Coleção pessoal de Arcise
Uma sequência de reações físicas e emocionais
Ela só parecia se interessar pelo caso em si, estava focada em descobrir coisas sobre si mesmas, eu seria outra pessoa hoje se não tivesse me desgastado tanto com bobagens.
Por muito tempo achei que fosse o amor da minha vida, acreditei, mesmo que todos os sinais me levassem a desacreditar nisso, fiquei com uma excelente impressão de mim, ao finalmente perceber que não era amor.
Era precisava transformar os problemas em grande oportunidade e foi isso que fiz, passei a frequentar a academia, me uni aos amigos e a Deus, estava junto de quem realmente me queria feliz.
O olhar dos outros nos condiciona, às vezes me sentia linda, comendo na hora certa e tudo desmoronava com um olhar de crítica, a sensação é muito melhor quando consegues filtrar quem realmente quer o seu bem e quem só quer te botar para baixo.
O medicamento chamado perdão faz efeitos imediatos, é muito difícil mudar um comportamento totalmente aceito e encorajado, o perdão também é aceitação, evita desgaste e cabo de guerra.
Nunca me vi superando tantas coisas como nessa fase, uma série de rompimentos e reconciliações que só me faziam refletir e me levavam na direção que eu queria ir, não me importava com minha imagem social, era segura e livre.
Ferver de raiva era coisa do passado, só me preocupava comigo mesma, com minha saúde física e mental, parava um pouquinho por ali para refletir, mantinha a atitude e as aparências.
Eu tentava manter todo mundo feliz, como eu estava feliz, percebia os sinais de quem não estava bem a minha volta, desejava a chance de uma vida com justiça, nós nos pertencemos uns aos outros.
O trabalho é o amor feito visível entrega de verdade, o olhar atento, a maneira como reage e se comporta, os acontecimentos que não frustram, não importa se são bons ou ruins, apenas confiar que o aprendizado é o recomeço de um amor não complicado.
Ele sempre se sentia mal depois de gritar comigo e me machucar
Entrar em um relacionamento sem estar pronta mentalmente me fez acreditar em coisas inacreditáveis, como ser empurrada pelo namorado e ainda se sentir culpada e errada.
Permiti que ele me machucasse de forma que eu ainda não entendo, ele sentia prazer em me magoar, nada era bom, todo sentimento que sentia por ele ficou confuso.
Desenvolvi transtornos ansiosos, em certo sentido, minha mente estava mais sensível, custei a perceber esse “Amor é uma bosta”, poderia ser obsessão. Podemos tornar as coisas melhores eu dizia, cansada de estar sendo puxada para baixo.
Sinto uma necessidade imensa de me apaixonar de novo por outra pessoa, vivi dias destrutivos e por isso custei a querer me relacionar novamente, não sei se estou pronta para essa estratégia pessoal e flexível.
A gente aprende a não pensar no que poderia ter sido, eu vejo como aprendizado, até porque achava que jamais cairia nessa. No calor de uma discussão eu sempre ouvia que homem como ele nunca encontraria.
Agredir sem nenhuma educação pessoas que pensam diferentes era o seu perfil, ninguém prestava se não pensasse como ele, era bem imaturo para a sua idade, eu conseguia enxergar isso e talvez por essa justificativa, custei a perceber os abusos.
Ele conversava sem escutar o que realmente eu tinha a dizer, os hábitos dos momentos felizes atrapalham a percepção e você fica aguardando a sorte de nada de ruim te acontecer.
Aumentei minha autoestima quando alguém se encantou por mim, ele observando pasmado como passei a me cuidar mais, a sorrir mais, a parar de sofrer antecipadamente e até ser uma pessoa mais justa, com autoestima equilibrada até as tuas virtudes naturais e conquistadas se firmam.
Fiquei pensando em quantas vezes me senti vazia, com vontade de morrer ou muito brava com tudo, as consequências refletidas na minha vida era desastrosa, achei que nenhum homem do planeta seria capaz de fazer comigo o que ele fez e o pior disso é que eu via abusos e pensava: isso jamais vai acontecer comigo.
Nem sempre ter uma base sólida de amor e respeito por si mesmo te afasta de armadilhas, porque somos bondosas e acreditamos na evolução do ser humano, e no fim, achamos que foi só dessa vez, ele se arrependeu, ele vai mudar, tava de cabeça quente e eu o irritei.
Não importa as circunstâncias, tudo que ele dizia e fazia era inaceitável.
Cidade pequena as novidades se espalham depressa, principalmente as ruins
Tentando conter o pesar que eu sentia pela mentira espalhada contra mim, não é fácil ser vítima de calúnia. A força de vontade sozinha não basta, como eu ia conter palavras já firmadas como “verdades”.
Com sorte de principiante, quem me conhece passou a me defender. Fui traída pelo computador e isso era assustador, foi destorcido meus vídeos e minhas mensagens, parecia que eu me entreguei para ele de todas as formas, mas não foi.
