Coleção pessoal de apatiatropical

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Se todos os nossos infortúnios fossem colocados juntos e, posteriormente, repartidos em partes iguais por cada um de nós, ficaríamos muito felizes se pudéssemos ter apenas, de novo, só os nossos.

O verdadeiro conhecimento vem de dentro.

Não penses mal dos que procedem mal; pensa somente que estão equivocados.

Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.

Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.

Alma errada

Há coisas que a minha alma,
já mortificada não admite:
assistir novelas de TV
ouvir música Pop
um filme apenas de corridas de automóvel
uma corrida de automóvel num filme
um livro de páginas ligadas

porque, sendo bom,
a gente abre sofregamente a dedo:
espátulas não há…

e quem é que hoje faz questão de virgindades…

E quando minha alma estraçalhada a todo instante pelos telefones
fugir desesperada

me deixará aqui, ouvindo o que todos ouvem,
bebendo o que todos bebem,
comendo o que todos comem.

A estes, a falta de alma não incomoda.

(Desconfio até que minha pobre alma fora destinada ao habitante de outro mundo).

E ligarei o rádio a todo o volume,
gritarei como um possesso nas partidas de futebol,
seguirei, irresistivelmente,
o desfilar das grandes paradas do Exército.

E apenas sentirei, uma vez que outra,
a vaga nostalgia de não sei que mundo perdido…

Quem lê muito e viaja muito, muito vê e muito sabe.

Dizem que o beija flor simboliza a cura da alma de um grande amor, que é uma claridade, um ato de graça em tê-lo por perto, uma proteção espiritual. Dizem que ele vem para trazer uma mensagem de cura para a humanidade e que é um curador de doenças emocionais. Dizem que o beija-flor nos ensina a suavidade do viver, que a proteção espiritual é certa, é forte e que seu poder é extremo. Talvez o beija-flor seja um animal de poder, talvez seja o portador de mensagens até porque dizem que, os Astecas acreditavam que os beija-flores eram a reencarnação dos maiores guerreiros, que era como um espírito, um ser que transitava entre esta matéria e o universo espiritual, talvez por serem criaturas tão livres e belas e tendo a magia de voar para cima, para baixo, para os lados e impressionante, conseguem ficar estacado no ar. Hoje eu estava em minha casa, na cozinha, sentada à mesa escrevendo um texto pensando em você Tuca, lembrando de nossos corpos se entregando nas noites infinitas, por ironia agora você está em outra dimensão... É surrealista. Mesmo assim ainda te desejo e o tenho em meus sonhos dourados e penso que um amor puro e verdadeiro não se acaba. A noite estava chegando devagar e me abraçava e a certo momento ouvi o bater de asas contra a luz brilhante, mas não ruídos de desespero e sim de suavidade. Talvez porque naquele momento estava escrevendo sobre o meu grande amor... além da vida. Meus olhos estavam inflamados por lágrimas que rolavam em minha face de menina. Eram lembranças tão vivas que eu podia até senti-las, paixão da minha vida. Dizem que em uma casa quando um beija flor adentra trás amor, saúde e felicidade e que o ser que está nesse torpor, nessa sintonia ser humano e beija flor tem um lugar especial. Dizem que ele sempre traz consigo muita sorte e vem distribuir essa alegria, na verdade é uma visita celestial, pois foi espontânea. Fiquei feliz por ter sido abençoada com uma visita tão linda e ilustre. Mas naquele momento petrifiquei-me e esperava, talvez, um beijo do meu beija flor. Imaginei quem poderia ser aquele ser minúsculo, mas ao mesmo tempo tão poderoso e celestial ou talvez quem poderia tê-lo mandado. Paixão te sinto de qualquer maneira e talvez pudesse ser você, tentando me ver e me consolar, até porque completará 13 meses que você se foi. Senti vontade de ser amiga desse beija flor, ou talvez sua amante, de convidá-lo para ficar comigo, morar comigo, ou para passar uns tempos em casa. Queria conversar com esse beija flor e conversei, carinhosamente. Disse que era bem-vindo, que podia ficar, pedi para não ir embora, mas não demorou muito para eu me tocar que se tratava de um pássaro. E pássaros são livres. Livres como eu gostaria de ser, e voam como eu gostaria de voar. Ele ficou poucos minutos, mas foi o tempo suficiente para que as minhas lágrimas secassem deixando-me feliz. A felicidade saia da minha alma, antes triste sentindo a sua falta paixão. Despedi-me do beija flor, mas já com saudades. Foi uma despedida sem beijos, mas em minha alma te senti presente Tuca! Acho que o beija flor veio somente me confortar e dizer para eu não chorar, dizer para eu viver a minha vida até nos encontrarmos. Talvez possa ter sido só um beija-flor desavisado, que entrou em minha casa por um acaso, mas pode ter sido a saudade de você, ou a inspiração que veio me visitar, decidida a ser notada e sentida. Em um certo momento como num passe de mágica, meu beija flor se foi. Todos os dias no final do dia eu o espero e tenho a nítida certeza que naquele dia talvez pudesse mesmo ter sido você paixão. E todos os finais de tarde sento à mesa, acendo a luz na intenção de atrair o meu beija flor, para guiá-lo até a mim e deixo a brisa me envolver na esperança de que ela traga você, que traga seu espírito e quem sabe transmudá-lo. Continuo sonhando, tendo você neles paixão, você é o alimento de minha alma. E nos dia seguintes ao amanhecer abro os meus olhos e acordo. Acordo para realidade presente e penso, saudade de você Tuca, mas você agora está livre, livre como aquele meu beija flor.

