Coleção pessoal de AntonioPrates

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⁠A elegância não tem nada a ver com o estatuto social, com o peso das pessoas ou com as roupas que se vestem, a elegância é um estado de alma.

⁠Tudo o que começa por interesse, por interesse termina.

Costumamos dizer que "as pessoas não precisam dos outros quando têm algum dinheiro." Esse conceito, além de estar muito longe da verdade, contribui ainda mais para o egoísmo das pessoas, para a desunião das famílias e para a solidão de quase todos.

⁠⁠Com o distanciamento social as pessoas passaram a conhecer-se melhor a elas próprias, mas leva-me a crer que algumas não se suportam.

⁠⁠⁠Personagens fortes, diálogos marcantes, contexto atual, conclusão coerente com o desenvolvimento da narrativa, destaque para um chavão surpreendente, e a minha nota para hoje é de cinco.

Quando o mal se cobre com a aparência do bem, não pode dar mais do que aquilo que tem.

⁠Um dia um amigo disse-me que a sociedade se divide em dois grupos de pessoas: as que trabalham e as que procuram o mérito. Aconselhou-me ainda a permanecer no primeiro grupo, porque lá as pessoas são melhores e a concorrência é menor.

⁠⁠A inveja é uma prisão
e um tal desassossego,
que na minha opinião
se fosse uma profissão
não havia desemprego.

⁠Será Natal onde não há grandes festas?
Será Natal onde as ruas não estão iluminadas?
Sei que é Natal nessas praças enfeitadas,
e que é mais Natal onde há grandes "orquestras".

Onde uma criança não tem pão, não pode haver consoada;
onde um mendigo passa frio, o Natal é mais escuro!
Tampouco será Natal onde um coração é duro,
nem tampouco terá Fé quem não acredita em nada.

E por vermos andar os outros, fazemos o nosso Natal,
com presépios e estrelas da divina ostentação;
e desta maneira, ninguém quer uma festa igual às dos outros,
que, com garbo, também querem distinção.

Não obstante, com mais de dois mil anos de atraso,
numa modesta manjedoura dos arrabaldes de Belém,
se Jesus Cristo levantar a cabeça, por acaso,
constatará que o seu Natal não é quase de ninguém.

⁠Passa um gato pardo atrás dum gato preto,
voa qualquer ave, sem fazer a rima,
e junto à menagem ergue-se o aspecto
dessa velha torre, de baixo pra cima.

Logo atrás da porta das pedras antigas,
ouve-se a conversa bem junto à muralha,
que, com ladainhas das velhas cantigas,
saem veredictos rectos a quem calha.

Ganha o futebol sempre dez a zero,
quando a voz se faz a grandes alturas,
mas se a voz é baixa, vencem as usuras
daqueles que pouco têm de sincero.

Onde não há novos, ganham sempre os velhos,
captam qualquer coisa, num raio influente,
e aonde a conversa se põe de joelhos,
espantam-se aqueles que são boa gente.

⁠Valente chão que me dizes
novidades da descrença,
nesse teu campo grisalho;
falas de seres infelizes,
sem confiança nem crença,
pedindo pão e trabalho.

Valente chão que me fazes
ser como o chão que tu és:
trigueiro, ermo e enxuto;
falas dos tais capatazes,
dos capitães das ralés,
com muitas falas de luto.

Valente chão que carregas
fardos de tais desertores,
cumulas culpas e faltas;
és contentor das bodegas
desses tão pobres-feitores
dessas patentes mais altas.

Valente chão sem emenda,
sem pegadas de mudança,
sem justiça e sem apuro;
pede a um deus que te atenda
com a tocha da esperança
para os pobres do futuro.

⁠De política pouco entendo,
mas uma versão somítica
diz-me o pouco que aprendo
a respeito de política.

I
Neste mundo de artifício,
cabem todos os que querem
as licenças que lhes derem
em favor do benefício,
e as finuras do ofício
são água que vai correndo
para as leis que vão cosendo
pró bem-estar e prá miséria,
porém, eu, nesta matéria,
de política pouco entendo...