Acho que namorei com o homem errado e nunca pensei que me separar me traria tantos prejuízos. Entre todos os homens do mundo escolhi o mais perfeito, achava eu.
Não achava que ajudar os outros merecesse ser tratado como algo especial, também nunca banquei a vítima, depois do disse-me-disse um mês que pareceu um ano, eu só queria que o tempo passasse e as pessoas esquecessem.
Não sei se foi a raiva, o nervosismo, a vergonha, só sei que logo após o episódio descobriram em mim a leucemia, o mundo não estava desabando, aceitei de uma forma pouco convencional, não questionei, apenas resolvi me cuidar e viver bem o momento presente.
Quando a gente fica doente, parece que tudo faz sentido, foi melhor ter terminado mesmo, foi melhor encarar todos os fatos que se apresentavam de frente, eu me tornei mais otimista.
Eu me achava com excelente capacidade intelectual, lúcida, coerente, eloquente, eu não entendia a inutilidade e a insistência da doença num corpo tão cheio de vida. Já tive paranoia do consumismo, querer comprar qualquer coisinha todo mês, mesmo que não tivesse necessidade.
Mesmo doente eu me sentia invencível, ei tinha um poder interno inexplicável, eu achava que sabia lidar com a doença e com as fofocas sem precisar da ajuda dos outros, eu sei que fui egoísta.
Das lições que aprendi: É no presente que está a felicidade. É preciso compreender e aceitar essas particularidades, Eu crio a energia que quero, boa ou ruim em qualquer situação.
Sempre me presenteava generosamente, mas prestando mais atenção no amor. Já fiz meus pais passarem por poucas e boas. Já pedi perdão pelas birras e falta de consideração, a minha sorte é que eles têm a mente aberta.
Qualquer que seja a opção da vida do filho ela precisa ser respeitada, mas isso não significa que os pais não devem ter controle. Como dizia a minha mãe: Criança não tem que querer.
Tem pais que passam tempo demais concentrados em si mesmos, preferem que o celular cuide de seus filhos, outros não pensam em educação alimentar e uma vida mais ativa, com prática regular de atividade física.
Perdoa se isso soa arrogante, não tenho filhos, mas a geração de hoje está cada dia mais intolerante e frágil. Faltam fidelidade e compromisso no cuidado com os filhos. Eles merecem.
Tem um provérbio que diz: Quando dais vós próprios é quando realmente dais. Acho que poderia ser lição para tudo, além das gentilezas mútuas e a distância entre as coisas e nós como pessoas.
Pensando no “e se” não leva ninguém para frente, nem pais, nem filhos, recomeçar é o caminho, desenterrar a autoestima, amar sempre. Um drinque ao nosso futuro feliz!
O poder da relação ficou o tempo todo na mão dos pais, com imposições e sem diálogos por isso as gerações possuem feridas mal cicatrizadas, rebeldias para fazer o que quiser na fase adulta e o preço da falsa liberdade.
Presencio força oculta e juventude parada, o ser humano não continua o mesmo, vejo sorriso doido dos que sofrem a tempo, o tempo correndo a conta- gotas, alunos bons, inteligentes, espertos, bonitos e egoístas.
Decidi comprar um diário porque tem coisas que a gente não pode dizer em voz alta, escrevi sobre dias de chuva, tédio eufórico, falsas ilusões e refleti: Que diabos estou fazendo com a minha vida.
A verdade é neutra e não tendenciosa, fico obcecada pelos meus questionamentos, de vez em quando me belisco, outras vezes me acordo, acredito que para os pais a alegria é a recompensa do dar e ver suas criar felizes.
A responsabilidade por uma vida saudável é nossa
Estou me encorajando a desenvolver meus projetos de uma vida mais saudável, à medida que vou ficando velha, o desespero por comida danificou meu nível de exigência, como qualquer coisa que me engorde, até coisas não gostosas.
Nunca me deixei perturbar pelas provocações, nunca me senti ofendida por estar acima do peso, nem mesmo com as vendedoras que diziam, não tem seu número. Eu sempre achava que quem perdia era a loja de não me ver como cliente.
Relações pautadas na verdade e no respeito à diferença sempre foi o mundo do qual quero pertencer. Meu rosto estava conformado, meu corpo dava sinais de excessos.
Dificultava o processo da busca pelo sentido da vida, estando tão desalinhada e desequilibrada de nutrientes, enchia meu corpo com coisas que não faziam bem nem para o corpo, muito menos para a alma.
Existem outros caminhos para atingirmos a paz interior, o equilíbrio, o desenvolvimento da nossa espiritualidade, a consciência do que nos faz bem, já li aos montes que o bom senso é à base de tudo.
Sou contrária às verdades absolutas, a excluir itens, a tornar a vida chata e sem graça, comendo coisas que não nos faz felizes, sou a favor da possível compreensão e do que podemos realizar com a mudança de mentalidade.
O que me deixava doida de um jeito estável era achar que minhas atitudes não trariam consequências para minha saúde, precisava dar um voto de confiança a mim mesma.