Um fogo devora um outro fogo. Uma dor de angústia cura-se com outra.

Como um gato de dorso arrepiado, arrepio-me diante de mim.

De todas as criaturas de Deus, somente uma não pode ser castigada. Essa é o gato. Se fosse possível cruzar o homem com o gato, melhoraria o homem, mas pioraria o gato.

Já não há meio ambiente... Mas preservemos o terço de ambiente que nos resta.

O homem é o suicídio da natureza.

1 - Poema para Chico Mendes

Fala baixo Chico.
Não grites.
As seringueiras irão chorar lágrimas brancas.
Lágrimas grossas de saudade de Francisco.
O Mendes.
Aquele que as rasgavam com tanta mansidão
E poesia para retirar-lhes a seiva
Que mais parecia um rasgo de elogio.
Um rasgo de amor.
Uma carícia de irmão agradecido pelo sustento
Que viria dali.
Fica Chico.
Senão o seringal não vai chorar apenas,
Irá uivar o uivo doloroso do adeus ao amigo
E companheiro.
Irá gritar para o céu da Amazônia que a esperança morreu.
Que o apelo do ativista parou.
Tua boca calou para sempre.
E seus olhos dormiram o sono do nunca mais.
Ah, Francisco,
Fala baixo para os gananciosos não o ouvirem.
Eles não perdoam.
Depois como vais peregrinar pela selva
Com o coração de guerreiro?
Nunca mais Chico,
Andarás com essa alma de gigante
Por entre os altos arbustos amazônicos
E a floresta vai morrer um pouco.
Elas sentirão falta do seu abraço protegido.
Daqueles que distribuías para defendê-las
Com teu corpo nos empates.
Fica em silêncio Chico que teu hino
De amor está ferindo interesses de alguns.
Eles não têm piedade e vão determinar tua partida.
Eterna.
Sem retorno do Mendes.
Nunca mais ouvirás o canto melodioso da cotovia.
E o inhambu vai piar sem teus ouvidos para escutá-lo.
Ouve Francisco,
Deixa de bobagem e dorme mais um pouco.
Não te levantes cedo demais para ires ao sindicato
Bradar ao mundo que eles matam a mata.
Eles irão te perseguir e a pontaria deles é tão certeira!
Não erram.
Vão disparar até que caias sem chance de levantar-te
Para mais uma vez
Penetrares nos caminhos recheados de folhas verdes
E musgos.
Melhor, não entres jamais no sindicato.
Ele não precisa de Francisco.
Volta a colher a borracha,
Simplesmente,
Assim como um seringueiro despretensioso e feliz.
O mundo é assim mesmo companheiro.
Queres mudá-lo para quê?
Nem conseguirás ser eleito para o preito que pretendes.
Tivesses sido talvez fosse outra a tua história.
Seria?
O cargo político te daria amparo?
Se desse Chico seria interessante o povo eleger-te.
Bem que mereceste!
Levantaste a voz bem alta ao ponto de ferir ouvidos.
Inquietar consciências.
Incomodar pessoas.
E quantas!...
Espera Francisco, mais um pouco na cama,
Hoje ainda são vinte e dois,
Falta pouco para o Natal.
Não queres ver mais uma vez o menino
Que nasce da tua fala de valente?
Depois os sapatinhos das crianças ficarão vazios,
E sem os teus abraços, também os corações.
Janeiro chegará com Lótus
Se abrindo em adoração Divina.
Estamos Francisco em 1988,
Vem por aí a virada do milênio,
O céu ficará cheio de rastros dourados
E com tantas promessas de vitória que até acreditaremos.
Então esquece um pouco esse seu caso de amor
Com a natureza e sossega menino.
Teu menino ficará sem o colo amigo do paizão querido.
E a menina entrará sozinha pela igreja
Ao som da Ave Maria.
Cadê teu braço para apoiá-la companheiro?
A mulher vai lamentar derramando água dos olhos tristes,
O amor que lhe foi tudo,
E a solidão será do tamanho da Amazônia.
Não.
Não abras a porta agora.
Volta para a cama.
Descobre que tens dor, qualquer uma.
Permaneça quieto.
Lá fora está tão sombrio e perigoso!
Teu banho pode esperar.
Tua vida pode prosseguir valente guerreiro.
Só não saias agora pela porta.
Talvez ele desista, vá embora e deixa para depois.
Aí podes pegar a mulher e as crianças e fugires.
Para onde?
Depois que o mundo é tão pequeno!
Que pena Chico!
Então adeus meu camarada.
Vai com Deus.