II
Quando oiço, em certos tons,
o clamor do tabernáculo,
me parece um bom espectáculo
a favor dos “homens bons”…
e como são belos os tons,
em versão sempre analítica,
sobre a causa Neolítica
discutida sempre a rodos,
que deixou de ser de todos,
mas uma versão somítica…

III
Portanto, em conformidade
com o ganho e o conforto,
a politica é um desporto
e um culto de vaidade,
dando uso à qualidade
do que, assim, vai promovendo
ante as causas que defendo
dentro da minha justiça,
porém, a razão postiça
diz-me o pouco que aprendo…

IV
Talvez seja eu o culpado,
por não ter cumplicidade
com a lei da pravidade
onde o mau é bem tratado,
ou por ser mais desligado
da rotina quase mítica
destinada à boa crítica
(com dobrez e a podre paz)
a quem pouco ou nada faz
a respeito de política...

António Prates – 16/06/2016

⁠Toda a arte, no futuro,
há-de ter na inspiração
qualquer coisa de obscuro
para ter aceitação.

I
Do modo que a evolução
toma conta dos humanos,
de pouco valem os planos
por obséquio à união…
e no meio da confusão
vai-se o génio do ar puro
para o negro quarto escuro,
onde a arte pouco medra,
e será feita de pedra
toda a arte, no futuro…

II
Meu perdão às esculturas,
de talento absoluto,
oposto da pedra em bruto
que citei nas conjecturas
destas linhas mal seguras
ao fim da premonição,
dedicada à multidão
que me mostra, na remessa,
o que o monstro, sem cabeça,
há-de ter na inspiração…

III
E haverá num só poeta
muitos ais enfurecidos,
como os cromos repetidos
da mais longa caderneta…
bramirá todo o planeta
os rugidos que auguro,
de cabeça contra o muro
da fronteira irracional
Deixando ver, afinal,
qualquer coisa de obscuro…

IV
Nas árias inteligentes,
as notas são escusadas,
se o barulho das cabeçadas
são graves e estridentes...
os sinais são evidentes,
ante a turva ebulição,
destinada à profusão
do humano em estado bravo,
e o artista será escravo
para ter aceitação...

António Prates

⁠Entrei no arraial da pandemia,
senti na multidão almas perversas,
com ódio a escorrer pelas conversas,
não vi um só sinal de bonomia.

Malfadada será sempre esta avaria,
desditoso será sempre este flagelo,
que nos mostra, por debaixo do cabelo,
a sequela mais funesta e mais sombria...

E assim, neste arraial de cada dia,
tudo serve para entrar no cataclismo,
a soberba, a excludência, o egoísmo,
a miragem de uma outra ideologia.

⁠Triste mundo este, onde os seres humanos estão a ficar cada vez mais loucos, por causa de uma pandemia de intolerância e de ódio.

⁠Das mentalidades de ferro não pode sair outra coisa a não ser ferrugem.

As pessoas coscuvilheiras e maldizentes são como os grilos. Fazem muito barulho ao longe, mas quando te aproximas ficam caladinhas.

Hoje sou uma criança,
embebida de esperança,
neste nosso paraíso...
Vejo as ruas coloridas,
por pessoas divertidas,
com amor e um sorriso...

Vejo até os passarinhos,
entretidos nos seus ninhos,
a fazerem criação...
E os borregos no rebanho,
sem acharem nada estranho,
junto às prendas que lhes dão...

Vejo alegria a rodos,
numa festa para todos,
diversão a toda a hora...
Como os bandos de perdizes,
onde todos são felizes
e ninguém fica de fora...

Na criança que há em mim,
vejo este dia assim,
entre achados e perdidos...
Perguntando ao pensamento:
como será cada rebento,
quando forem mais crescidos?

⁠Na boca do povo, os nossos defeitos fazem sempre mais barulho do que as nossas qualidades.

⁠Tudo muda quando o mundo parece mudar, sem mudar coisa alguma. Quem são os poetas? Seres desventurados e de rebelião. Almas que não jogam em lotarias, totolotos, euromilhões ou raspadinhas, e as grandes filas permanecem quase iguais, sem se notar sequer a sua ausência. Fernando Pessoa pereceu louco, Florbela Espanca faleceu em desespero e Luís de Camões finou-se de fome. Os decretos sociais remetem os verdadeiros poetas para os mais modestos tugúrios, para os oportunismos em seu nome, para os trabalhos forçados, para os sapatos rotos, para as calças rasgadas e para as camisas laceradas pelo tempo, num tempo que não muda, nem nunca vai mudar.