Embora eu saiba que a comida está apenas querendo me provocar, querendo me dizer quem é que manda, descobri que eu tenho todo o poder sobre meus sentimentos.
Eu preferia que a obesidade não fizesse parte da minha família, eu preferia ser mais dócil e menos arrependida, eu preferia esquecer algumas pessoas, eu preferia ser a fofa de carteirinha, capaz de levantar uma alma triste. Comer com equilíbrio tem a ver com A-cei-ta-ção.
Não consigo me conformar com a perda desses anos sem me amar de verdade, sem cuidar do meu corpo da forma como ele merece. Agora me sinto responsável.
Uma beleza interior que nos faz repensar
Eu estava tranquila, mesmo que meu medo já tivesse diminuído àquela altura, eu ainda tinha muito medo de avião. Disse que o hábito não passa de uma longa prática e assim consegui domar meus medos.
A melhor solução era entender que a única coisa a ser feita seria ter consciência de minhas atitudes diante do medo. Lembrei-me de nunca me tornar uma pessoa paralisada por meus receios.
A vida moderna nos leva a comer rápido demais, sem mastigar direito e sem saborear a comida, no entanto, eu comia com prazer minhas refeições saudáveis e deliciosas.
O amor basta-se a si mesmo, eu dizia a mim mesma, parafraseado grandes sábios, o meu relacionamento comigo mesma era evolutivo, poucas pessoas têm comportamentos tão equilibrados.
Diante dele eu precisava fazer alguma coisa por mim própria para me sentir bem, precisava de avaliação e reflexão, precisava descobrir quem eu era de verdade, precisava pensar no belo e no sentido da vida.
Eu não conto tudo que sofro, sou o oposto de equilíbrio, combino minha vida em altos e baixos, tenho desinteresse sexual passageiro, sou controladora e estou descontente com o rumo da minha vida.
Aprendi a arte de planejar, o futuro daria conta, um passo de cada vez e eu mudaria. Comecei a por cada coisa em seu lugar, desordem no ambiente, desordem na mente.
Ia ser uma tarefa bem mais complicada do que eu achava, a primeira mudança foi cortar o cabelo Chanel curto e desgrenhado, a segunda mudança foi aprender que eu não precisava mendigar atenção, sufocar o parceiro, me desvalorizar, mas minhas emoções me induziam a isso. O problema era eu.
A amizade entre mim e ele não era igualitária, eu o sugava, mas ele agia com desprendimento e leveza, muitas vezes eu sentava sem pensar em nada, eu amava perder tempo olhando para a imensidão do céu.
Eu fazia meu corpo e minha mente refletirem, tinha atalho para o caminho mais curto que saciava meus anseios. Fechei os olhos, relaxei os músculos, tranquilizei a respiração e agradeci por grande aprendizado.
Se você quer um tiquinho de felicidade... leia!
A leitura nos ensina a não ficar tão zangados, te apresenta o grande amor da sua vida, investe toda a tua energia em algo que faz pensar. Nunca desista! É cada dia mais apaixonante!
Numa sociedade tão complexa quanto a nossa, onde poucos gostam de ler, poucos saem de sua zona de conforto, por pura acomodação. Consola-me saber que agrado alguns.
Aprendo com a pratica e restrinjo os erros. Gosto de ler sobre tudo: mal hábito alimentar e a falta de atividade física estão na minha lista de conscientização, as maldades do capitalismo estão na minha luta para salvar o meio ambiente.
Escrevo para encher o mundo de esperança, escrevo para reatar a dignidade, para falar de amor, escrevo para compartilhar que não me sinto sozinha nem como última possibilidade.
Meus escritos são regrados pela sinceridade, não há nada que roube a minha personalidade ou me deixe sem controle, falo de rompimentos e reconciliações, falo de apoio e confiança, falo do mundo real.
Também conto daquela areia fria que decidi deitar, das coisas que já fiz por migalhas de atenção, da psicoterapia por anos a fio para amenizar o peso do passado.
Escrever e Ler são as melhores coisas que eu conheço. Eu acabo interferindo de forma positiva na vida das pessoas, talvez por um único momento do dia. Que rufem os tambores dum dum dum dum, lá vem o Livro, o despertar, o amor em prosa.
Quantos de nós já tatuamos textos budistas nas costas tirados de livros, quantos de nós nos sentimos sufocados pela intimidade, quantos de nós tivemos brigas insustentáveis e de repente fomos irrigadas de sabedoria por um bom conselho vindo de bons livros.
Ler livros é não ter medo da verdade, nunca desencoraje ninguém a ler, a leitura é uma coisa tão barata, às vezes nem precisamos comprar, outras vezes é mais barato que veneno de rato.
Se desprenda, perca o fôlego, vá ser feliz depois me conta a história ou estória que te encantou. Combinado?
Isso é algo que eu já queria ter feito há muito tempo
Um erro não justifica o outro, o meu ressentimento era uma pontada de irritação constante, eu tinha entrado no relacionamento por questões superficiais, eu tinha mudado meu comportamento, não estava mais tão perto da natureza, e havia abandonado a comida saudável.