1 - Poema para Chico Mendes

Fala baixo Chico.
Não grites.
As seringueiras irão chorar lágrimas brancas.
Lágrimas grossas de saudade de Francisco.
O Mendes.
Aquele que as rasgavam com tanta mansidão
E poesia para retirar-lhes a seiva
Que mais parecia um rasgo de elogio.
Um rasgo de amor.
Uma carícia de irmão agradecido pelo sustento
Que viria dali.
Fica Chico.
Senão o seringal não vai chorar apenas,
Irá uivar o uivo doloroso do adeus ao amigo
E companheiro.
Irá gritar para o céu da Amazônia que a esperança morreu.
Que o apelo do ativista parou.
Tua boca calou para sempre.
E seus olhos dormiram o sono do nunca mais.
Ah, Francisco,
Fala baixo para os gananciosos não o ouvirem.
Eles não perdoam.
Depois como vais peregrinar pela selva
Com o coração de guerreiro?
Nunca mais Chico,
Andarás com essa alma de gigante
Por entre os altos arbustos amazônicos
E a floresta vai morrer um pouco.
Elas sentirão falta do seu abraço protegido.
Daqueles que distribuías para defendê-las
Com teu corpo nos empates.
Fica em silêncio Chico que teu hino
De amor está ferindo interesses de alguns.
Eles não têm piedade e vão determinar tua partida.
Eterna.
Sem retorno do Mendes.
Nunca mais ouvirás o canto melodioso da cotovia.
E o inhambu vai piar sem teus ouvidos para escutá-lo.
Ouve Francisco,
Deixa de bobagem e dorme mais um pouco.
Não te levantes cedo demais para ires ao sindicato
Bradar ao mundo que eles matam a mata.
Eles irão te perseguir e a pontaria deles é tão certeira!
Não erram.
Vão disparar até que caias sem chance de levantar-te
Para mais uma vez
Penetrares nos caminhos recheados de folhas verdes
E musgos.
Melhor, não entres jamais no sindicato.
Ele não precisa de Francisco.
Volta a colher a borracha,
Simplesmente,
Assim como um seringueiro despretensioso e feliz.
O mundo é assim mesmo companheiro.
Queres mudá-lo para quê?
Nem conseguirás ser eleito para o preito que pretendes.
Tivesses sido talvez fosse outra a tua história.
Seria?
O cargo político te daria amparo?
Se desse Chico seria interessante o povo eleger-te.
Bem que mereceste!
Levantaste a voz bem alta ao ponto de ferir ouvidos.
Inquietar consciências.
Incomodar pessoas.
E quantas!...
Espera Francisco, mais um pouco na cama,
Hoje ainda são vinte e dois,
Falta pouco para o Natal.
Não queres ver mais uma vez o menino
Que nasce da tua fala de valente?
Depois os sapatinhos das crianças ficarão vazios,
E sem os teus abraços, também os corações.
Janeiro chegará com Lótus
Se abrindo em adoração Divina.
Estamos Francisco em 1988,
Vem por aí a virada do milênio,
O céu ficará cheio de rastros dourados
E com tantas promessas de vitória que até acreditaremos.
Então esquece um pouco esse seu caso de amor
Com a natureza e sossega menino.
Teu menino ficará sem o colo amigo do paizão querido.
E a menina entrará sozinha pela igreja
Ao som da Ave Maria.
Cadê teu braço para apoiá-la companheiro?
A mulher vai lamentar derramando água dos olhos tristes,
O amor que lhe foi tudo,
E a solidão será do tamanho da Amazônia.
Não.
Não abras a porta agora.
Volta para a cama.
Descobre que tens dor, qualquer uma.
Permaneça quieto.
Lá fora está tão sombrio e perigoso!
Teu banho pode esperar.
Tua vida pode prosseguir valente guerreiro.
Só não saias agora pela porta.
Talvez ele desista, vá embora e deixa para depois.
Aí podes pegar a mulher e as crianças e fugires.
Para onde?
Depois que o mundo é tão pequeno!
Que pena Chico!
Então adeus meu camarada.
Vai com Deus.

Não quero flores no meu enterro, pois sei que vão arrancá-las da floresta.

Quando de noite ele me chamar para a atração do inferno, irei. Desço como um gato pelos telhados. Ninguém sabe, ninguém vê. Só os cães ladram pressentindo o sobrenatural.

Se meus olhos mostrassem a minha alma, todos, ao me verem sorrir, chorariam comigo.

Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... Magoar alguém é terrível!

Depois eu lembrei que todo mundo passa mas ninguém fica e tive vontade de chorar o choro mais longo e pesado do mundo.