Coleção pessoal de arcaismos
Já engoli a seco os meus sentimentos várias vezes e a maioria delas foi por eu ter sentidos por pessoas que não mereciam e por haver falta de reciprocidade. Mas preciso confessar que engolir uma melancia inteira teria sido melhor, mais fácil e menos doloroso.
Depois que eu aceitei que eu sou foda pra caralho ninguém nunca mais conseguiu me atingir, me ferir e me fazer chorar. Algumas pessoas chamam isso de ego inflado, de nariz em pé e até coisas piores, mas eu chamo de auto aceitação, de autodefesa, de autocuidado e de amor próprio. As pessoas só podem nos ferir se dermos a elas poder para isso ou se demonstrarmos as nossas fraquezas. Mas quando não conseguem elas se frustram e acabam desistindo, não existe nada melhor do que vencer o inimigo pelo cansaço, pela indiferença e pelo silêncio, essas são as melhores armas.
Chorar por não poder ser quem a gente é, é muito triste e doloroso. Ter que esconder nossos desejos, vontades, aspirações, sonhos e sentimentos, vai machucando cada célula, cada molécula e cada folículo. Vai marcando a epiderme e escorrendo cada gota de sangue por ela... As vezes é ruim ser diferente, mas não ser comum é sensacional, por mais que seja difícil lidar com algumas situações.
Lido com problemas, tristezas, ausências e dores quase todos os dias, mas ao invés de jogar isso em cima das pessoas eu tento ser forte, tento pensar que um dia tudo vai passar e que as coisas finalmente irão melhorar. As vezes o processo de cura começa a acontecer quando não espalhamos as nossas dores e fraquezas por aí, porque infelizmente nem todo mundo deseja o nosso bem e isso pode acabar atrapalhando.
Queimei as cartas que escrevi para te dar, deletei dos pensamentos quaisquer vestígios que ainda restavam, apaguei as mensagens que trocávamos de segunda a segunda e por fim te tirei de dentro do peito, você não merecia mais morar dentro de mim e foi por isso te expulsei.
Escrever tudo o que eu sinto pesa demais, mas é bem melhor carregar esse peso nas palavras do que dentro do coração.
Eu sou extremamente quente, mas também sou extremamente frio. Sempre tento andar com as pessoas por um desses extremos, de acordo com o merecimento de cada uma delas. Porém, tento nunca andar pelo meio, porque o meio termo é o meu esquecimento e as aconselho que não queiram que eu ande por lá com elas, porque eu não costumo lembrar de quem ouso me esquecer.
Se quando eu estou mal não tenho ninguém e me cuido sozinho, quando estiver bem eu não vou querer ninguém ao meu lado.
O meu coração produz outros sons além de batidas, para ser capaz de escutar basta ouvi-lo com amor... As vezes ele costuma falar também.
Eu sempre estou aqui escutando e ajudando as pessoas com palavras, mas nunca tenho ninguém para escutar o barulho que o meu caos faz... quando se trata de mim todos se tornam surdos, cegos e mudos.
Eu achava que nunca me sentiria bem e que os meus machucados sempre me deixariam mal, mas depois de um tempo eles viraram apenas cicatrizes e cicatrizes não doem, só ficam marcadas na nossa pele e nas nossas lembranças para nos lembrar para onde não voltar e o que não devemos aceitar por pessoas. Uma hora tudo passa, mesmo depois de ter passado por cima de nós repetidas vezes.
Já me quebrei, me rasguei, me dobrei, me amassei e tudo isso para me encaixar e ser aceito pelas pessoas e mesmo assim nunca foi suficiente... então eu parei de tentar e hoje sou inteiro novamente.
Sou feito de caos, dores e amores fracassados... O destino sorri para mim, mas a sua única intenção é foder com a minha vida.
Tudo em você tem jeito, cor e cheiro de lar... talvez seja por isso que eu sempre quis morar em você.