Quem é você? Eu me perguntava o tempo todo, eu me magoava pelo desinteresse dele, eu queria um amor pegajoso, nojento feito dois sapos grudados. Ele sumiu por 22 dias, foram dias de solidão.
O amor vos coroa e vos sacrifica eu tinha lido em algum lugar, eu achava que tudo isso era certo, quantas vezes já me queixei do mundo injusto e estava sendo injusta comigo mesma.
Querer salvar o outro tem a ver com você, com quem você é, com as melhorias que você quer para o mundo, porém ele não presta e eu não sabia lidar com isso. Ele não era organizado, tratava a mãe como capacho e eu o aturava de maneira péssima, fazendo com que as coisas só piorassem.
Meu marido me maltratava e eu achava que um pedaço de papel definia a nossa relação para sempre. Eu não arriscava pensar nem por um segundo me desfazer do elo, talvez eu desperdiçasse a minha vida inteira tentando salvá-lo, mas jamais o abandonaria.
Toda minha frustração afetava minha escolha alimentar, era uma vida maluca, uma vida de arrependimentos e crises, um sentimento raro de autopiedade uma parcimônia fora do normal e um cuidado excessivo.
Ultrapassei os limites da previsibilidade denunciando-o na Lei Maria da Penha, o que me levou a tomar essa decisão foram algumas mensagens de redes sociais. Ele me implorou para retirar a queixa, passou 4 meses me pedindo perdão, ele disse que ia se prejudicar no emprego, disse outras coisas que me comoveriam em outra época.
Tinha uma queda por ele, mas a recíproca não era verdadeira, continuei em silêncio e ele começou a me ameaçar de morte, começou a dizer muitas histórias reais e fictícias a meu respeito, começou a me dar medo, e foi com pavor de morrer que terminei um casamento tóxico.
Quando as coisas existem, dê boas razões para existir
Eu estava à procura do silêncio, depois de ganhar olheiras por falta de sono, resultado de um longo prazo sem dormir, cujo nenhum sentimento prevalecia o bom senso.
Sei que eu não podia extravasar meus descontentamentos toda hora, sei que era um problema que eu tinha que resolver e que ia passar, sei que os beijinhos da minha mãe me ajudaram nesse processo.
Guardei minhas forças para investir no que realmente vale a pena, não quero ser a chorona, a reclamona, a que só conta desgraças, não quero parar nos obstáculos ruins nem para o amor da minha vida.
Tenho um sentimento raro em não querer dividir preocupações, eu já fui o tipo de pessoa que briga por absolutamente tudo, carregando revoltas, mágoas, ressentimentos e até pitadas de ódio na mochila.
A vida também não é só viagens e festas, é uma caixa de pandora que muitas vezes sei abrir, mas não sei fechar. Às vezes é só pegá-la para me sentir zangada e cheia de exigências.
Eu não pertenço a este lugar é algo que sempre me vem à cabeça, tenho amigos dos quais não se percebe afeto verdadeiro, parece uma corrida de quem pode mais, sinto vontade de me isolar.
Amo atos do coração, fazer tudo que a consciência pedir, mudar de ideia se precisar, afinal, o segredo da felicidade não está nas coisas materiais, nem no sentimento de indignação de querer mudar o mundo, mudei o meu mundo.
Li e reli atentamente cada despertar da consciência, poderia ajudar a tia com hipertensão, a vizinha com diabetes e o tio com artrite, poderia parar de ser tímida e reprimida, poderia alinhar meus pensamentos para que a minha mente não sujasse com tanta frequência.
Muitas coisas permanecem inexpressivas no meus coração, não mudei da água pro vinho, não tem como ser livre de todos os vícios como num passe de mágica, é aos poucos que a gente vai se livrando das coisas constrangedoras ou inaceitáveis.
Parece piada se sentir vazia quando esqueço o celular em casa, eu não conseguia enxergar como estava sendo ridícula, colocando toda a alegria de um dia num aparelhinho.
Quero ter o controle do meu destino e fazer valer cada minuto que passei aqui.
Se vives juntos não grudeis em demasia
Todos nós somos muito diferentes, precisamos de espaço, estar grudado o tempo todo, sem deixar o outro respirar é uma situação ruim e o preço a pagar é muito alto. Não estou nem um pouco a fim de falar de regras e tal, nem quero passar a impressão que há pingos em todos os is.
Quando se termina um namoro grudento as chances de dar certo são mínimas mesmo que haja uma volta, esse estilo de vida faz afastar os amigos, os dias demoram a passar com pouco entrosamento com o mundo ao redor.
O sentimento de alívio é enorme, a impressão que se tem é que a pessoa não sabe fazer nada separado, fica perdida, aumenta os riscos de voltar com o velho relacionamento.
Diante dos meus conselhos inaudíveis, resolvi falar da minha necessidade de transplante, eu me recusava a pensar que a morte chegaria antes da chance de ter um novo rim.
