hoje os tempos são outros. Em outros temos nós estamos.

Atualmente basta que o infante – não tão infante assim - pinte o cabelo, ou faça uma tatuagem, beije na boca e, quem sabe, fume um e integre uma trupe para que se sinta o suprassumo do esclarecimento, da criticidade.

E é cada esclarecimento que, só por Deus.

Enfim, diante deste quadro, francamente, não sei o que poderia ser feito para livrar a pobre alminha agrilhoada neste estado criticamente crítico de alucinação coletivista, aja vista que o indivíduo deve, necessariamente, reconhecer que está carecendo de ajuda o que, infelizmente, não é o caso. Não é o caso mesmo.

Quanto uma pessoa diz que “sempre pensou isso ou aquilo”, tenha certeza de duas coisas: ela não sabe o que diz e muito menos o que está [supostamente] fazendo.

Vejam só: a galerinha limpinha da grande mídia está aprendendo a falar palavrões por causa do Olavo. Mais um pouco, quem sabe, essa gente chique e diplomada aprende a ser sincera e a falar com o coração na mão com o professor Olavo.

Os amigos permanecem, pouco importando como está o tempo e a maré. Amigos brigam um com o outro, tretam entre si, dão um tempo até, mas, ao final, se perdoam e se ajudam, porque se amam. Agora, uma coisa é certa: traíras são incapazes de compreender e viver isso porque não sabem amar. E o pior é que as pessoas descobrem essa dura verdade quando já é tarde demais e das piores formas possíveis.

Nessa semana, junto com um pequeno grupo de colegas, estávamos conversando a respeito do dia das mães e sobre os dilemas das famílias nos dias de hoje e, lá pelas tantas, uma colega havia dito que não gostava de assistir homenagens feitas para as mães nessa data porque, era uma e duas, e ela já chorava.

Uns confirmaram o mesmo sentimento e outros se mantiveram silentes sobre o assunto.

Eu, de minha parte, manifestei-me dizendo: eu não choro não. Não tem perigo de correr uma lágrima sequer pelo meu rosto.

Minha amiga olhou firmemente pra mim e perguntou a razão disso e, então, lhe disse: se eu chorar, rapidamente lembrarei de minha mãe me dizendo: “engole esse choro piá!”

Obrigado mãe, por tudo, principalmente por ter-me ensinado a engolir minhas fraquezas, todas elas, para encarar o mundo e a vida de frente.

Adoro uma boa troça. Não apenas isso. Acredito, sinceramente, que a vida tornar-se-ia uma bosta se o enxovalho e a sátira fossem banidos de nossa vida.

A chacota apenas tem vida quando é feita sem ódio no coração. Quando ela é feita simplesmente por despeito, aí não tem graça não. É apenas um troço pra lá de feio.

Falar mal de outrem, simplesmente porque temos ódio do caipora, não nos torna um herói. Apenas faz de nós um palhaço, sem graça ou maquiagem.

A fronteira que separa a sátira do ataque vil é mui estreita. Estreita pra burro. E os palanques desta delicada cerca estão firmados entre o coração de quem as escreve e na alma daquele que as lê.

Em meio à multidão isso não é possível; ela nos devora e dissolve nossa alma. A agitação e os ruídos incessantes nos impedem de ouvir o outro e de nos reconhecermos nele, tornando toda e qualquer possibilidade de diálogo uma quimera, terminando por nos distanciar de Deus e, consequentemente, acaba por nos separar de nós mesmos.

Quando somos apartados dos momentos silentes e solitários, nos tornamos incapazes de sermos gente e, consequentemente, desaprendemos rapidamente o significado real do vocábulo "próximo" quando ele é evocado e, principalmente, quando ele está diante de nós.

A grande mídia produz e reproduz um ambiente cultural excrementício sem igual e repete insanamente, das mais variadas formas possíveis, que todos devem consumir essa meleca para sentir-se criticamente integrado a midiática e fecal sociedade pra depois, sem mudar de pose, passa a criticar os consumidores bocós dessa tranqueira toda taxando-os com aqueles adjetivos que todos nós conhecemos. Pois é, por essas e outros que não consigo nutrir o mais mínimo respeito pela primeira, muito menos pelos seus críticos e, por pura ruindade, não sou capaz de sentir dó daqueles que se lambuzam nesse imenso angu.

O direito dos manos nada mais é que o uso, a instrumentalização feita pelas hostes do marxismo cultural, dos direitos humanos transformando-os num cavalo de batalha para solapar as frágeis bases das nossas instituições e, de modo sorrateiro, fazer ruir toda ordem social e, de quebra, erodir com os fundamentos dos direitos humanos.

O grande problema não é tanto a direção que é apontada pela bússola ideológica dum indivíduo. O grande problema é a falta de honestidade intelectual e a total ausência de amor ao próximo que habita, dum modo geral, no universo político e intelectual brasileiro. Tais pedras angulares – o amor ao próximo e à verdade - são substituídas pela dissimulação histriônica de superioridade moral e pelo bom mocismo afetado de gente intelectualmente chique e tolerantérrima. Quando isso ocorre, invariavelmente, o sujeito acaba por colocar qualquer ninharia ideológica no lugar da verdade para, desse modo, tentar parecer aquilo que ele jamais será: uma pessoa razoável e minimamente decente.

As dificuldades na vida existem e não são poucas, diga-se de passagem, porém, nada se compara ao calvário de Nosso Senhor que por amor se entregou ao madeiro da cruz por cada um de nós. Ou você é daqueles imbecis que, como certas figurinhas públicas, com seus probleminhas vis gostam de fazer aquele teatrinho bufo e se comparar a Nosso Senhor Jesus Cristo?

Thomas Jefferson, leitor devoto da Sagrada Escritura, tinha o hábito de compilar os versículos que mais lhe tocava a alma. Compilações essas que, por sua deixa, acabaram sendo publicadas com o título de “A Bíblia de Jefferson”. Bem, nenhum de nós aqui pode bater no peito e encher a boca pra dizer que é uma pessoa da envergadura intelectual de Jefferson, porém, podemos procurar ser um leitor devoto da Sagrada Escritura, tomar notas dos versículos que mais profundamente tocam o nosso coração e meditar, diuturnamente, sobre eles. Isso, meu caro, é algo digno de imitação. Digno mesmo.

Peçamos humilde e insistentemente a Deus para que Ele preserve o pouco de dignidade que resta em nós e que, principalmente, nos dê a coragem necessária para defendermos tudo o que representa essa minguada distinção que nos resta para que não sejamos despedaçados pela volúpia insana que não mede esforços para nossa alma devorar. Enfim, imploremos a Deus para não sermos fracos moralmente, nem espiritualmente acovardados diante dos desafios que se apresentam a cada um de nós.