Nesse processo todo, existem os que ajudam e os que não ajudam, vamos chama-los de curiosos. A regra do momento é focar na vida, no alívio que a medicação traz, reduzir a pó o sofrimento contido na memória.
Minhas necessidades mínimas não eram satisfeitas pelo Estado, ganhar um órgão de alguém que já morreu não era prioridade para as famílias. Eu não tinha medo de encarar os fatos ruins da própria vida.
Com base na minha experiência é que percebo que as colunas erguem-se separadamente, uma coisa de cada vez, um problema de cada vez e nas histórias de amor também é assim.
Quando não se é um ser único, começa o problema, sei que são percepções de uma pessoa próxima da morte, não estou desembuchando um sermão, só que depois de tantos desmaios tenho algumas convicções absolutas: O caminho a seguir é só seu.
Tem espaço para momentos importantes da sua vida, tem espaço para viver bem o momento presente, tem espaço para fazer dar certo. É justo tudo que me beneficia? Não. É justo tudo que me prejudica? Também não.
Eu me perguntava se devia me despedir da vida, era por isso que pregava o desapego das relações, não achava saudável esses grudes sem sentidos, assim como não queria cancelar minha vida em plena juventude.
Nem percebi o poço profundo que ela era
O gesto me trouxe a calma que eu precisava, eu parei para ouvi-la, ela estava imensamente tomada por problemas que pareciam solucionáveis, ela queria de verdade dormir e não acordar nunca mais.
Não é fácil nos livrarmos do que não queremos. Para ela tudo era um problema, até a desordem da casa, seu trabalho era invisível diante do limpa e desarruma, só uma pessoa que mora sozinha tem chance de ser bem-sucedida na organização e na manutenção da casa.
Uma atitude nada nobre era querer que todos fossem embora, que cada um tivesse sua vida, ela precisava aprender a renunciar, essa coisa de só fazer as coisas quando pode e na hora que pode não a alegrava.
Eu a incentivava a explorar a veia literária que pulsa nela, ela poderia escrever sobre arrumação, já que isso a incomodava bastante, poderia escrever sobre menos é mais, sobre por em ordem lugares específicos tipo: quartos, salas etc.
Vencer uma barreira difícil e se impor como indivíduo era sempre uma vitória, todas as escolhas não eram dela, foram ordens, convenções, o mesmo fenômeno ocorria em muitas coisas, ela fazia o que os outros queriam, às vezes ferindo a si mesma.
Ela sempre quis emagrecer, ter um corpo bonito, ter dinheiro dentro da carteira, sem regras familiares e sem convenções. Às vezes a família era um desnecessário apêndice. Ela chorava com sua própria história.
Muitas pessoas são deliciosas surpresas, alegram a vida de quem os cercam. Na maioria das vezes o problema é menor do que a preocupação que carregamos, sempre falo isso para minha mente.
Ela precisava se livrar de tudo, do peso que carregava, se você está em busca de um outro relacionamento, se livre de tudo, livre-se até de bens de consumo que não usa ou não precisa.
Depois que a gente destralha os sentimentos e os objetos, a vida sorrir mais leve.
Adotei uma postura observadora inocente com relação à problemática família do marido
Era a paranoia da estética, eu era magricela, pele e osso, ele ia me quebrar ao meio, muitas razões me fizeram concluir que não dava mais, no entanto, existe vida inteligente por trás de um casamento, eu não ia me separar por causa dos outros.
Quando estávamos na praia, ao invés de observarem a natureza viva, ficavam falando o quanto eu estava feia de biquíni, como era possível ele se apegar a mim daquele jeito.
E a pergunta que não quer calar, que diacho a família de origem dele vai à praia com vocês? Essa pergunta era uma das minhas prioridades e a resposta é a seguinte: ele divulgava para a família dele até os nossos pensamentos e quando a turma se convidava ele não sabia dizer não e nem via maldades em suas ações.
Com o tempo minha autoestima estava associada à opinião dele a meu respeito, de tanto a família falar, ele também achava que eu merecia uns quilos a mais. Eu tentava disfarçar meus erros, minha dor, meu riso.
Eu combinava internamente que só ia falar do tempo, da novela, do galã, do vídeo show, e algumas indiretinhas como: Não se cresce a sombra do outro. Sem querer ser repetitiva cada um é único e deve cuidar da sua própria vida, eu falava.
Eu procurava me manter serena, concentrada, pensativa, mas eles me tiravam dos trilhos, era como se eu tivesse diabetes ou câncer, era um come isso, come aquilo, come mais, precisa engordar, assim o vento te leva. Os palpites eram a ostentação e o luxo imaginável de se meter na minha vida, que a essa altura do campeonato não estava mais feliz.
Convidei as dificuldades para entrar e me permiti um momento a sós comigo mesma. Nunca fui de fazer birra, éramos ratos de praia e a sombra dele (família sempre ia junto).
Porque era tão difícil simplesmente dizer não, eu me questionava, não queria afastar meu esposo de ninguém, muito menos da família, curto a família e acredito que esse vínculo nos pertence eternamente, mas a segunda família precisa de espaço para crescer e desenvolver. A minha tática é, olhar para eles como quem olha para um filme na tv, transformar todas as ofensas e disse-me-disse em sessão da tarde e o mais importante, manter minha paz.
Faça uma espécie de diário da dor
Quando sinto o desejo de me reconectar, quando estou triste, quando invento desculpas para dramatizar, para chorar. Quando acho que para os outros as coisas são mais fáceis, quando sinto desconforto com minha própria presença.
Me sinto diferente, não tenho certeza de nada, muitas vezes, me odeio por ter cedido ou contado o que sentia para quem não quer ajudar, apenas tem curiosidades de saber das coisas.
Vim te agradecer querido diário, você me fez pôr para fora tudo que me engasgava, não foi a chave do sucesso completamente, mas ataquei os sentimentos ruins de uma forma exemplar.
Há momentos na vida da gente que a indecisão é a única certeza, que o sentimento de felicidade que experimentei, passam longe. Morei junto com pessoas negativas e isso me atingiu.
Nunca firmei parceria com a ociosidade, depois de uns dias eu continuei pensando em tudo de ruim, só que sem raiva. Ficar triste pelas coisas que não posso mudar foi um desperdício de energia.
Nunca mais voltei a ser a mesma, esperei um milagre que não veio, tinha aprendido minha técnica biônica de responder questionando, de me magoar à toa, de achar que os outros agiriam como eu agiria.
Nunca relia livros, isso foi mudando quando percebi que dependendo do meu estado de espírito gostava ou não do livro, passei a ler três livros ao mesmo tempo, acaba um capítulo aqui, começava outro ali, era uma espécie de novela literária. Isso me ajudou a sair da fossa e comparar o que é bom ou muito bom.
Sem muita firula me libertei e isso significou saúde, eu não me conhecia e tinha preconceito de mim mesma, eu me livrava de mim mesma quando resolvia viver a vida dormindo, o diário da dor me ajudou.
Tem gente que não se livra de nada
Você fica aí querendo compreender todo mundo, com pensamento que a vida continua, que o amanhã será melhor. A vida é um livro experimentado, as coisas não podem passar em branco sem ampliar a consciência. Guardar coisas que não te servem não é uma boa tática.
A última vez que Marília viajou foi há quatro anos, ela se sentia amada, e precisava se ajudar a conhecer novos horizontes sozinha, algo não estava bem, não conseguia deixar de se sentir oprimida, seus irmãos pareciam ser felizes, terem sucesso e ela era o fracasso. Trouxe lembrancinhas para acumular.
A maioria das pessoas buscam saídas rápidas e cômodas para seus problemas, ela estava nessa estatística, nunca aprendeu a ser espontânea, forçava as coisas, queria ser aceita e comprava mais coisas.
Eu nunca fui acumuladora, seja o que fosse, uma roupa nova doava sem pena, não gosto de ter algo que não me pertence, algo que não tem nada a ver comigo, algo que tira a minha identidade.
Nós sempre nos importamos demais com a opinião dos outros, eu já tinha lido no livro que não é bom, que não evolui, não desenvolve. Eu precisava entrar no processo de cura do julgamento alheio.
As pessoas pensam que não doar as coisas é uma forma de economizar, mas continuam comprando em excesso, elas não se livram de nada e ainda compram tudo sem ter necessidades, compram até coisas que nunca vão usar. Jogam dinheiro fora.
Acumuladores não conseguem manter a casa cheirosa, só passam por uma transição se for com ajuda de psicólogos, psiquiatras e com ajuda de organizadores profissionais, o coração grita de dor quando algo é jogado fora, mesmo que esse algo seja lixo.
Não sou de me autopromover, tenho comportamento oposto a isso, não existe regra para nada, mas se não gosto, me desfaço, faço doação, presenteio quem gosta. Excesso de qualquer coisa faz mal.
Discutindo um ideal
Cada pessoa é dona da própria sorte, sem pânico e com coração acelerado após sofrer terríveis ataques de ansiedade, consegui rechaçar sentimentos ruins que me acachapavam.
Não me fiz ouvir, mas era uma questão de tempo mudar o foco das tristezas. Tornei-me o que sou, conquistei a liberdade, fui rabugenta o suficiente para espantar brutamontes, uma loucura sábia.
Coloquei o uniforme de combate, nele não tinha egoísmo, era um amor à Pátria, dentre tantos ideais eu sempre fui patriota. Também tinha cravado na cabeça a vontade de educar bem os 4 filhos que tive, nunca gostei que meus filhos dormissem na casa dos outros, por mais amigos e íntimos que fossem.
Cada pessoa deve ter seu próprio espaço, quem não consegue tomar decisões não tem confiança em si próprio, eu fui uma mocinha traumatizada! Pelo amor de Deus! Aquilo eu não queria para meus filhos, filhos são pátrias que deixamos de legado para o mundo.
A alegria muda a vida para sempre, a alegria fala direito ao meu coração, o dia de hoje não importa amanhã. Faça tudo hoje para que não tenha arrependimentos. Receber a notícia da morte de um filho prematuramente te faz desacreditar de tudo que um dia você acreditou.
Gabriel sempre povoará meus doces pensamentos, nunca perdi tempo com ele, fomos preenchidos por tudo que a vida nos coube contemplar, seus pertences não eram seus e eu não tive dificuldade em jogar fora ou doar, tudo que ele representava foi com ele para o cemitério.
A partida dele me fez refletir sobre nunca mais ter a vida bagunçada, precisava viver num espaço limpo e bem arrumado, melhora minha autoimagem automaticamente, eu precisava dar orgulho aos céus.
Meu outro ideal de vida era não permitir que a saudade se apagasse, mas isso era fácil, eu pensava nele de forma espontânea todo santo dia, minha vida ainda está fora dos trilhos, mas ainda tenho um coração cheio de ideais, mas o principal é a minha evolução como ser humano.
Não posso ser filha de mais ninguém, ninguém vai me amar como meu pai e minha mãe me amam
Houve um revés no planeta e nem todos os pais e mães são maravilhosos quanto os meus, nem todos os pais são dignos de terem tido filhos, muitos não tem noção do mal que fazem para sua cria e para a sociedade.
O olhar de quem não estava prestando atenção era do Paulinho, um menino de cinco anos que convivia com gritos e surras desde que estava na barriga de sua mãe, mãe omissa e doente.
O pai se casou com uma mulher gostando de outra e não cansa de repetir isso aos quatro cantos do planeta, a mãe uma pessoa estudada que acredita em cada choro de arrependimento, mesmo que apanhe novamente dez minutos depois.
Paulinho nunca sorrir, nunca soube o que é autoestima elevada e na cabeça dessa criança todas as família são assim, ter família é chato, talvez uma prova de tolerância ele pensava, lógico que com a cabeça de uma criança não com essas frase de uma escritora que não consegue traduzir a confusão contida na cabeça dele.
Os vizinhos começaram a violar a privacidade daquela família por causa de gritos constantes pedindo socorro pelos maus-tratos, os vínculos sociais livremente aceitos pelo machismo não imperava naquela rua e ninguém tinha o pensamento mesquinho de que aquela mulher e aquele filho mereciam apanhar.
Em meio aos próprios preconceitos e cheia de condicionamentos que aquela era a única família que a mãe de Paulinho poderia ter, com uma agravante que ela era proibida de trabalhar, dificultava que ela saísse de casa.
Apesar do clima fora de controle, havia paz e serenidade naquela mulher que acreditava no ser interior daquele homem nojento, asqueroso, imbecil, ok, sem ofensas, mas a mulher achava que tinha chance de salvar aquele homem, achava que o mundo deles (família) poderia ser feliz e harmônico.
Foi difícil estancar o sentimento de culpa daquela mulher que se achava digna de cada bofetada, de cada empurrão, de cada soco, chutes, murro, nunca foi saudável essas agressividades e eu não acredito que ela mereça passar por isso e que é mulher de malandro, essa senhora está completamente doente psiquicamente e precisa de ajuda e não de julgamentos e o Paulinho precisa entender que esse mundo não é para ele.
Existem muitas sociedades em que as pessoas não são felizes
A gente não é feliz por tantos motivos, falta de princípio ético, efeito sanfona e briga com a balança, ou porque moramos em países com a cultura dos casamentos de fachada (desrespeitosos com a cultura do até que a morte os separe) ou arranjados.
A gente não é feliz quando a morte e o sofrimento nos cercam, quando a gente quer o que não pode ter (isso serve para objetos e/ou pessoas), quando somos desinteressados em mudar.
A gente não é feliz quando fala tudo que acha que deve e se arrepende, quando fica indecisa, quando não tem um bom convívio dentro de casa, quando se cobra demais.
A gente não é feliz em cerimônia fúnebre, quando a expressão distante é saudade de quem já partiu, quando fomos pilantras e não tivemos tempo de pedir perdão de quem se foi para sempre.
A gente não é feliz quando perde a coragem para mudar a vida, quando emagrece, engorda, volta a emagrecer e fica nesse ciclo eternamente, quando não nos relacionamos de um jeito simples.
A gente não é feliz quando curte a vida, os filmes, os chocolates com pessoas falsas ao redor, quando poucas coisas falam sobre nós, quando não sabemos lidar com o dinheiro.
A gente não é feliz quando faltam sólidas amizades, quando nossas atitudes precisam ser repensadas a cada cinco minutos, quando se apaixona por qualquer relacionamento.
A gente não é feliz quando coloca panos quentes e deixa as divergências para lá, quando deixa de cuidar da casa ou quando deitados na areia fria e olhando o por do sol pensamos em quem não deveria.
A gente não é feliz quando não exerce a tolerância e a cooperação, quando brigamos com nossa mãe, quando enojamos de mais uma campanha eleitoral, quando as lágrimas dos olhos secaram.
Mas a gente pode e deve ser feliz, a gente pode e deve ser bom, a gente pode reverter qualquer sentimento negativo em positivo, a gente pode ser melhor a cada dia, só por hoje ser melhor e assim a felicidade adormecida volta fortalecida.
Essa é das minhas
Que saudade de gente como eu, gente que pensa no outro, que se coloca no lugar do outro, gente como a gente. Fico feliz em me ver nas pessoas, fico feliz em ver o lado que me reconheço bom nos outros que estão ao meu redor.
Quando a pessoa morre você perde o amor que elas tinham por você na prática, minha vó não me mimará mais, mas sei que através dos exemplos que ela me deixou posso eternizá-la aqui.
Isso ninguém substitui, a herança dos gestos e atos, a lembrança do carinho e do afago, o amor concreto que abranda o vazio que toma conta. O dia fica lindo só de lembrar-se dela.
O encantamento pela outra pessoa e o desejo de agradar está presente nos relacionamentos, no campo da felicidade é muito bom a sintonia. O que eu falo sempre sobre a gente conhecer outras pessoas, sobre liberdade, continua valendo. O amor não precisa se fechar em si. Quanto mais amamos mais felizes somos. Aliás esse e o único jeito que sei amar.
Preciso de estímulos, eu vivo pra te ver sorrindo seria o meu lema, gosto da leveza da vida, da simplicidade dos atos, da melodia do viver. Muitas pessoas têm entrado no relacionamento com amor e saído com ódio, eu sempre vou ter carinho por quem amei.
Sempre exercerei minha liberdade de ir e vir, sempre saírem de relacionamentos insustentáveis, sempre verei o dinheiro como meio e não como fim. Inicio uma nova era com muita facilidade, sou de ciclos.
No começo ficava injuriada com poucas atitudes de certas mulheres, outras vezes notava bastante que é bem comum se anular a qualquer custo em troca de qualquer coisa.
Nunca fui digna do amor, achava eu. Levava foras por ser eu mesma, levava foras por não fazer joguinhos, levava foras por não ter ciúmes e confiar na relação, levava foras por dar liberdade que era confundida. Pensei que eu deveria mudar, até que conheci pessoas que pertenciam a esta comunidade, pessoas que pensam parecidos e me senti parte dos que amam transparência e lealdade.
Uma criança que nasceu do amor
Parecia que eu estava tentando impor as minhas próprias necessidades, a minha filha precisava de balé, inglês, piano e vôlei, era um inferno ter que conciliar tudo isso, mas era um bem necessário.
Não me permitia enxergar que tudo aquilo era o fruto das minhas expectativas, nada abatia meu ânimo, nada me fazia desistir, nunca me exigi de verdade como eu exigia dela.
Eu estava sem rumo e sem sentido e achando que estava na estrada certa, isolei-me de familiares e amigos que davam pitacos na nossa vida, disse o que não queria, demonstrei o meu pior lado, perdi a paciência, aprontei de tudo. Fui à leoa em forma de gente.
Amor era lealdade irrestrita e tolerância ilimitada, eu tinha um plano, minha filha nasceu para ter sucesso e nenhum esforço era em vão. Basta um primeiro contato divertido para perceber que viveríamos felizes para sempre, uma seria a completude da outra.
Tomei a decisão de assumir meu destino como mãe, você provavelmente já viu outras pessoas negarem uma situação óbvia a todo mundo, uma dessas pessoas era eu, nunca transformei lições em aprendizados, estava cega pelas chances de sucesso.
Está acontecendo alguma coisa que me deixa maluca por dentro, eu era elegante, livre por dentro e não escrava das respostas, a gente nunca ia se separar, mãe e filha tem laços eternos.
Nós ficamos tantos anos juntas que quando ela começou a namorar eu levei um choque, quem poderia me ajudar? Ela não tinha mais tempo livre, meu coração desfalece.
O excesso paira sobre sua vida, as prioridades dela não são as minhas, ela deve ter sentido alívio em viver a própria vida, quando um se dá demais no relacionamento e o outro só recebe a balança fica desigual.
Absolutamente foi difícil resistir, revisei o que deveria dizer e acordei tempo mínimo para mim, alegando abandono, instalou entre nós um muro do consumismo. Como eu sempre a quis a melhor, na concepção dela que sempre recebeu tudo do bom e do melhor era necessário estabelecer os padrões das grandes grifes.
A sala estava cheia de gente, aguardando a terapeuta, e eu mentalizando tudo que ia dizer: graduada na escola da vida, infantil, qualidades comportamentais de generosidade e de temperamento forte, achei que o amor só fazia o bem e acho que fracassei, não sei se é o verdadeiro fracasso ou é a certeza das expectativas frustradas.
Passado
O passado não existe. O que existe são as experiências. Aprendi o que tinha que ser aprendido, ensinei o que tinha que ser ensinado.